Terça-feira, 18 de agosto de 2020 - 13h46
EXPECTATIVA
Ao utilizar todo o tempo disponível que possui para definir sobre a
reeleição, antes da convenção do PSDB marcada para setembro, o prefeito de
Porto Velho Hildon Chaves termina paralisando as demais pré-candidaturas e
criando uma expectativa entre possíveis apoiadores. Por duas vezes o prefeito
cancelou a coletiva em que anunciaria a desistência da reeleição. Mas, segundo
fontes da coluna, não mudou da ideia e vai liberar a base para apoiar a
candidatura que a cada um convier, desde que não atrapalhe a condução da
administração.
CABO ELEITORAL
Como poderá estar fora da disputa eleitoral que se avizinha, o prefeito
da capital vai poder continuar inaugurando obras presencialmente e divulgando
nas suas redes sociais. Como não há impedimento legal por estar fora do pleito,
terminará sendo um cabo eleitoral de luxo numa eleição atípica e com
características próprias. Embora no bunker dos Chaves a tendência é manter-se
longe da disputa.
PRESSÃO
Há uma pressão enorme no entorno do prefeito da capital para que reveja
a posição e dispute mais um mandato. Duvido que mude de opinião, mudando será
uma surpresa para coluna. Hildon nunca escondeu que é contra o instituto da
reeleição e reafirma esta posição quando instado a falar sobre o assunto. Caso
mude de ideia, é um forte candidato a mais um mandato em razão das obras que
estão sendo executadas e dos gargalos administrativos que vêm conseguindo
resolver. A pressão vem de quem ocupa cargo de assessoramento do que a própria
vontade da reeleição.
UNGIDO
Apesar de alguns secretários da administração municipal da capital terem
se desvencilhado dos cargos visando disputar a sucessão do prédio do relógio, a
exemplo de Thiago Tezzari, não significa que seja o candidato preferencial do
atual prefeito. Como secretário recebeu elogios pelo desempenho técnico, mas
não tem luz própria para uma candidatura a prefeito e depende de ser ungido por
quem possui a força.
SONHADOR
Aliás, ninguém duvida da capacidade técnica do ex-secretário que
conseguiu iluminar as ruas da capital, o que conspira contra sua pretensão é a
competência política em agregar pessoas e administrar crises. Gordura é o que
não falta para queimar na campanha; no entanto, Thiago Tezzari é carente de
empatia e carisma: ingredientes essenciais numa campanha que será definida nas
mídias digitais onde a linguagem e a expressão estética assumem grande
importância. Como sonhar é saudável e livre a todos, Tezzari sonha com a
cadeira de Hildon de olho aberto esperando a do Boi.
INFLUÊNCIA
Uma pesquisa estadual que este cabeça chata teve acesso revela que o
capitão Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, ainda tem muita força em
influenciar no resultado de muitos municípios de Rondônia. Exceto a capital que
possui características próprias, usar esta campanha para atacar o capitão
corona não é a melhor estratégia. É verdade que a pesquisa reflete uma
realidade do momento que muda conforme as circunstâncias. Como cautela e caldo
de galinha não fazem mal a ninguém, fica o alerta!
MORTO VIVO
Quem pensar também que o coronel e governador Marcos Rocha, em lockdown
desde que assumiu, é um morto vivo nas eleições municipais, pode tomar bola nas
costas e dar com os burros n’agua. A avaliação do coronel, especialmente no
interior, não está abaixo da média dos antecessores. Os índices computados e
conferidos ao coronel são menores do que o resultado obtido pelo capitão.
Contudo, ainda satisfatórios e capazes de ajudar aliados. Acredite quem
quiser!
MEDIOCRIDADE
Pelo menos este cabeça chata tem avaliado o governo do coronel Marcos
Rocha como medíocre ao utilizar critérios subjetivos para aferir seus
resultados. Já escrevemos por diversas oportunidades sobre o tema. A pesquisa,
no entanto, aplicada recentemente na maioria dos municípios, desmonta boa parte
das críticas cravadas na coluna. Isto não significa que o escriba vá se agachar
ao resultado, embora se curve aos fatos. Alguns secretários do governador
torcem o nariz quando veem este colunista, o que reafirma minha convicção de
mediocridade. Política também é feita de dissenso, mas com respeito. E o
medíocre por inanição intelectual desconhece as especificidades da
arte.
CACO
Os emedebistas não aprendem com os próprios erros e repetem nos períodos
eleitorais as mesmas sandices. A última convenção estadual terminou nas vias de
fato entre as duas alas que dominavam os diretórios da legenda. Quando todos
acreditavam que nas eleições municipais o MDB juntaria os cacos para tentar
eleger um número razoável de vereadores e prefeitos, eis que o erro da luta
fraticida interna expõe mais uma vez as fraquezas do partido.
CONSENSO
Na capital, por exemplo, em fevereiro, uma comitiva do partido se reuniu
com o então desembargador Walter Waltemberg, presidente do TJ na época, para
convidá-lo a ser o candidato do MDB a prefeito de Porto Velho. Entusiasmado com
a proposta, o desembargador largou a toga pelo projeto na esperança de ser o
candidato de consenso. Ledo engano, embora naquela comitiva emedebista
encarregada de fazer o convite ao então presidente do Tribunal de Justiça
estivesse o ex-secretário estadual de saúde, Williams Pimentel, eis que agora o
próprio Pimentel ensaia levar o nome à convenção para concorrer a vaga contra
Waltemberg.
UNIR
Quem conhece o ex-desembargador Walter Waltembeg, como este escriba – em
minha conclusão do curso de Direito tive a honra de ser orientado por ele no
meu TCC -, sabe que não é uma pessoa apegada a cargo ou jogada suja de
bastidor. É um constitucionalista da melhor cepa, tem um humor afinado e uma
personalidade crítica que nem sempre agrada aos mais conservadores. Mas é um
nome que poderia unir o MDB.
TROPEÇO
Como o MDB não aprende com os próprios erros, o erro de Walter
Waltemberg foi acreditar na comissão capitaneada por Williams Pimentel quando o
convidou para trocar o palácio da justiça pelo palácio da intriga. Um tropeço
que o magistrado não estava acostumado, visto que na política apelar abaixo da
cintura é a regra, não apenas um recurso.
BLEFE
Não há nenhum indicativo concreto de que Pimentel esteja decidido a
disputar mais uma vez as eleições municipais. Recentemente passou por problemas
doloridos e sabe que numa disputa eleitoral a vida pessoal de cada candidato
vira material de campanha e o arsenal contra Pimentel não é pequeno. O que
ninguém entende é o motivo pelo qual decidiu blefar que é candidato e esvaziar
uma candidatura que poderia dar ao velho MDB uma feição diferente. Algo de novo
que pode não ganhar as eleições, mas ganharia na qualidade da renovação e na
qualidade do candidato.
ABORTO
Instado a responder sobre a opinião do colunista em relação ao aborto,
em razão do problema de um estupro de uma menor no Espírito Santo que provocou
discussões nas mídias sociais, respondi ao meu interlocutor que não comungo com
os que defendem a interrupção por motivos políticos nem com os que são contra
devido aos dogmas religiosos. Minha opinião é que a mulher (no caso a vítima)
tenha o livre arbítrio para escolher a forma menos traumática para superar a
dor da violação sofrida. Não cabe a nenhum hipócrita dizer o que é melhor para
quem tem o corpo violado e abusado. Ao invés de debater o aborto como fim de
tudo, deveríamos nos debruçar sobre o combate ao crime de estupro e como criar
politicas públicas eficazes para acolher as vítimas da violação.
DELAÇÃO
A deleção de Antonio Palloci no âmbito
da operação Lava Jato, rejeitada por duas vezes pelo MPF por não esclarecer
nada de novo, tem tudo para se voltar contra o próprio delator. Ademais, a
efetividade de uma delação enquanto prova dentro de um processo é aferida
diante da veracidade e comprovação dos elementos fornecidos pelo colaborador.
Só com a obtenção da chamada "justa causa", a comprovação do que foi
delatado, é que a delação teria algum sentido. O que ocorreu afronta todo o
nosso sistema penal acusatório, colocando em risco a própria delação, deixando
na esfera de interesse do colaborador o direcionamento de investigações e ações
penais contra terceiros por ele delatados. Se não há elementos mínimos a
comprovar o quanto foi delatado, a conclusão é a falta de efetividade da
delação em relação aos fatos por carência de ‘justa causa’. Palocci não é
apenas um alcaguete, é acima de tudo, um criminoso contumaz. O remédio seria
regredir à condição constritiva anterior.
LEGITIMIDADE
Quem conhece os
meandros internos da vida política universitária da nossa Unir compreende
perfeitamente a dinâmica com que o Conselho Superior (CONSUN) escolheu os nomes
para compor a lista tríplice para reitor. Como este cabeça chata já trabalhou
por quatro longos anos na nossa Universidade Federal em tempos pretéritos,
reconheçe a legitimidade da escolha da lista de reitor que representa a
vontade livre de escolha dos docentes, discentes e corpo administrativo. Tentar
desqualificar a forma da escolha do reitor que anos vem sendo utilizado pela
Unir é negar a própria história. A universidade não pode e nem deve se curvar a
nada senão ao debate e a produção da ciência. A autonomia administrativa,
política e financeira é um tripé que forjou a Unir através de muita luta. O
CONSUN formou a lista legitimando o que a consulta universitária consagrou nas
urnas.
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