Quarta-feira, 5 de outubro de 2016 - 15h24
Robson Oliveira
Leitura
Li e acompanhei pelos noticiários locais e nacionais análises para todos os gostos sobre o resultado das urnas do último domingo. As análises dos intelectuais da academia apontam para resultados catastróficos que não consigo visualizar com minha miopia em fase de expansão. Dos articulistas e blogueiros seguem as lógicas das suas próprias convicções, já que emitem opiniões. A verdade é que todos têm um pouco de razão quanto ao diagnóstico de que a população está “P” da vida com os políticos e os partidos pelas razões que todos conhecem. Mas erram sobre a leitura das urnas quando introduzem o viés tão somente ideológico. A realidade é simples: o povo mandou um aviso de CHEGA à direita, esquerda, centro, muro, lado, enfim, para o mundo político. Aliás, tempos atrás um processo parecido desse abalou as estruturas políticas de parte da Europa.
Nós
Com relação a Porto Velho, a surpresa que tanto está sacudindo os partidos, os analistas e, em particular, os velhos caciques locais, com a ida do ex-promotor Dr Hildon Chaves, em primeiro lugar, para disputar o segundo turno, as opiniões são as mais variadas possíveis. Algumas bizarras. Imputa a ele a negação da política, um ultradireitista, um novo caçador de marajá, e por aí vai. Esquece-se de um detalhe, um detalhe importantíssimo nesse processo que é a opinião do povo. Não li nem vi uma avaliação em relação ao motivo pelo qual o povo da capital (e do país) decidiu por aprontar surpresas nas urnas. E é simples, o eleitor de Porto Velho disse chega, queremos uma cidade melhor, sem conchavos das velhas raposas que estão aí se revezando na política e se eternizando nas hostes políticas com os sucessores. Concordo que a negação dos partidos políticos é ruim para a democracia, mas enquanto eles não se reinventarem com novas práticas e não voltarem para a base piramidal da população, o enfraquecimento político continuará a provocar a repulsa às legendas e seus donatários. Ainda mais depois que as famílias tomaram de assalto os partidos para colocarem suas estruturas à disposição dos filhos. O resto é empulhação!
Ibope
Desnecessário aqui baixar a “ripa” no instituto de pesquisa Ibope, mais conhecido da população. Não é a primeira vez que erra em Rondônia. Anos atrás deu uma pesquisa com meu amigo querido Chagas Neto liderando para o Senado Federal com uma diferença enorme em relação ao segundo colocado, Odacir Soares. Odacir deu uma sova. Não precisamos ir longe: em 29 de setembro de 2014, última pesquisa do primeiro turno para o Governo de Rondônia, o mesmo instituto deu uma diferença de quase dez pontos para Confúcio Moura sobre Expedito Junior. Apuradas as urnas, disputaram até o último momento voto a voto. Foram ao segundo turno tecnicamente empatados, com uma pequena vantagem para o governador. Não erram no segundo turno porque é outro papo, não tem como manipular ou derrapar na coleta dos dados porque a pesquisa é eliminatória: um ou outro. O Ibope em Rondônia virou sinônimo de piada, razão pela qual este cabeça chata ganhou duas apostas feitas com os amigos Ayres do Amaral e Hiram Gallo. Embora ambos acharem naquele momento que minhas modéstias previsões estavam erradas.
Lição
Não sou daqueles que se juntam aos inimigos petistas para torcer pelo seu banimento do cenário político. O partido por muitos anos deu uma contribuição à democracia que muitas agremiações dominadas pelos coronéis jamais deram. Porém, cometeu erros irremediáveis por optar por alianças com a “Casa Grande” (como costumam dizer os intelectuais de ocasião) para se perpetuar no poder, entre outros que todos têm amplo conhecimento. Apesar dos erros, parte da casta dirigente não aprendeu a lição e insiste em por a culpa nos outros pelos próprios fracassos. Seria bom a militância do partido ouvir a voz rouca do velho gaúcho Olívio Dutra, homem da melhor qualidade, ou vão ser banidos mesmo. O que seria muito ruim para a democracia, pois na Itália o resultado da degradação do PCI foi catastrófico e algo muito semelhante ao que está acontecendo aqui com o PT. A refundação da legenda é essencial à oxigenação da estrutura partidária. Torço para que o PT se reinvente, pois os demais partidos não possuem lastro moral para jogar a pedra na Gení como se purificados estivessem.
45
Em respeito aos poucos amigos e a meia dúzia de pessoas que acessam esta singela coluna, decidi a partir desta semana suspender a coluna até o final do segundo turno porque estarei dedicado a prestar serviço profissional a um dos candidatos que alcançou o segundo turno. Tenho consciência clara da responsabilidade de escrever uma coluna por mais de duas décadas e sei que o processo político fica contaminado pelas emoções exacerbadas. Para poupar meus leitores de ambos os lados, optei em suspender. Impossível um jornalista que escreve coluna não se contagiar com o pleito quando está na disputa um amigo de longas datas. Retorno um dia após as eleições, ou seja, numa terça-feira (2), dia de finados, por coincidência. E também será suspensa entre dezembro e janeiro para férias, por exatos 45 dias (risos).
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