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Robson Oliveira

Ideologização + Contaminação + Infecção + Tragédia + Gambiarra


Ideologização + Contaminação + Infecção + Tragédia + Gambiarra - Gente de Opinião

IDEOLOGIZAÇÃO

Desde que a pandemia do Covid 19 se instalou no país, ceifando vidas em todos os estados e no mundo, os grupos que se rivalizam nas redes sociais transformaram o combate ao vírus em uma disputa ideológica. Os Médicos, por exemplo, os mesmo que fazem o juramento de Hipócrates, entram nesta onda e deixaram de lado os protocolos da ciência para comentar a pandemia nos seus aspectos políticos, inclusive atestando medicamentos sem comprovação científica.

 

CONTAMINAÇÃO

O coronavírus, no Brasil, conseguiu, além de matar seres humanos, contaminar o exercício profissional pela política. Vi e ouvi, nas redes sociais, vários médicos rondonienses prescreverem medicamentos em desacordo com o mundo científico apenas pela contaminação ideológica. Houve um, pasmem, que fez uma live garantindo que o Covid não sobreviveria um dia na região da Amazônia em razão do clima quente e úmido.

 

INFECÇÃO

Manaus, exatamente com estas condições climáticas, virou o caos e tem registrado todo dia uma curva crescente de mortandade. Pois bem, caros rondonienses, os fatos falam por si, apesar da live daquele médico rondoniense falando pelos cotovelos e sustentando o contrário, o Covid invadiu a Amazônia tropical com a mesma letalidade que ceifou vidas nos países frios da Europa. Prognóstico errado e prescrição equivocada, por quem tem o dever de zelar pela vida, mata tanto quanto qualquer outra infecção viral.

 

TRAGÉDIA

O trágico é que a insanidade ideológica provocada hoje em parte do mundo científico é a mesma que Hipócrates, grego considerado “pai da medicina” pelo mundo ocidental, verificava em face da medicina primitiva. Nos relatos sobre o grego podemos verificar que, enquanto muitos pensadores da época concentravam seus esforços na natureza em geral ou na moral e política, Hipócrates concentrava-se em observar e compreender o funcionamento do organismo humano, na esperança de encontrar explicações racionais para os males que atingem a saúde humana. O pensamento racional de Hipócrates resiste até hoje no enfrentamento das pandemias, embora alguns discípulos acometidos pelo vírus da política optem em previsões que remontam a idade da pedra.

PROTAGONISMO

O comportamento da enfermagem no enfrentamento da pandemia é impecável. Prova são as homenagens que os profissionais do cuidar estão recebendo publicamente mundo afora, inclusive por autoridades políticas. A enfermagem assumiu um protagonismo nesta guerra contra a pandemia idêntica às desempenhadas por Florence Nightingale – enfermeira pioneira em tratamento das feridas na Guerra da Crimeia (península anexada pela Rússia). Razão pela qual são os profissionais que mais tombaram nesta guerra e permanecem ao lado dos doentes nas vinte e quatro horas seguidas nas enfermarias e nas Unidade de Terapias Intensivas, protagonizando o lado mais humano da atenção à saúde: o cuidado.

 

INSPEÇÃO

Uma inspeção especial promovida pelo Tribunal de Contas do Estado no Estado de Rondônia em decorrência do Plano de Contingência do Covid 19, que exigiu a decretação de calamidade pública e concluiu por recomendar ações de isolamento e distanciamento social, além de uma avaliação técnica da necessidade de decretação do lockdown – fechamento de ruas, é a razão das ações adotadas recentemente pelo governador em manter a quarentena com o comércio fechado. Não fosse a correta intervenção do TCE, o governador Marcos Rocha já teria liberado o retorno das atividades comerciais e escolares. Há registros dele querendo liberar geral para atender às recomendações do seu maior ídolo na política, Jair Bolsonaro.

 

DETERMINAÇÃO

Entre as determinações, o TCE quer que o Governador Marcos Rocha e o secretário de saúde Fernando Máximo adotem medidas mais restritivas de locomoção da saúde pública, ante aos vários alertas e estudos apresentados. Manter a fidedignidade da informação da taxa de ocupação de leitos (clínicos e UTI) da rede pública, entre outras. A inércia governamental resultará em responsabilização.

 

ALERTA

Como o estado adquiriu recentemente uma unidade hospital privada pela bagatela de doze milhões de reais para ser colocada no atendimento dos enfermos com o Covid 19, o TCE alertou Marcos Rocha, Fernando Máximo e ao controlador geral Francisco Lopes que a aquisição de unidades hospitalares privadas, neste momento transitório do estado de calamidade, deve guardar reservas, pois, passada a crise, os imóveis permanecerão no patrimônio do Estado. Com isso, além de ser preciso haver critérios rigorosos de avaliação de mercado para tais bens, deve-se ater à utilidade pública deles dentro do futuro cenário de normalidade. Passada a pandemia deverá ser destinada à finalidade de pleno atendimento ao interesse público, sob pena de lesão ao erário, com responsabilização a quem lhe deu causa.

 

CALAMIDADE

Embora a decretação de calamidade pública afaste em tese as formalidades da lei para aquisição dos materiais, equipamentos e imóveis para combater a pandemia, não significa que tais compras possam ser feitas sem obediência aos princípios constitucionais da legalidade, publicidade e economicidade, entre outros. A calamidade não é uma regra geral sem critérios, sem lei. Não serão poucos os ordenadores de despesas que vão ser levados à UTI judicial por usar a calamidade pública para malfeitos. Estamos apenas no início de uma tragédia sem limites.

 

GAMBIARRA

A ação judicial sobre o desconto nas mensalidades das faculdades particulares em Rondônia, movida pela Defensoria Pública do estado, deve ser reavaliada com urgência após a declaração de impedimento da juíza. Os alunos,     parte mais fraca da relação contratual, acabaram arcando com os custos maiores com o advento da pandemia. Ainda que ocorram aulas on-line, convenhamos que é uma autêntica “Gambiarra”!  O pedido de 35% de desconto     é valor muito razoável no compartilhamento do prejuízo.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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