Sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017 - 12h36
O representante da empresa de capital holandês, Van Leeuwen, duvidava que o amor-perfeito se desenvolvesse a contento em Porto Velho.
– Não dá? Vem aqui ver – desafiou-lhe o produtor Sylvio Cézar Romera.
– Na outra semana vou aí – prometeu-lhe o funcionário.
E foi, deparando-se com o sistema de adubação e cultivo dessa e de outros 180 tipos de flores. Disse-lhe, então:
– Acreditem, vocês têm tudo para se tornarem os maiores produtores de flores do Norte do Brasil.
A persistência do casal Sylvio Romera e Graciele Auxiliadora Souza de Oliveira, proprietários da Rondoflores, resultou em modelo eficaz de produção numa chácara da zona Leste. Ele é técnico agrícola, ela formou-se em administração.
A Empresa Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) tem contribuído na formulação de cadastro bancário, histórico de empresas e de agricultores familiares da zona Leste da capital. Seus estudos são também enviados ao Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), em Brasília, para a obtenção de financiamentos.
A variedade de amores-perfeitos é muitas vezes descrita como flores com rostos. Suas pétalas ficam retas e formam um padrão que lembra uma face. Embora venham em várias cores – roxo, dourado, laranja e violeta – essencialmente há dois tipos: os de uma só cor sólida e os de centro escuro com bordas mais claras.
São plantas bienais, florescem duas vezes e vivem até dois anos, entretanto, costumam ser tratadas como anuais. Graciele elogia: “É uma flor resistente quando plantada em vasos, ou entre outras flores de primavera, como as tulipas. Já a rosa do deserto desperta paixão nas pessoas.”
O COMEÇO COM R$ 1 MIL
Para iniciar o negócio “com a cara coragem”, na chácara de sete hectares, conforme suas palavras, Sylvio tomou emprestados do sogro R$ 1 mil. Nem passou pela porta do banco. Com a renda que foram conseguindo, ele e Graciele adquiriram mangueiras, sombrite, torneiras, estufas e custearam pessoal e energia elétrica.
Apenas três mini estufas abrigavam as primeiras sementes e mudas. “Quando chovia, a gente corria e baixava o plástico para não estragar a planta. Não havia energia elétrica, apenas água de poço”, conta Sylvio Romera.
E assim sucederam-se dez meses de árduo trabalho até que eles instalaram os primeiros equipamentos e perfuraram um poço artesiano.
Atualmente, 600 mil mudas de flores se desenvolvem nas estufas irrigadas diariamente por um sistema individual de gotejamento que também distribui o adubo.
Nos canteiros começam a vicejar flores para o Dia das Mães, comemorado no segundo domingo de maio. Graciele de Oliveira garante: “Sempre vendemos toda a produção”.
A empresa consolidou seu mercado em Porto Velho fornecendo diretamente para os supermercados, inclusive de Rio Branco (AC), e alguns compradores estabelecidos na Central de Abastecimento S/A (Ceasa) em São Paulo.
Em vasilhames a partir de R$ 5 até R$ 50, a Rondoflores abastece supermercados com vasos e potes assim numerados: 11, 15, 20 e 30; e por unidades, aos viveiros.
Graciele lembra que em maio do ano passado, vendedores da Ceasa, da Floricultura Holambra e de empresas de Campinas (SP) vieram conhecer a chácara, onde o expediente de trabalho também acontece aos sábados e domingos.”No momento somos poucos, e as atividades são muitas”, ela comentou.
IXÓRIA E ROSA DO DESERTO
A produção de ixória, que tem quatro variedades e enfeita os canteiros da avenida Jorge Teixeira e a praça do Palácio Rio Madeira (sede do governo estadual) e diversos espaços na capital, produz apenas quatro meses para crescer em território paulista. Já em Porto Velho sua safra ocorre o ano todo.
A ipatins nasce em oito cores diferentes. A rosa do deserto também. Tem do branco ao vinho escuro e diferentes tons de rosa e vermelho. Muitas variedades apresentam mesclas e degrades do centro em direção as pontas das pétalas. Existem ainda variedades de flores dobradas, triplas, quádruplas e quíntuplas. É herbácea, suculenta, de aspecto escultural e floração exuberante, e suas plantas adultas variam de dois a 15 anos de idade.
Para dar conta de manter o atual volume, a empresa precisa de capital, “pelo menos R$ 100 mil”, conforme estimou Sylvio Romera.
O Banco da Amazônia S/A (Basa) autoriza financiamentos, desde que os chacareiros sejam titulares dos lotes. A propriedade legalizada proporcionaria mais empregos, alertam os proprietários.
“Já tivemos 16 funcionários, hoje estamos com quatro, e o ideal para dar conta dessa estrutura são no mínimo 50”, ele comenta.
A necessidade de ampliar o quadro de pessoal é grande. Exemplo disso são as cortinas das estufas, que são fechadas manualmente ao entardecer e os cuidados que se deve ter com o chamado fotoperíodo, porque algumas plantas germinam e crescem melhor em dias longos e noites longas.
A Emater oferece cinco anos de assistência técnica para todos os empreendimentos beneficiados pelo crédito fundiário. “Sempre prevendo que os programas nacionais de aquisição de alimentos e de alimentação escolar sejam clientes em potencial; basta ver a lei determinando que 30% devem sair da agricultura familiar”, lembra o gerente.
COMO ESTÁ O MERCADO NACIONAL
Em média, a floricultura comercial brasileira cresceu 10% no período de 2008 a 2011, nas quantidades ofertadas, e 15% ao ano em valor de vendas.
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae), em 2013, o mercado nacional de plantas e flores ornamentais movimentou R$ 5,22 bilhões, com taxa de crescimento de 8,3% em relação ao faturamento total auferido no ano anterior.
Segundo o Instituto Brasileiro de Flores (Ibraflor), somente em datas comemorativas o setor surpreende a cada evento. Assim, em 2015 o comércio de flores faturou R$ 6 bilhões, enquanto em 2014 chegava a R$ 5,7 bilhões.
A Rondoflores cultiva, entre outras: alecrim, arruda, calandiva, cebolinha, cidaria cravina, coleus, coentro, crisântemo, erva-doce, hortelã, impatins, ixória (mini, média e africana), lantana, manjericão, menta, orégano, pimenta, rabo de gato, rosa do deserto e sálvia.
Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Daiane Mendonça
Secom - Governo de Rondônia
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