Terça-feira, 17 de agosto de 2021 - 14h45
LOROTA
É a mais absoluta lorota que a mudança aprovada na Câmara Federal
na lei de improbidade (lei 10.887), encaminhada para análise do Senado Federal,
reabilita o ex-senador Ivo Cassol. Não tem nada a ver a nova regra com a
situação de inelegibilidade que tirou das eleições o ex-senador.
DOLO
A nova redação da lei de improbidade não alcança os agentes
públicos que agiram com dolo e causaram danos ao erário. Portanto, somente as
pessoas que tiveram eventualmente contas rejeitadas por erros administrativos
ou por outras razões que não sejam aquelas com resultado ilícito são os
destinatários da mudança na LIA.
INELEGÍVEL
A inelegibilidade decretada pela Lei da Ficha Limpa no caso
concreto em que tirou Ivo Cassol das eleições, em razão da condenação, por oito
anos após o cumprimento da pena, não se enquadra na redação da nova regra que
ainda aguarda sancionamento senatorial.
PUNITIVA
Embora haja críticas na flexibilização da lei de improbidades, na
Câmara Federal a mexida ocorreu para permitir que administradores tenham as
condições de exercer suas atribuições sem receios de uma legislação que pune
tudo e que nada têm a ver com tentativas ao combate firme à corrupção. Há casos em que políticos
foram afastados da vida pública sem que a conduta praticada houvesse causado
prejuízo, mas na interpretação dos julgadores, mesmo sem dolo, foram
enquadrados nas inelegibilidades. Um exagero agora em fase de ser
reparado.
CAUSALIDADE
Pelo
texto aprovado, o agente será punido se agir com vontade livre e consciente de
alcançar o resultado ilícito, não bastando a voluntariedade do agente. O mero
exercício da função ou desempenho de competências públicas ou a intepretação da
lei sem comprovação de ato doloso com fim ilícito também afastam a
responsabilidade do autor.
EXAGERO
Há
um certo exagero deliberado de alguns setores da política em anabolizar a
musculatura eleitoral do ex-senador Cassol, embora seja indiscutivelmente bom
de votos. Mesmo na hipótese de uma reabilitação antes do prazo em que foi
enquadrado não significa que seja imbatível conforme analisam apressadamente
por aí seus seguidores. Cada eleição é uma eleição e com ela novos eleitores
que nem sempre conhecem o legado ou as estripulias dos velhos e manjados políticos.
Mas no período eleitoral todos passam a conhecer o que tende a contaminar
alguns projetos eleitorais, os exemplos são fartos por aqui...
ESPECULAÇÃO
Os
períodos pré-eleitorais são férteis para todas as especulações, inclusive as
mais mirabolantes. Agora não está sendo diferente e na medida que o ano de 22
se aproxima vão se multiplicar. A suposta candidatura de Cassol, de Hildon
Chaves e Confúcio Moura vai dominar os noticiários, visto que são nomes que
permanecem no imaginário de alguns e vivos na mente dos asseclas. Os dois
últimos estão elegíveis, mas deverão procrastinar até o limite do prazo que
puderem para anunciar suas decisões. Não é absurdo especular, o que é anormal é
dar interpretação diversa a uma lei para habilitar conceitualmente alguém que
na prática está inabilitado.
FEDERAÇÃO
Depois
do golpe aplicado pela câmara dos deputados recriando o monstrengo das
coligações, que aguarda a apreciação dos senadores, eis que surge nos
bastidores com força a instituição das federações dos partidos. O novo
instituto tem apoio da maioria dos senadores e consiste nos partidos que
decidirem formar uma federação deverão permanecer nela por um mínimo de quatro
anos e, para a federação continuar em funcionamento até a eleição seguinte,
deverão permanecer nela dois ou mais partidos. A proposta seria uma saída
honrosa às coligações que são criticadas por todos, exceto pelos
dirigentes das legendas cartoriais.
AMEAÇA
Ficam
valendo para a federação partidária todas as normas sobre as atividades dos
partidos políticos nas eleições, como registro de candidatos, uso de recursos
eleitorais, propaganda eleitoral, prestação de contas e convocação de
suplentes. Também serão observadas as normas relativas ao funcionamento
parlamentar e à fidelidade partidária, mas serão asseguradas a identidade e a
autonomia dos partidos que nelas federalizarem. O presidente ameaçou que vai
vetar o novo instituto. Ameaça que o congresso não tem capitulado.
IMPEACHMENT
Já
a ameaça de propor o impeachment dos ministros do STF Alexandre de Moraes e
Roberto Barroso, anunciada por Bolsonaro no último final de semana, provocou
reações contrárias no Senado Federal. A possibilidade de mais esta ameaça
vingar no plenário senatorial é próxima de zero. Quem ouvia hoje nos corredores
do parlamento, as avaliações são de que as ameaças contra as instituições
feitas pelo presidente vão terminar recaindo sobre ele. Apenas os seus
seguidores ensandecidos – que cada dia diminuem – é que levam a sério os blefes
intimidatórios do presidente. Assim como um tresloucado golpe
miliciano.
TRAGÉDIA
A
responsabilidade pelo aumento das queimadas em Rondônia é exclusiva do
executivo estadual. Desde que assumiu as funções governamentais que Marcos Rocha
tem sido complacente com setores que depredam o meio ambiente. Uma gravação
avisando que não mandaria a polícia fiscalizar supostos crimes ambientais em
Espigão do Oeste, divulgada em grupos de madeireiros, ainda nos primeiros meses
de governo, revelam a complacência do governador com o setor. O aumento das
queimadas em Rondônia é apenas o efeito da frouxidão governamental com que os
órgãos ambientais do estado tratam os predadores. Esta coluna já havia alertado
meses atrás que a tragédia era anunciada.
PREVIDÊNCIA
É
preciso sim reformar nossa previdência e adequar a nova realidade fiscal do
estado sob risco dos nossos aposentados ficarem sem receber os respectivos
caraminguás. Mas é imprescindível que a reforma, a pretexto da falência do
atual sistema, seja bem debatida com os parlamentares e os representantes dos
trabalhadores senão a conta desta desordem recai sobre os nossos velhinhos. A
proposta encaminhada `a Assembleia Legislativa pelo governador Marcos Rocha,
embora necessária, possui imperfeições e penaliza muito o aposentado. Razão
pela qual um debate amplo e transparente é a melhor saída.
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