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Matias Mendes

VILIPÊNDIO DE PATRIMÔNIO: Quadro Triste de Guajará-Mirim


Por MATIAS MENDES

Para que não digam que não falei de minha aldeia, que só me preocupei com as falcatruas do Roberto Sobrinho e sua quadrilha de escroques, vou tratar um pouco da cidade de Guajará-Mirim, escrever algumas coisas que, sinceramente, não gostaria de escrever, mas os fatos são fatos, não podem ser escamoteados, não podem ser negados, não podem ser omitidos sob pena de nos tornarmos cúmplices dos desmandos por omissão.

Como já foi afirmado em outra oportunidade, a única explicação possível para a situação caótica da cidade de Guajará-Mirim é pela via do mistério das caveiras de burros enterradas nas cercanias da antiga estação ferroviária da cidade. Não há outra explicação para tanto atraso em uma cidade de localização geográfica estratégica, bem consolidada historicamente, que já foi muito próspera, que está localizada em uma bela planície, que tem um porto internacional, mas que atualmente está quase isolada do resto do País por conta do estado precário da BR-425, arruinada pela malandragem fiscal das grandes carretas que trafegam carregadas de ida e volta apenas para carimbar notas na Área de Livre Comércio e revender as mercadorias em outras partes do Estado ou até mesmo fora do Estado. Até mesmo a maioria das ruas da cidade antes tão bem cuidadas estão em petição de miséria, esburacadas, com imensas crateras que tornam difícil o trânsito até de simples bicicletas, tudo por conta do tráfego desordenado das pesadas carretas pela área urbana da cidade, não existe nenhuma forma de disciplinamento do trânsito de grandes veículos, as carretas fazem o que bem seus condutores entendem, circulam em qualquer horário por qualquer rua, não raro provocando acidentes com os pequenos veículos por conta das ruas entulhadas de monstrengos.

Enfim, com suas taperas localizadas no centro antigo, não há muito que se possa falar de positivo sobre a cidade de Guajará-Mirim, que já ostentou, com toda justiça, o pomposo título de Pérola do Mamoré, mas que hoje não passa mesmo de um amontoado de ruínas, sem hospitais, sem linhas aéreas para usar o seu aeroporto com pista onde podem pousar aviões de grande porte, sem linha regular de navegação para aproveitar a hidrovia navegável nas cheias até Vila Bela da Santíssima Trindade, praticamente sem estrada, pois a arruinada BR-425 não passa hoje de um acidentado varadouro antigo, muito pior que nos tempos em que a estrada não era pavimentada, mas, sobretudo, sem esperanças de dias melhores. A certeza que há em Guajará-Mirim hoje é a de que o que está ruim será pior no futuro e o pouco que resta de bom será fatalmente ruim daqui a algum tempo.

Na praça que existe no porto, reformada há pouco tempo, aconteceu a famosa emenda pior que o soneto. A antiga estação ferroviária, onde antes funcionava o Museu da cidade muito bem administrado pelo franco-brasileiro Cláudio Furlanetto, foi reformada também há pouco tempo, mas está fechada, deteriorando-se já, sendo depredada por vândalos, com o agravante de que não deixaram um conveniente escoamento para as águas pluviais, fato que ocasionou a formação de um pequeno lago sobre o leito do trilhos, tornando-se perigoso criatório de mosquitos, conforme me foi mostrado recentemente por um funcionário público que trabalha na área da Alfândega do Porto Oficial. Toda a área das cercanias do Porto apresenta aspecto deplorável, vergonhoso cartão de visita para a cidade por onde transitam todos os dias milhares de pessoas que se dirigem à próspera cidade boliviana de Guyaramerín, do outro lado do rio Mamoré, que até parece uma cidade do Primeiro Mundo quando se compara às ruínas da cidade brasileira. E o contraste só não é mais deprimente porque do outro lado da fronteira temos um vizinho que está entre os países mais pobres e menos desenvolvidos da América do Sul. Imagine-se se do outro lado do rio estivesse uma cidade chilena, argentina ou uruguaia...

Mas como os latinos diziam que abyssus abyssum invocat, ou seja, que abismo chama mais abismo, que desgraça atrai mais desgraça, os munícipes de Guajará-Mirim estão literalmente apavoradas com as recentes notícias de que os integrantes da quadrilha de Roberto Sobrinho serão aproveitados como quadros petistas na Prefeitura Municipal de Guajará-Mirim. Segundo Candury, influente membro do PMDB, um dos poucos homens ainda muito ricos em Guajará-Mirim, dizem até que mais rico que Roberto Sobrinho, a absorção dos petistas defenestrados da Prefeitura de Porto Velho pela administração de Dúlcio Mendes é coisa certa. Eu já não duvido de nada mesmo em se tratando do pessoal do PT. Parece que as caveiras de burros enterradas na cidade não são apenas lendas urbanas...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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