Quarta-feira, 26 de outubro de 2022 - 16h07
Os DNAs dos gaúchos
estão espalhados por todo o território nacional e aqui na Amazônia Ocidental
estão muito bem representados, senão vejamos:
No Acre, Plácido de Castro liderou um movimento que culminou com a compra
pelo governo brasileiro daquela área geográfica, então pertencente à Bolívia,
após ter-se transformado em líder paramilitar de seringalistas e de
seringueiros. Tornou-se protagonista de uma conquista que a história
reverenciou.
E me danei a fazer pesquisas sobre esse José Plácido de Castro, gaúcho,
nascido em São Gabriel, no dia 09 de setembro de 1873. Morto numa emboscada, no
Acre, no seringal Benfica em 11 de agosto de 1908, aos 35 anos.
Tido como líder
idealista, antes de se tornar político foi militar; depois, vitorioso na
chamada de Revolução Acreana, tendo, em seguida governado a região chamada de
República do Acre.
Seu pai, Prudente da Fonseca Castro, um veterano das campanhas contra o
Uruguai e Paraguai, comandava uma família cristã, ao lado de sua mãe Zeferina
de Oliveira Castro. Plácido de Castro descendia de uma família de guerreiros, a
partir de seu bisavô Joaquim José Domingues na bem sucedida cruzada das
Missões.
Plácido de Castro antes de chegar à Amazônia passou pelo Rio de Janeiro,
lutou na Revolução Federalista ao lado dos Maragatos e, retornando ao Rio de
Janeiro fez os estudos que o prepararam para a agrimensura. E, na busca de
outros desafios veio para o Acre na tentativa de se tornar vencedor nessa
profissão.
Nesse período, o Acre, sob a liderança de Luis Galvez Rodrigues Àrias, um
espanhol, que logrou êxito temporário e proclamou a República do Acre. Enfim, o
Governo do Brasil depôs Galvez e restituiu aquela geografia aos bolivianos.
Plácido de Castro, já com 27 anos, enquanto demarcava o seringal
Victória, tomou conhecimento de um acordo entre a Bolívia e os EEUU visando o
arrendamento do Acre mediante o pagamento de 60% dos lucros para a nação
castelhana e 40% para o Bolivian Syndicate, presidido pelo filho do Presidente
americano de nome Willian McKinley. Sentindo que aquele acordo seria maléfico
aos nossos interesses brasileiros, arregimentou combatentes e foi vencendo a
guerrilha, apesar de comandar número inferior ao das tropas bolivianas, até que
ao mobilizar mais de 30.000 homens venceu
as guarnições bolivianas, então sob o governo do general José Manuel Pando
(hoje nome de um Departamento naquele País), sagrando-se vencedor e assumindo o
comando do surreal País Independente do Acre, depois dissolvido pelas
tratativas diplomáticas do Barão do Rio Branco.
Até que, em 1903, o Barão do Rio Branco negocia a compra de todo o
território já conquistado por Plácido de Castro, por dois milhões de libras
esterlinas e mediante ainda a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, como uma
contra-partida em favor daquela Nação, com vistas a sua saída para o Oceano
Atlântico, via os rios Madeira e Amazonas.
Em 1906 tomou posse como Governador do recém criado Território Federal do
Acre. Seus restos mortais a seu pedido (enquanto agonizava), foram levados para
Porto Alegre e, no jazigo em sua homenagem, se encontram no cemitério da Santa
Casa de Misericórdia da capital gaúcha. O Governo do Brasil o homenageou
entronizando-o no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. E
o Exército o distinguiu tornando-o Patrono do 4º Batalhão de Infantaria de
Selva, implantado na capital do Acre, sendo distinguido também pela Policia
Militar daquele estado da federação, merecendo ainda ser nome de um dos mais
promissores de seus municípios, além de outras homenagens que recebera post morten.
Outro
gaúcho ilustríssimo será sempre o saudoso coronel Jorge Teixeira de Oliveira,
nascido em General Câmara em 1º de junho de 1921, que, vindo para esta Amazônia
de Deus, Pai e Criador numa das suas primeiras missões, como todas
sacrossantas, implantou, como seu primeiro comandante, o CIGS– CENTRO DE
INSTRUÇÃO DE GUERRA DE SELVA– e, depois
o Colégio Militar de Manaus, demonstrando sempre invejável criatividade, arrojo,
audácia, pertinácia, devotado e acrisolado amor ao seu País.
Nova missão o levou à
Prefeitura da capital manauara, cujo exercício positivo sob todos os aspectos,
abrindo avenidas, asfaltando outras, lutando contra a paralisia e
conservadorismo de alguns, deu uma nova característica a Manaus, urbanizando-a
e a transformando num paisagismo tal que chegou inclusive ao Cemitério Parque
nas proximidades do antigo Hotel Tropical, quando abriu e asfaltou uma estrada
que contornava parte da capital do Amazonas. Fez pontes, de concreto (e
afetivas), mexeu com a saúde e com a cultura amazonense. Implantou o Projeto
Iranduba, destinado a produzir o abastecimento de legumes e frutas, em Manaus
tão escassos.
Sua vitoriosa
trajetória como aguerrido Prefeito o levou a ser escolhido como o último
Governador do Território Federal de Rondônia e o primeiro mandatário da “Nova
Estrela Nos Céus da União”, quando continuou a implantar as suas bases
políticas/administrativas, fixar a formação de sua infra-estrutura econômica,
agrária e administrativa, em que pontificariam a mineração, pecuária e a
agricultura. No campo da infra-estrutura mandou edificar pontes, trouxe a primeira
hidrelétrica (Samuel), conseguiu, mercê de seu prestígio o asfaltamento da
BR-364 e o Hospital de Base, além da COHAB, BERON, BERON-CRÉDITO IMOBILIÁRIO,
CMR, as primeiras casas via BNH (conjunto Santo Antônio e Marechal Rondon).
Criou diversos municípios no Estado, sempre focado no progresso e no
desenvolvimento.
Faleceu aos 65 anos, no
dia 28 de janeiro de 1987 e está sepultado no Cemitério São João Batista, na
capital fluminense e se tornou referência de brasilidade e devoção de espírito
as causas públicas, inclusive dentro da Maçonaria.
É nome de avenida, de
município, escolas, aeroporto. Ficou eternizado nas lembranças de um povo, que
passou a amá-lo e a idolatrá-lo.
Eu sei que aqui e nos
demais entes brasileiros muitos outros gaúchos chegaram e tornaram-se
vencedores. E os aplaudo pela garra, vontade de afirmar e transformar. Daria um
livro escrever sobre a presença dos homens dos pampas em Goiás, nos dois Mato
Grosso, Tocantins, Piauí, Pará, etc. etc., inclusive mantendo viva a chama da
sua cultura através dos CTG.
Outro gaúcho a quem
devo render as minhas homenagens é o Everton Leone, este vivo, jornalista
talentoso, empreendedor e realizador, esse garoto com origem farroupilha, que
chegou a Rondônia, devagar, devagarinho, trazendo sonhos, fé e muita esperança.
Fez e aconteceu sem perder a ternura e a humildade e construiu um império que
dá gosto decantá-lo, pois, –meninos, eu vi – que tudo aconteceu fruto de um
trabalho intenso e voluntarioso, com raça, idoneidade e perseverança, acuidade
e planejamento. Mas, deixarei para uma nova crônica, num outro dia.
Esse Everton Leone
também merece um reconhecimento maior que a área geográfica desta amazônia!...
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