Quarta-feira, 8 de setembro de 2021 - 15h23
BOLSONARISMO
Ontem, dia da Independência do Brasil, os bolsonarista foram as ruas
pedir fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e, como era
esperado, espinafrar a imprensa (aquela que não se acovarda nem se amedronta
com os déspotas). Foi um aglomerado de seguidores enraivecidos e intolerantes
que vociferavam palavras de (des)ordem contra a democracia. A mesma que garante
à essa horda o direito de protestar e vociferar as barbaridades que eram
viralizadas em tempo real.
LOGOMANIA
Bolsonaro não economizou na verbosidade e insultou de canalha o ministro
Alexandre de Moraes, da Suprema Corte. Em seus discursos em Brasília e em São
Paulo o país assistiu perplexo o chefe de estado em estado explosivo
intermitente ameaçar adversários, espezinhar a constituição e achincalhar as
instituições.
AMEAÇAS
O suposto golpe anunciado pelos seguidores do presidente horas antes e
durante todo o protesto não se concretizou; não há golpe, não haverá golpe.
Sobraram berros de insensatez e faltaram aos organizadores uma manda maior para
levar a fim e ao cabo as ameaças vociferadas. O país amanheceu com um jeito de
quarta-feira de cinzas, mas para os bolsonaristas o dia de hoje parecia
finados.
RONDÔNIA
Alguns rondonienses
foram arrebanhados para comparecer ao protesto em Brasília com as despesas todas
pagas por algum afortunado. O vice-governador, José Jordan, era um dos mais
agressivos na capital federal. Em entrevistas a mídia brasiliense o vice atacou
o Poder Judiciário e propôs a ruptura com a Carta Cidadã ao sugerir uma nova
constituição. Jordan chegou um dia antes no local do protesto e gravou vários
vídeos desancando a democracia e satanizando o Supremo Tribunal Federal.
GASTOS
Já que é um
empresário abastardo, é possível que os gastos do vice-governador de Rondônia
para protestar em Brasília tenham sido pagos com os próprios recursos. Tanto
ele quanto outros membros do primeiro escalão do governo estadual que
participaram do ato deveriam tornar público tais despesas para dissipar as
desconfianças que surgiram nos grupos de WhatsApp sobre os gastos com as
presenças dos membros desta comitiva rondoniense na capital federal.
CONTRAGOLPE
Os petistas também
organizaram um protesto para minimizar os efeitos do movimento bolsonarista. O
número de petista que se dispôs a ir as ruas no dia de ontem foi infinitamente
menor que o de filiados ao partido e numericamente inferior aos
bolsominions. Não houve golpe nem muito menos contragolpe. Mas a popularidade
atual do capitão da nau verde e amarelo é bem menor que a do marujo da
embarcação dos vermelhos.
ROLANDO LERO
O senador Marcos
Rogério (DEM), principal escudeiro de Jair Bolsonaro na CPI do Covid, voltou a
aparecer, após dias tensos em Rondônia, para acusar a imprensa de estar contra
a liberdade de opinião. Para ele, a manifestação dos partidários do Presidente
da República pedindo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Federal,
considerado pela imprensa de atos antidemocráticos, é normal.
INCONGRUENTE
Pelo raciocínio do
senador, as pessoas têm o direito de manifestar livremente a opinião mesmo que
ela atente contra a constituição federal. Ele (Marcos Rogério) esquece que
propor ruptura da carta maior e insultar pessoas, como ocorreu neste 7
setembro, é crime. A incongruência do senador é comparada as falas do
personagem Rolando Lero, da escolinha do seu Raimundo. Candidato a candidato a
governador de Rondônia pela horda bolsonarista, Marcos Rogério tem se esmerado
para superar o presidente quando o tema é democracia. Fala pelos cotovelos, e
não diz nada com nada.
DIFERENÇAS
Mesmo o coronel
Marcos Rocha, eleito governador pela onda bolsonarista, autointitulado amigo
siamês do presidente, optou pela discrição no dia de ontem. O coronel Rocha
nunca escondeu a admiração pelo capitão e nem por isto culpou a imprensa ao
tratar dos eventuais excessos do chefe da nação. Enquanto o governador de
Rondônia preza pela circunspecção, o senador adota o estilo atirado e
beligerante. Embora ambos comunguem das mesmas ideologias.
PRERROGATIVAS
O OAB reagiu firme e
corretamente contra a convocação pela CPI do Covid da advogada Karina Kufa,
defensora do presidente Jair Bolsonaro. Coube ao conselheiro federal de
Rondônia, Alex Sarkis, reagir contrário a convocação em nome da entidade
nacional. O advogado é essencial a distribuição da justiça e não pode ser
intimidado por quem quer que seja em razão do seu cliente: seja ele presidente,
seja ele o mais abominável entre os homens. Sarkis engrandece a advocacia
brasileira ao reagir com firmeza ao ato autoritário da Comissão Parlamentar de
Inquérito que atenta contra as prerrogativas da colega
convocada.
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