Terça-feira, 2 de fevereiro de 2021 - 14h41
BAMBURROU
Na última sexta-feira
(29), através de um decreto mal escrito, o governador Marcos Rocha liberou
geral a garimpagem nos rios de Rondônia. Pelo decreto não fica claro se a
exploração da atividade aurífera no estado exigirá do garimpeiro estudos sérios
sobre impactos ambientais, embora conste entre as exigências para a autorização
do funcionamento das dragas alguns cuidados na área, numa redação dúbia e
despreocupada com o meio ambiente, visto que o objetivo era mesmo regularizar
uma atividade que em Rondônia tem histórico predatório.
MAZELAS
No final da década de
oitenta e início de noventa, Porto Velho virou uma grande fofoca (termo usado
pelos garimpeiros para designar multidão no garimpo) de garimpeiros. Época em
que muita gente ganhou dinheiro com o metal vil com dragas gigantescas que
pareciam pequenas pousadas. A indústria da construção de dragas crescia a todo
vapor, na mesma proporção que cresciam os números da violência, prostituição,
tráfico de droga, entre outras mazelas que a atividade atrai.
ASSOREAMENTO
Poucos ganhavam
dinheiro e para o estado e municípios os tributos oriundos da exploração
aurífera quase nada. É uma atividade que opta por sobrevir informalmente e
marginalmente. Foram anos que a quantidade de dragas no Madeira era tão grande
que provocou impactos na navegação devido ao assoreamento, além dos impactos
nefastos em razão dos elementos químicos jogados no Madeira pela
garimpagem.
CRITÉRIOS
É possível
compatibilizar a atividade aurífera com a preservação ambiental, mas é
necessário que o estado estabeleça regras objetivas e claras de impactos
ambientais. Indispensável também que sanções sejam instituídas e postas em
prática para que a depredação seja coibida de forma exemplar. O que pelo
decreto em vigor não resta claro. O desenvolvimento sustentável exige antes de
tudo a consciência do explorador da atividade de que a preservação ambiental é
importante inclusive para que sua atividade seja longeva, consciência esta que
em regra o garimpeiro dá de ombros.
NEGACIONISTA
Não é segredo pra
ninguém que o atual governo rondoniense segue cegamente os mesmos erros na área
ambiental que o federal. Ambos não compreendem que desenvolvimento requer
tecnologia e preservação para que a produção e as atividades exploradas não se
esgotem com a depredação. Marcos Rocha, inclusive, chegou a gravar um áudio
para os madeireiros de Espigão do Oeste avisando que não reprimiria a
exploração da madeira na região que, naquele momento, estava paralisada em
razão de uma decisão da justiça federal. É um negacionista assumido o que tem
provocado estragos indeléveis aos rondonienses, a exemplo da área de saúde. A
questão ambiental ainda vai dar muita dor de cabeça a Rocha. Questão de
tempo.
PREFEITURA
Foi uma excelente
mudança que o prefeito Hildon Chaves fez colocando na chefia de gabinete da
prefeitura da capital o advogado Fabrício Jurado. Embora não possua experiência
suficiente em negociações políticas, particularmente com o legislativo, Jurado
é uma pessoa simpática, inteligente e extremamente humilde, bem diferente do
antecessor que tratava as pessoas no coturno. Vai precisar de ajuda no campo
político, área que o próprio prefeito tira de letra.
MERCADO
O toma lá, da cá que
voltou a imperar na eleição da Câmara Federal como moeda de troca que levou o
deputado federal alagoano Arthur Lira ao comanda da casa, revela que nossa
política continua contaminada com o que tem de mais raso e desnuda o discurso
moralista e falso daqueles que se elegeram prometendo austeridade e ética da
política. Como diria o poeta Tom Jobim: “o Brasil não é para principiantes”. O
eleitor deveria verificar o voto de cada um dos parlamentares para avaliar
quais os motivos de votar em Lira, certamente concluirá que a maioria votou por
razões inconfessáveis.
BANCADA
A bancada federal
rondoniense se dividiu entre os candidatos da Câmara Federal Baleia Rossi e
Arthur Lira. Coronel Crisostomo (PSL), Jaqueline Cassol (PP), Mariana Carvalho
(PSDB), Silvia Cristina (PDT), Expedito Neto (PSD) e Léo Moraes (PODEMOS) votam
no rolo compressor de Lira. Apenas Lúcio Mosquini (MDB), optou por Baleia.
Mauro Nazif (PSB) não compareceu à votação em razão de saúde. Agora aguardar e
observar para verificar qual deles ganharam mimos em troca do voto que
transformou a casa baixa em um mercado persa da baixaria.
GARGANTA
PROFUNDA
O Centrão, base que
elegeu Lira, é conhecido nos corredores do Congresso Nacional pela voracidade
com que age na calada da noite para devorar os atrativos que a “viúva”
oferece. Um corrente política que durante a campanha nacional passada o general
Heleno entoou uma paródia com a letra e melodia da música de Bezerra da Silva,
‘Reunião de Bacana’.
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