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Montezuma Cruz

Biomassa dá vida a solos empobrecidos na Amazônia


 
 
 
Biomassa dá vida a solos empobrecidos na Amazônia - Gente de Opinião

Seleção de manivas e corte corretamente feito garantem o êxito do Trio da Produtividade na região nordeste do Pará /M.CRUZ



MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
 
BRASÍLIA – Roça sem fogo e Trio da Produtividade, dois arrojados programas da Embrapa Amazônia Oriental prosperam nos municípios de Capitão Poço, Ipixuna do Pará, Ourém, Paragominas e Santarém, na região nordeste do Pará. A informação foi transmitida hoje, com entusiasmo, pelo pesquisador Raimundo Nonato Brabo Alves. Ele está satisfeito com a aceitação dessa concepção conservacionista por pequenos agricultores.
 
– Tem semanas que os sete dias são pouco para atender as demandas – comenta Brabo Alves, que é coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no Baixo Tocantins.
 
Ele vem prestando consultoria a um grupo empresarial que apresentou projeto ao Banco da Amazônia (Basa) para a instalação da primeira de uma série de fecularias que o grupo deseja possuir. 

30 a 40 t por hectare
Biomassa dá vida a solos empobrecidos na Amazônia - Gente de Opinião

Pesquisador Brabo Alves comemora a expansão do programa, o que possibilita margem bruta de lucro de R$ 2,5 mil. Ou seja, para cada R$ 1 investido há um retorno de R$ 1,43 ao agricultor familiar /M.CRUZ



A expansão do projeto é hoje uma rotina no Pará. A Embrapa utiliza nas roças sem fogo uma fresa desenhada por técnicos das universidades federais de Göttingen e Bonn, na Alemanha. Ela trabalha com mil rotações por minuto em capoeiras com cinco a seis anos de idade, obtendo um rendimento de 30 a 40 toneladas de biomassa por hectare. É o que acontece, por exemplo, no município de Igarapé-Açu, a 117 km de Belém.

Segundo o coordenador do Projeto Tipitamba, o pesquisador Oswaldo Kato, a regeneração da área de capoeira se deve em 80% à raiz que permanece na área. A técnica da Roça Sem Fogo consiste no preparo de área com corte da vegetação da capoeira rente ao solo, seguido do inventário das espécies de valor econômico – fruteiras e essências florestais – para preservação no roçado e posterior retirada do material lenhoso e picotamento da vegetação na superfície do solo, para o plantio da maniva-semente, no espaçamento de 1m x 1m e capina manual durante 150 dias após o plantio da mandioca, seguindo as orientações do Trio da Produtividade da Mandioca.

Em solos de baixa fertilidade, os cultivos de espécies fruteiras são supridos pela biomassa, com grande ganho na estabilidade da produção.
 


Maniva selecionada e mercado garantidos
 
BRASÍLIA – Na unidade demonstrativa de Guarumã, o analista da Embrapa Moisés de Souza Modesto Junior constatou a utilização de 69 homens por hectare/dia no preparo da área sem uso do fogo.
 
A seleção da maniva-semente, esquadrejamento da área, abertura de covas e plantio da mandioca no espaçamento de 1m x 1m, necessitou do trabalho de 20 homens/dia/ha. Já os tratos culturais executados nos cinco primeiros meses de cultivo da mandioca, corresponderam a duas operações de desbrota dos tocos das árvores que foram cortadas rente ao solo, seguida de uma capina manual completa e uma de repasse, cujas operações foram realizadas por apenas 19 homens/dia/ha.
 
Estimou-se por ocasião da colheita que foram necessários 23 homens/dia/ha para a operação e considerando a diária de R$ 15,00, resultou num custo total de cultivo de R$ 1.965,00/ha.
 
Este roçado foi colhido no dia 1º de fevereiro de 2010, aos 12 meses de idade, com uma produtividade de 25,20 t/ha da variedade Juvêncio, amplamente cultivada pelos agricultores de Guarumã.
 
Modesto Junior fez uma simulação econômica, considerando a venda total das raízes de mandioca para a fecularia Amazon Amidos que opera em Moju, a cerca de 80 km da propriedade. A cultivar Juvêncio apresentou 22 % de teor de fécula e considerando a grama no valor de R$ 0,46, equivale a R$ 170,20/tonelada de raiz entregue na fecularia.
 

Opção por farinha
 
– Com esses indicadores é possível obter uma receita bruta de R$ 4.337,04 – explica o analista.
 
– Descontando-se desse valor o custo de produção de R$ 1.965,00 e o frete de R$ 806,40, é possível uma margem bruta de R$ 1.565,64 – ele calcula. Para cada R$1,00 investido retorna R$ 1,56 ao agricultor familiar.
 
O agrônomo lembra que a opção pela produção de farinha possibilita a fabricação de 104,00 sacos de 60 kg. O preço médio do saco em Acará alcançou R$ 80,00 e resulta em uma receita bruta de R$ 8.381,33.

– Descontando-se desse valor o custo de produção de R$ 1.965,00, o frete R$ 156,25, os custos com embalagem em R$ 88,54 e o custo de fabricação de farinha de R$ 3.645,83, obtém-se uma margem bruta de R$ 2.525,71 – acrescenta. Para cada R$1,00 investido há um retorno de R$ 1,43 ao agricultor familiar.
 
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Pequenos agricultores deixaram de pôr fogo na floresta, consorciando mandioca, pimenta longa e fruteiras áreas de capoeira /M.CRUZ

 
 
Com 37 mil hectares de mandioca,
Acará recebe o apoio do Sebrae
 
BRASÍLIA – Dados do IBGE revelam que o município de Acará foi o maior produtor de mandioca do Brasil em 2008, com uma área plantada de 37 mil ha e uma produção significativa de 592 mil toneladas de raiz, com uma produtividade média de 16 t/ha.

O Centro de Resultado do Sebrae em Abaetetuba está apoiando a organização e gestão associativa dos agricultores, a distribuição e a comercialização dos produtos da mandioca. Também se dedica a melhorar a qualidade da farinha produzida por Associações de Agricultores do município de Acará que precisam aumentar a competitividade na comercialização dos produtos produzidos.
 
O Sebrae nacional aprovou em outubro de 2008 o projeto de transferência tecnológica para a produção mandioqueira no Baixo Tocantins. O projeto envolveu ainda a instalação e a condução de unidades demonstrativas sobre preparo de área sem uso do fogo e técnicas de manejo estabelecidas pelo Trio da Produtividade na cultura da Mandioca. (M.C.)
 
 

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