Sexta-feira, 24 de julho de 2020 - 15h57
Entregamos um jovem e recebemos um morto, mas é um morto que fala e continua pregando através da repercussão desse fato, e temos certeza que ele está no Céu depois dessa vida de doação.
Hoje, 24 de julho, faz 35 anos o assassinato do missionário comboniano* Ezechiele Ramin, que morava em Cacoal e se dedicava a defender indígenas e posseiros naquela região.
Essa mensagem fora enviada de Pádua (Itália) pelos pais do padre Ezechiele Ramin, tão logo receberam a notícia da morte dele, aos 32 anos, no chão da porteira de uma fazenda na divisa de Mato Grosso com Rondônia. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cacoal, Adílio de Souza, também foi ferido, mas escapou.
Uma semana antes do acontecido, o repórter esteve com Ezechiele no distrito de Riozinho [antiga sede do posto indígena da Funai com jurisdição sobre a região do Aripuanã]. Ele estava animado com o trabalho da Igreja Católica intitulado “O lavrador entra na Constituinte”. A nova Constituição Brasileira seria aprovada em 1988, três anos depois da morte do padre.
Em 24 de julho de 1985 o governador Ângelo Angelim colocava a polícia civil no encalço dos assassinos de Ezechiele, investigando a cena da tocaia na Fazenda Catuva, no município de Aripuanã (MT). Dias depois, os participantes da execução a tiros de carabina Winchester seriam presos.
A camisa ensanguentada e toda furada de balas ficou horas na delegacia regional de Ji-Paraná, onde “acampei” 48 horas, à espera das investigações.
Depois de velado numa procissão pelas ruas de Cacoal, o corpo do padre foi enviado para Pádua (Itália) e sepultado pela família. Os assassinos, jagunços a serviço dos fazendeiros, foram levados para a Penitenciária do Carumbé, em Cuiabá.
Segundo o padre comboniano Pedro Bracelli, a Comarca Cuiabá julgou dois processos. Condenado, um dos mandantes fugiu. Poucos meses depois da morte de Ezechielle houve um desafio entre colonos e fazendeiros, e um deles, Omar Pires Bruno**, denunciado como responsável pelo assassinato, morreu numa emboscada, na própria fazenda.
POBRES MATANDO POBRES
Diz o site Missionários Combonianos: "Naquele tempo, eram muito comum os pistoleiros. Matar gente, para alguns, havia se tornado uma profissão que rendia uma diária maior do que o trabalho do campo. Os pistoleiros eram contratados, de maneira sigilosa, entre os próprios trabalhadores rurais. Portanto, podemos afirmar que os poderosos usavam os pobres para matar aos mesmos pobres, a fim de manter seus interesses egoístas e gananciosos de acumular terras e criar fazendas".
Nas páginas 68 a 72 do meu livro Do jeito que vi, descrevo a violência contra indígenas e posseiros em 1985, nos capítulos: “Morto, padre Ezechiele vira símbolo” e “Matavam por 300 mil cruzeiros”
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* Pertencente à Comunidade Missionária Comboniana, da Igreja Católica. Essa comunidade foi fundada por Daniel Comboni, que deu a vida pela África e foi canonizado pelo Vaticano, tornando-se um dos santos da Igreja. Missionários Combonianos chegaram ao Brasil em 1952.
** Omar Pires Bruno foi morto a tiros de espingarda calibre 20, em 6 de novembro de 1985, quando levava comida para seus peões. Com ele também morria o capataz Ademar de Oliveira Souza, a tiros de revólver calibre 38. Os pistoleiros Deuzélio Fraga, 29 anos na época, e Altamiro Flauzino, 22, cumpriram pena em Cuiabá, condenados pela morte do padre. Mandantes do crime não chegaram a ser presos.
Conheça o martírio do Padre Ezechiele. Clique aqui
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