Terça-feira, 16 de março de 2021 - 14h34
FURIOSO
Nem o número alarmante de pessoas infectadas pelo coronavírus e que
necessita de um leito hospitalar em todo o estado comove o prefeito de Cacoal,
Adailton Fúria, a ponto de utilizar os recursos destinados pelo Governo do
Estado para a criação de novos leitos. A denúncia foi feita pelo Secretário de
Estado da Saúde, Fernando Máximo, no último final de semana. A fúria com que o
vírus tem sido letal aos rondonienses exigiria dos prefeitos atos mais
efetivos, a exemplo de Hildon Chaves que anunciou a compra de 400 mil doses de
vacina, mas o prefeito cacoalense dá de ombros à mortandade, o que tem
enfurecido a população do município. Até agora o prefeito não acertou uma ação
administrativa que justificasse o número expressivo de votos que
recebeu.
VIRALIZOU
Um vídeo em que o aparece o governador Marcos Rocha sendo abordado por
populares, demonstrando que é defensor fiel de Bolsonaro viralizou nas mídias
sociais. Nem todo o contexto do diálogo aparece, embora é possível identificar
que a reafirmação de lealdade ao presidente está relacionada ao decreto
governamental que trata da pandemia. Ao que parece, após esses protestos, Rocha
afrouxou as regras do decreto apesar do sistema estadual de saúde estar
totalmente em pleno colapso.
AVISOU
Ao seguir cegamente todas as ordens de Bolsonaro em razão da pandemia –
kit covid, relaxamento no uso da máscara, aglomeração, contra o lockdown, lentidão
na aquisição vacinas, entre outras -, o coronel Marcos Rocha faz apenas o que
avisou na campanha todas as vezes em que foi instado a falar sobre as ações
governamentais quando respondia em síntese: “sou amigo do Bolsonaro, já alinhei
com eles as ações de interesse de Rondônia e vou governar pedindo o apoio
dele”. Qualquer pergunta feita ao então candidato a governador Rocha ele
remetia a uma suposta amizade de caserna com o presidente. Portanto, ao seguir
suas (des) ordens sanitárias, o coronel coloca em prática aquilo que falou em
campanha. Mesmo que esta cegueira política reflita em ações equivocadas de
saúde que ceifam vidas.
LISTA
Seguindo a mesma lógica do inquilino do Palácio do Planalto na capital
federal, o morador do palácio Rio Madeira, em Porto Velho, nomeou o segundo
colocado da lista tríplice do Ministério Público do Estado para o cargo de
Procurador Geral. Para o próximo biênio, o MPE será comandado pelo promotor
Ivanildo de Oliveira, em substituição ao atual PGJ, Aluildo Leite. O novo PGJ
retorna ao cargo quase dez anos depois que o deixou quando foi também nomeado
sem ser o mais votado da lista, por indicação do então governador Ivo
Cassol.
BASTIDORES
As eleições internas para PGJ têm dividido o Ministério Público Estadual
em várias alas e provocado fissuras nem sempre repassadas para a população em
geral. No entanto, sob a condição de sigilo, este cabeça chata ouviu as versões
de dois ilustres membros da instituição com relatos idênticos de arrepiar os
cabelos. É hoje uma instituição administrativamente complexa em ser gerida em
virtude dos ânimos exacerbados, o que reflete sobremaneira nas ações
constitucionais a ela conferidas.
GRAVIDADE
Uma fonte palaciana revelou à coluna que o governador se diz traído pelo
atual Procurador de Justiça, razão pela qual optou pelo segundo da lista.
Perguntado o motivo da suposta traição, a fonte desconversou. Contudo, é
extremamente grave a possibilidade ainda que remota de qualquer nomeação com
tratativas que não sejam aquelas do interesse público, mesmo que depois sejam
frustradas. A coluna tentou sem sucesso apurar o teor dessas tratativas, apesar
de que na boca miúda cada um dá a versão que lhe convém por interesses
igualmente inconfessáveis.
TRANSPOSIÇÃO
Mesmo andando a passos de tartaruga a análise dos processos que tratam
da transposição dos servidores estaduais para os quadro federais, assunto
abordado em colunas anteriores, é nítida a falta de empenho mais incisivo dos
nossos representantes da bancada federal. Os processos analisados e aprovados
até o momento foram graças ao trabalho de congressistas na legislatura passada,
e que não foram reeleitos. De lá para cá, os entraves burocráticos somente
aumentaram e emperram que novos barnabés estaduais sejam transpostos para os quadros
da União.
SENTENÇA
Somente as decisões judiciais obrigando o andamento da análise dos
processos de categorias inteiras, como ocorreu recentemente com a vitória do
Sindicato dos Peritos Criminalísticos (SINPEC) que, por antecipação de tutela,
obrigaram a União a julgar os requerimentos de opção/termo de transposição,
visto que estavam parados sob a alegação de complexidade. A Justiça Federal
reconheceu a singularidade da questão constitucional arguida, especialmente o
princípio da especialidade e da celeridade, para, no mérito, mandar que tais
processos sejam num prazo razoável de trinta dias deferidos ou não. A tese
acolhida é da lavra do professor e doutor da Universidade Federal de Rondônia,
Diego Vasconcelos que, entre outros predicados, é hoje o mais requisitado
constitucionalista de Rondônia. Diante da morosidade, última esperança que
resta aos servidores do ex-território de Rondônia é a justiça.
CEGUEIRA
Há um adágio popular que diz: o pior cego é aquele que não quer ver. Os
fatos que têm se sucedido no Ministério da Saúde com a mudança de três
ministros, em plena pandemia, demonstram a falta de rumo de um governo que
busca no negacionismo as desculpas esfarrapadas para não fazer o correto. Não
adianta trocar nomes no ministério se a política de saúde a ser adotada
continuará sendo aquela que o presidente dita. Cego é quem em nome de uma
ideologia coalha insiste em não enxergar a realidade. Os setores da economia
que mais cresceram nos últimos doze meses são os das funerárias e cemitérios
particulares.
EXEMPLO
Depois do anúncio do prefeito Hildon Chaves de que está adquirindo 400
mil doses vacinas astraZenica para imunizar a população da capital um grupo de
prefeitos do interior de Rondônia avisa que também vai seguir o mesmo exemplo e
adquirir vacinas para conter a pandemia. Já o governador se faz de morto e
assiste no seguro e confortável palácio os números dos mortos que, diariamente,
aumentam assustadoramente. Quando decidi aparecer em público é para declarar
lealdade ao presidente e não para lamentar os rondonienses mortos.
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