Sexta-feira, 21 de novembro de 2014 - 09h50
Robson Oliveira
E s c â n d a l o
Embora alguns setores rondonienses tenham ficado surpreendidos com a operação policial denominada de ‘Plateias’ – desdobramento da operação ‘Termópilas’ -, ocorrida ontem, a ação policial era aguarda há meses nos bastidores políticos. Os principais sites da capital haviam antecipado os fatos que culminaram com a prisão do cunhado do governador, Assis Oliveira, e dois ex-secretários da Saúde, além da condução coercitiva de Confúcio Moura e empresários à PF para prestarem depoimentos. Foi um escândalo amplamente anunciado. E aguardado.
Antecipando
Esta coluna havia alertado duas semanas atrás que a delação feita por José Batista, entre outros presos da operação ‘Termópilas’, daria sérias dores de cabeça ao governador reeleito. Este cabeça chata leu atentamente as declarações dada no inquérito por Batista e Rômulo (afilhado preso na própria residência oficial do governo) ao confessarem os malfeitos. Os delatores declararam que toda a tramoia era de conhecimento do governador e apontaram o cunhado, Assis Oliveira, como o suposto responsável pelas estripulias.
Ocultação
Um dos negócios investigados é a empresa credenciada pelo Governo de Rondônia para intermediação dos empréstimos consignados. Algo tão lucrativo que, segundo Batista, rendeu de propina cerca de novecentos mil reais. Revelou, no entanto, que a empresa, em nome de um familiar seu, teria como sócio oculto o próprio Assis. Confessou também que por mais de uma vez entregou dinheiro em mãos ao cunhado do governador.
UPA
Nem a grana da obra destinada à construção das UPA’s teria escapado da manipulação do bando. Um negócio ainda obscuro que envolve um lobista do Rio de Janeiro com ligações fortes com autoridades cariocas. Até o hospital campana instalado emergencialmente para desafogar o João Paulo II, de acordo com o depoimento de Batista, entrou no rolo.
Badeco
As empresas de segurança armada e de alimentação estão sendo investigadas sob suspeita de favorecimento de licitação. As marmitas servidas aos presos, segundo a delação, engordavam também o patrimônio de agentes públicos. Nos autos, pelo que a coluna apurou, existem inclusive cópias de cheques. A secretária da pasta de Justiça, na época, está tão encalacrada quanto os colegas recolhidos ao cárcere nesta primeira fase das investigações. Dependendo dos desdobramentos, uma nova fase poderá aumentar o número de autoridades confinadas.
Esclarecimentos
Embora a Rocha, empresa pertencente a núcleo familiar do ex-candidato ao Governo pelo PSDB, Expedito Junior, tenha sido vencedora do certame licitatório por meio de pregão eletrônico, o tucano compareceu a uma delegacia da Polícia Federal em Ji-Paraná para esclarecer eventual favorecimento.
Debate
Apesar da menção de Batista que teria havido acerto, em contato com a coluna, Junior negou qualquer ato ilegal no processo licitatório e lembrou que esses fatos foram usados por ele ao questionar o então candidato Confúcio Moura (PMDB) no último debate de TV. “Eu mesmo denunciei esses fatos na campanha, razão pela qual não tenho nada a esconder”, reagiu o tucano. A ver!
Salvação
Não passou despercebida a ausência de parlamentares envolvidos nas tramoias investigadas, visto que em operações policiais anteriores deputados estaduais constavam no rol dos presos. Mas há uma investigação paralela a esta, bem adiantada, envolvendo alguns deputados estaduais em manipulações supostamente indevidas de emendas que foram liberadas para shows, mas parte delas terminou sendo desviada. Salvaram-se dessa. Não dá ainda para saber o que está por vir...
Arriscado
Além das suspeitas que pesam sobre o governo, Confúcio Moura ainda será obrigado a se explicar na Justiça Eleitoral sobre acusações de crime eleitorais. Vencedor das eleições estaduais, a Procuradoria Eleitoral investiga o governador por abuso de poder econômico e político. Restando comprovada a investigação, tanto o governador reeleito quanto o vice correm o risco de não assumir. Poucos acreditam nessa possibilidade, mas um risco é sempre arriscado.
Leniência
Depois de passar horas depondo na PF o governador foi até o palácio para comunicar a imprensa que está a disposição da justiça, que vai ser mais severo com os auxiliares e não tolerará mais (sic) leniência. Visivelmente abatido, Confúcio Moura evitou responder as perguntas dos jornalistas sobre o teor das declarações que prestou na PF. Foram 50 perguntas feitas pelos policiais ao governador.
Topo
Os deputados estaduais suspenderam as atividades no interior do estado e retornaram emergencialmente hoje para a capital para avaliar a situação de crise instalada no executivo estadual depois das acusações de envolvimento do governador e do cunhado com os fatos da operação "Plateias". É uma crise sem precedentes que atinge o âmago da administração estadual e tende a chegar ao topo da pirâmide política na medida em que os envolvidos começarem a abrir o bico e as provas confirmadas.
Serelepe
O deputado federal e ex-candidato a governador pelo PT, Padre Ton, estava todo serelepe ontem nas mídias sociais compartilhando a operação policial que investiga o peemedebista Confúcio Moura. Menos de um mês atrás o petista aparecia todo faceiro na TV pedindo votos para o aliado do PMDB que agora tripudia. Já os dirigentes do PSOL optaram em ignorar a crise, embora sejam adeptos também das ferramentas eletrônica.
Rastro
Outra investigação em andamento, dessa vez sem envolvimento de políticos, começa a desvendar uma quadrilha perigosa que pode estar por traz do assassinato de um jovem que foi encontrado carbonizado dentro do próprio automóvel. Uma fonte confidenciou que tem figuras conhecidas envolvidas. A investigação já teria conseguido identificar o rastro dos autores do homicídio, a ramificação e os cabeças do bando.
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