Quarta-feira, 13 de junho de 2018 - 15h22
PLATENSIS
Comparado ao tamanho de um rinoceronte, o toxodonte
também ficou conhecido por platensis, provavelmente relacionado à região
de Plata, na Argentina. Seus fósseis já foram encontrados em associação
com pontas de flechas. O fim da espécie seria consequência de caçadas
praticadas pelos primeiros indígenas da América do Sul.
Ele foi o
último representante de um grupo de mamíferos com cascos exclusivo da
América do Sul, os notoungulados. O crânio tinha 70 cm de comprimento e a
dentição era característica de animais de pasto.
Devido às
rochas duras no rio Madeira, a preservação é raríssima, explicou Ednair.
“Essas rochas não favoreceriam o trabalho, mas contrapondo à
preservação científica, foi possível manter essas características
extraordinárias”.
Nesse rio houve preservação de partes moles
[pele, cérebro e tegumentos]. “Elas são as mais difíceis de preservar
por causa do rápido processo de decomposição, mas também podem ser
encontradas”, explicou Ednair.
ARARA E PERIQUITOS
Das
cavas dos garimpos de Araras [margem direita do rio Madeira, no Km 40 da
BR-425, em Nova Mamoré] e Periquitos, o desmonte feito com bomba
hidráulica possibilitou o recolhimento da maior parte do atual acervo
organizado pelo Museu da Memória.
O Museu já catalogou 55 peças,
entretanto, eles só serão expostos após a limpeza que será feita com
martelo e talhadeira em camas de areia com sacos de algodão.
Segundo
Ednair, existem técnicas mais sofisticadas, entre as quais, o uso do
martelo percursor e do vibrator dremel, de alta velocidade e rotação,
semelhante à broca do dentista.
Crateras abertas por esse
desmonte comprometeram parte da rodovia que vai até Guajará Mirim. Nas
áreas esburacadas apareceram fósseis de mastodontes e tatu-gigante,
entre outros. Destruída parte da bacia, os fósseis foram contrabandeados
ou dados como souvenirs.
LIVRO DE REGISTRO
Felizmente, para sorte de Rondônia e de seus estudantes de paleontologia, já é possível algum resgate.
Geólogos
da ABM receberam e armazenaram por mais de 30 anos a herança deixada
pelos garimpos, lembrou a diretora. Mas não foi só isso, ela conta:
“Temos recebido ligações telefônicas de pessoas dispostas a doar peças
que guardaram em casa”. Geralmente, são garimpeiras ou parentes.
Um livro de registro encontra-se à disposição de famílias doadoras. Nele constará o nome do doador.
(*)
Referente a paleolítico [pedra, pedra antiga], ou Idade da Pedra
Lascada, período da pré-história que começou há cerca de 2,5 milhões de
anos, quando os antepassados do Homem começaram a produzir os primeiros
artefatos em pedra lascada, destacando-se de todos os outros animais. A
Era durou até cerca de 10 mil a.C., quando houve a chamada Revolução
Neolítica, em que a agricultura passou a ser cultivada, tornando o homem
não mais dependente apenas da coleta e da caça.
(**) Última
época do antigo período Terciário (atual Neogeno) da era Cenozoica. Está
compreendido entre cinco e dois milhões de anos.
► A equipe de
catalogação dos fósseis é formada pela diretora do Museu da Memória,
paleontóloga Ednair Rodrigues, e pelas acadêmicas de biologia da
Universidade Federal de Rondônia, Cleci Vebra e Juliana Lopes.
MUSEU DA MEMÓRIA
Palácio Presidente Vargas, centro, funciona a partir de 7h30
SE FOR DOAR UM FÓSSIL, LIGUE PARA:
69 984440062