Cientistas lançam livros. Museu da Amazônia expõe peixes e diversidade cultural.
AGÊNCIA AMAZÔNIA
MANAUS, AM – Os segredos da domesticação das espécies amazônicas, entre as quais, a castanheira, o cupuaçuzeiro, o açaizeiro, a seringueira, a pupunheira, espécies medicinais, entre outras, são muito bem descritos no livro "Domesticação e Melhoramento: espécies amazônicas", de autoria de cientistas brasileiros com experiência de pesquisas na Amazônia.
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Novos livros da Embrapa são lançados no palco da 61ª Reunião Anual da SBPC, em Manaus / DIVULGAÇÃO |
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou-o esta semana em Manaus, durante a 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Um dos autores é o pesquisador da Embrapa Amapá, Silas Mochiutti, que assina o capítulo sobre domesticação e melhoramento do açaizeiro.
Editado por Aluízio Borém, professor da Universidade Federal de Viçosa; Maria Tereza Gomes Lopes, da Ufam e Charles Clement, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o livro tem a participação de 30 pesquisadores da Embrapa. Foi financiado pelo projeto CTIAFAM, com a participação da Finep, Fapeam, Embrapa Amazônia Ocidental, Inpa, Ufam e UEA. Tem prefácio escrito pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, cuja presença é esperada para o lançamento na próxima quinta-feira.
Este ano, a Reunião da SBPC tem como tema "Amazônia - Ciência e Cultura". No estande da Embrapa estão expostos resultados de pesquisa e serviços direcionados para o setor primário, cujas atividades têm um forte comprometimento com o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A empresa de pesquisa está presente também em palestras, mesas-edonda, estande, apresentação de pôsteres e lançamentos de livros. Sob a coordenação da Embrapa Sede (Brasília-DF), quatro Unidades da
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Açaizeiro é descrito por Silas Mochiutti no mais recente livro relatando a vida amazônica/ M. CRUZ
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empresa participam da exposição em um estande de 108 metros quadrados: Amazônia Ocidental (Manaus-AM), Informática Agropecuária (Campinas-SP), Meio Ambiente (Jaguariúna-SP) e Rondônia (Porto Velho-RO).
Cascas, sementes, óleos e mudas
Os materiais em exposição variam desde cascas, sementes, óleos e mudas de plantas, até os mais modernos processamentos para reprodução em cultura de tecidos e equipamentos diversos. Haverá degustação da banana BRS Conquista, de suco e balas de cupuaçu, café expresso e queijo de búfala. Serão apresentados vídeos e distribuídos folders e publicações técnicas diversas.
Outra obra com lançamento oficial na SBPC é o livro "As Terras-Pretas de Índio da Amazônia: sua caracterização e uso deste conhecimento na criação de novas áreas", de autoria do pesquisador Wenceslau Teixeira, um dos maiores especialistas em ciência do solo. Será divulgado inicialmente na forma de CD-Book e se constitui na primeira publicação em língua portuguesa a abordar este tema, que é amplamente discutido por pesquisadores em todo o mundo que buscam maiores informações sobre os fatores e os processos da formação desse fenômeno tão comum na Amazônia. Por ser um solo altamente fértil – possui grande concentração de fósforo, cálcio e outros nutrientes – a Embrapa busca replicar a sua composição em outras áreas.
“O que se encontra no encontro das águas”
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Encontro das águas dos rios Negro e Solimões, motivou o Museu da Amazônia /ALEXANDRE AIRES
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Foi o tema que norteou a exposição do Museu da Amazônia (Musa), de segunda-feira até esta sexta-feira, na Tenda do Musa, perto da ExpoT&C, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Nos útimos cinco anos houve reuniões Regionais da SBPC em cidades da região norte: Cruzeiro do Sul, Manaus, Tabatinga, Oriximiná, Soure, Belém, Altamira e Macapá. Em 1982 e 2007, a reunião anual realizada em Belém.
Este ano, em Manaus, o recém-criado Museu da Amazônia (Musa) preparou uma programação que possibilitou ao público conhecer mais sobre a história, a cultura, a diversidade socioambiental, o patrimônio arqueológico, além de informações científicas e do conhecimento tradicional sobre espécies vegetais e animais típicas da região do encontro das águas dos rios Negro e Solimões.
A exposição “O que se encontra no encontro das águas” mescla elementos visuais e audiovisuais, e ainda proporciona ao público conhecer peças arqueológicas coletadas na região. Aquários com peixes ornamentais, jaraquis, sarapós e poraquê representam a diversidade biológica e a dinâmica da vida nos encontros de águas. Uma cortina de móbiles de cerâmica e fibra de tucum foi idealizada pelo arquiteto Almir Oliveira e montada pelo artista plástico peruano Roberto Suarez, que utilizou mais de 12 mil peças de cerâmica em formato de peixe, pássaro, pote e folha, que presas ao tucum, simulam as curvas do rio. Ela vai dividir o espaço expositivo, numa representação das águas brancas e negras.
A exposição é uma amostra das ações que o recém-criado Musa está planejando para implantar em Manaus. O Musa é uma inciativa da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sect) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Seplan).
Eis a temática do Musa:
Patrimônio arqueológico – A área de confluência dos rios Negro e Solimões testemunha o encontro – e o desencontro – entre povos em diferentes momentos no passado. A equipe multidisciplinar do Projeto Amazônia Central, do Centro de Arqueologia do Bioma Amazônico, desde 1995, tem estudado centenas de sítios arqueológicos, que apresentam um quadro da história indígena na região. Pela primeira vez, os objetos dessas pesquisas serão expostos ao público. São peças em pedra lascada, como a “ponta de flecha”, de 7000 a.C., encontrada no Sítio Dona Stella, em Iranduba (AM). Também serão expostas peças em cerâmica como uma “urna funerária com tampa”, do século XIII, encontrados no Sítio Lago do Limão, também em Iranduba.
Diversidade cultural – Na tentativa de expressar a diversidade cultural da cidade de Manaus, que acolhe etnias indígenas de diversas regiões amazônicas, foi elaborado um documentário de 10 minutos. Nele, indígenas urbanos Desana, Wanano, Tukano, Ticuna e Baniwa de Manaus, narram na língua indígena de sua etnia, uma faceta de sua história, demonstrando a diversidade sonora, de feições e cultural.
A vida do jaraqui – O ciclo de vida de alguns peixes, com o do jaraqui, dependem do fenômeno do encontro de águas, pois é nessas regiões que acontece a desova desses peixes. Por isso, o jaraqui faz parte da exposição do Musa. Em um grande tanque, o público terá a oportunidade de apreciar cardumes de jaraqui. Além disso, uma animação contará o ciclo de vida desse peixe, que desova no encontro das águas; segue para as várzeas, onde se fortalece e, ainda juvenil, parte para as águas negras e só retorna ao encontro das águas quando alcança a maturidade reprodutiva.
Peixes elétricos – Existem mais de 130 espécies de peixes elétricos sul-americanos. O poraquê, que por ser o peixe elétrico capaz de produzir uma descarga elétrica forte (de até 600 volts), é o mais conhecido do público, poderá ser observado em um aquário e também em um vídeo. Mas a exposição “O que se encontra no encontro das águas” também apresenta outros peixes elétricos, conhecidos popularmente como sarapós.
Plantas regionais – As plantas da região estarão representadas na Tenda do Musa por espécies ornamentais, medicinais e também por hortaliças não-convencionais. As mudas foram cedidas ao Museu pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
(*) Com informações de Jane Dantas, do Museu da Amazônia, de Maria José Tupinambá, da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM), e de Dulcivânia Freitas, da Embrapa Amapá (Macapá-AP).