Domingo, 1 de agosto de 2010 - 08h43
Paulo Cordeiro Saldanha*
As pessoas vêm e vão! Entram nas nossas vidas, algumas nos agridem, outras nos abençoam com ensinamentos que valem para o sempre na nossa existência. Prefiro lembrar dos anjos que me auxiliaram no aperfeiçoamento espiritual.
A Irmã Maria Celeste, por exemplo, foi um Anjo de Candura na minha e na trajetória de muitas pessoas. Branca, relativamente alta, delicada nos gestos e na comunicação verbal, jamais a vimos perder a compostura, ainda que lidasse com meninos e meninas com idade variada entre 4 e 7 anos.
É do Jardim da Infância, na minha mais tenra idade, no Colégio Nossa Senhora do Calvário, que me surge a figura terna, compassiva, compreensiva e amiga da Irmã Celeste.
Seu semblante altivo, já permeado por algumas rugas compunha a personalidade meiga e carinhosa na relação que sempre acontecia de forma respeitosa e humana, bem maternal.
Se um aluno chorava, ela, com sua doçura, desdobrava-se nas atenções, pegava-o no colo, ninava-o como se Mãe fosse, acalmando aquele pequenino ser, carente e inseguro.
A humildade e a generosidade eram as virtudes que se sobressaiam naquela Mulher. Nenhuma palavra áspera, nenhum gesto de arrogância eram observados. Ao contrário, apenas ações e palavras ternas dela a nossa alma recolhia.
A vida de Gandhy também reflete essa espontânea opção pela humildade, uma verdade pregada pelo Cristo e exercitada por Irmã Dulce e por Madre Teresa de Calcutá.
Somente almas especiais traduzem exemplos eloqüentes da prática dessa virtude.
Devemos, todavia, temer os humildes de araque, dissimulados e agressivos, quando a relação é com os subordinados, ou com colaboradores eventuais, em que, julgando-se acima do bem e do mal, tratam asperamente alguém que o está servindo. A esses hipócritas o nosso repúdio!
“Ninguém conseguirá ter paciência se não tiver humildade. A humildade tão apregoada é um sentimento que o seu verdadeiro possuidor desconhece, tão natural é a qualidade na sua formação”. É o que nos ensina Cenyra Pinto.
Outro exemplo de humildade que advém das minhas lembranças se fixa no Tio Vitu, o Vitoriano Paes de Azevedo, Pai do Aloizio, Dudu, Ditão, Deolindo, Brasilina e Dirce. Marido de Dona Basilia, tornou-se exemplar Chefe de família. Laborava no SNG, onde tomava conta do Almoxarifado, com sacrossanta dedicação.
Alma elevada, espírito conciliador, voz baixa, nunca o vi agitado e nervoso. Tinha sempre uma palavra de conforto e de apoio moral.
Vai daí que todos –desconheço a exceção– o respeitavam e o admiravam.
Magrinho, andar pequenino, mas efetivamente determinado, parecia que estava sempre de bem com a vida.
Ao contrário da Irmã Bernarda, esta minha saudosa Avó, um tanto espevitada e contestadora, parecia que o Tio Vitu era a representação da santidade em pessoa.
Tinha sempre pronto um provérbio daqueles antigos para temperar o seu papo, com alguém angustiado, desesperançado e triste.
A exemplo da Irmã Celeste mantinha-se impassível quando ao seu derredor as coisas pareciam pegar fogo e aquela sua força interior, que se transformava no substantivo feminino chamado paciência, apagava os incêndios que, às vezes, eclodiam no cotidiano da Navegação do Guaporé.
Era um conselheiro sábio e inteligente e ensinava que a humildade, centrada na espontaneidade, era o caminho para o perdão e para a aceitação dos defeitos alheios, a fim de que os nossos pecados pudessem ser perdoados.
Maria Celeste e o Vitoriano Paes de Azevedo, entre outros que poderiam ser citados, para mim são os símbolos da paciência, da tolerância e da humildade e viveram nesta terra, numa mesma época e se reconheceram como irmãos, sim, irmãos em Cristo e nos exemplos que nos legaram.
*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER
Fonte: Paulo Cordeiro Saldanha
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