Domingo, 26 de junho de 2016 - 15h17
Casa da família de Pedro Gomes de Araújo, no Seringal Babilônia (Acre), que visitei em 2010 /Montezuma Cruz
Montezuma Cruz
Em Porto Velho
Amazônia adentro, a casa de caboclo me desperta. Ele vive ali o seu mundo, devotado a santos, apegado à família, amizades sinceras, alimentos sadios.
Quase sempre ao lado das casas de caboclo erguem-se palanques, onde se fazem hortas, a fim de livrá-las das enchentes. A esses palanques chamam comumente jiraus e, quando são grandes, podendo conter além de hortas pequenos currais de gado, denominam-se marombas.
Joaquim Ribeiro, em Os Brasileiros, ensina: a iluminação das casas de caboclo ainda é feita com candeias e lamparinas, alimentadas com azeite de andiroba. A andiroba é, pois, uma das árvores mais úteis da Amazônia.
Luz a vela resiste no seringal
Não raras vezes, quando a cheia é violenta, essas marombas são arrastadas pela correnteza como verdadeiras ilhas flutuantes. Na Amazônia, na hora do pôr-do-sol, o caboclo costuma fechar a casa e fazer em torno dela a fumaça. É uma prática destinada a afugentar os carapanãs, os terríveis mosquitos da região beira-rio.
Quem se aproxima de uma casa de caboclo tem logo atenção voltada para os xerimbabos, que constituem a criação caseira. São bichinhos domésticos ou domesticados: papagaios, araras, passarinhos e outras aves, jabotis. Entre eles figuram os macacos. O mais comum, o barrigudo, com o qual as crianças gostam de brincar.
Bem estimados são outras castas de macacos: o coatá, apreciado pela carne saborosa; o macaco-prego, o macaco inglês de pelo avermelhado, também chamado caiarara, o macaco cabeludo ou parauacu e o macaco de cheiro, bastante catinguento.
Os saguis numerosos vivem soltos pela habitação. Entre os xerimbabos costumam ter uma jibóia, cobra escura de pintas negras. Não é venenosa e defende a casa contra os ratos. Dizem os caboclos que a jibóia, por vezes, alcança cerca de 12 metros e, depois de velha, foge para o fundo do rio e nunca mais volta.
Tipiti [feito de talas] separa a goma de tapioca e o tucupi /Baeturismo
Uma nota típica da casa de caboclo é a riqueza de cestaria. Os cestos são os móveis do homem da Amazônia. Geralmente fazem os cestos com os talos de arumanduba ou de jacitara. É pitoresca a variedade desses cestos.
O uru, feito de talos, com tampa, serve para guardar miudezas: cachimbo, tabaco, fósforo etc. Nos paneiros, grandes ou pequenos, guardam farinha d'água. Os aturás, da forma dos paneiros, destinam-se a conduzir da roça à casa mandioca e outros produtos da terra. Para transporte de roupas nas viagens usam-se cestos cônicos, chamados panacus.
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