Terça-feira, 10 de janeiro de 2017 - 14h43
RESENHA POLÍTICA
ROBSON OLIVEIRA
RETORNANDO – Depois de trinta dias sem atualizar a coluna e dedicado exclusivamente ao ócio de final de ano, aqui estamos nós outra vez para encarar um novo ano que se anuncia bicudo tão ou pior do que o que acabou. Pelas mensagens recebidas dos nossos seletos amigos leitores (não muitos), a coluna fez falta. Percebi que para os desafetos, também! O que é um regozijo.
DEGOLA – Uma semana após anunciar os nomes do primeiro escalão da prefeitura da capital, o prefeito Hildon Chaves (PSDB) anuncia a primeira demissão. O Secretário de Administração foi convidado a deixar o cargo depois que o prefeito constatou que o auxiliar não se enquadrou nas diretrizes que preconizou no discurso de posse.
DEGOLA II – A COLUNA apurou que há um outro auxiliar (adjunto) que também está na iminência de ser convidado a desocupar a vaga, caso restem confirmadas as suspeitas de descompasso com o discurso que levou o prefeito à vitória.
EQUIPE – Hildon Chaves teve dificuldades para montar uma equipe de colaboradores para implementar as principais metas que prometeu na campanha, em particular técnicos com currículos altamente qualificados. Vários nomes sondados declinaram ao convite justificando que não tinham interesse de migrar da iniciativa privada para a pública. Outro empecilho alegado para não aceitar o cargo foi o quadro político confuso que se instalou no país gerando uma desconfiança generalizada com os agentes públicos.
TOLERÂNCIA - A principal dificuldade de Hildon Chaves daqui para diante é afinar a equipe o mais breve possível e apresentar resultados. A população geralmente concede aos novos gestores os cem primeiros dias de tolerância para que mostrem resultados. Vencido o prazo, é peia!
MORALIDADE – A promessa feita ainda na campanha de moralidade e a forma inexorável como tratou o tema nos debates com os concorrentes obriga ao novo alcaide vigilância redobrada para que a moralidade preconizada seja de fato levada a cabo nos quatro anos. Caso contrário, sucumbirá na política com a mesma velocidade que alcançou o apogeu. Aliás, razão pela qual ele tem repetido que não vai tolerar malfeitos de terceiros próximos ao gabinete.
DEMAGOGIA – Pode soar demagogia o anúncio de Hildon Chaves em doar os vencimentos de prefeito para uma entidade filantrópica. Em regra, é um ato pessoal e político com característica demagógica ou populista, mas quem acompanhou os bastidores da campanha sabe que é um ato simbólico e importante para o prefeito eleito. Explico: foi exatamente no principal debate televisivo promovido pela emissora da filiada local da Record que Hildon conseguiu destaque quando o candidato do PMDB lhe questionou exatamente sobre o desapego ao salário de promotor que abriu mão para se aventurar na iniciativa privada. A resposta foi cirúrgica e contundente e, após o debate, Hildon decidiu que se ganhasse doaria os salários. Embora a ação aparentemente tenha característica demagógica ou de soberba, quem acompanhou os bastidores da campanha sabe que não é.
VILHENA – O principal município do Cone Sul vive uma situação vexatória com parte da classe política enrolada em processos judiciais que provoca prejuízos irremediáveis à administração pública. Com os ex-prefeito encalacrados nas masmorras, a atual prefeita Rosane Donadon não terá dias fáceis pois será obrigada a impedir que o marido Melki, mandachuva do clã Donadon, seja de fato o prefeito e cometa os mesmos erros que cometeu quando administrou o município. O vexame político atinge igualmente o Poder Legislativo mirim, inclusive com edis afastados e liminarmente custodiados. O eleitor vilhenense não tem do que se queixar já que conhece a folha corrida de cada liderança municipal e faz ouvidos moucos às eventuais denúncias.
COLAPSO - Todas as autoridades políticas e os chefes das instituições judiciais e jurídicas sabem que o sistema carcerário do país está em frangalhos por razões diversas. Não é de hoje que o colapso das unidades prisionais expõe suas vísceras em rede nacional. A barbárie que ocorreu nas unidades de Manaus e Boa Vista é a mesma registrada recentemente no Urso Branco, em Rondônia, e no presídio de Pedrinhas, no Maranhão. O que mudou de lá para cá? Nada!
BARBÁRIE - “O Brasil é o único lugar que passou da barbárie à decadência sem conhecer a civilização”, a frase cunhada pelo intelectual francês Levi Strauss exprime exatamente a atual fase de intolerância que acomete a maioria dos brasileiros. Embora seja compreensiva a revolta da população com a inércia do poder público em combater com eficiência a escalada da violência e a incredulidade com a classe política engalfinhada até a alma com os malfeitos, não se justifica em nenhuma hipótese a comemoração do massacre manifestada nas redes sociais por nossos incautos “cidadãos”.
CAVERNAS - Não temos dúvida que nove em dez pessoas são favoráveis ao massacre entre presos. É verdade também que a maioria dos trancafiados dificilmente consegue a ressocialização conforme prescreve a Lei das Execuções Penais. Ao contrário, muitos detentos que migram entre os regimes prisionais tendem a ficar mais violentos. A raiz do problema está na falta de compromisso de nossas autoridades em lidar com o aumento da violência e na incapacidade de gerir um sistema carcerário que faliu. Não raro este sistema serve para que as quentinhas esquentem contas bancárias. Nada justifica a barbárie! Nem mesmo num país de intolerantes que tende a voltar as cavernas utilizando como mediação a lei de Talião.
Introspecção
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