Terça-feira, 7 de julho de 2020 - 19h47
LIBERAÇÃO
Embora boa parte dos empresários e empregadores não esteja atenta aos
reflexos jurídicos da abertura geral das atividades laborais em razão do
coronavírus – os empresários pressionam para abrir tudo -, a Suprema Corte
reconheceu que a Covid é uma doença ocupacional. Significa firmar que alguém
contaminado no ambiente de trabalho e, dependendo da extensão do dano, pode
requerer indenização. Um garçom, hipoteticamente, contaminado no exercício
profissional pode ser indenizado.
PREVENÇÃO
Aquele estabelecimento que relaxa com os protocolos sanitários
instituídos para seu retorno ao funcionamento e não segue fielmente, as
consequências de não agir preventivamente podem ser onerosas, inclusive para
empregadores pessoa física. Portanto, a própria pressão utilizada pelo
empresário em geral, com manifestações públicas pelo retorno das atividades,
mesmo com recomendações contrárias dos especialistas da saúde, pode servir de
prova numa ação de indenização de danos morais e materiais.
INVERSÃO
Na posição firmada pelo STF, interpretando o artigo 29 da Medida
Provisória 927/20, na realidade, alterou o ônus de comprovar o nexo causalidade
entre a enfermidade adquirida e o exercício da atividade laboral. Antes,
conforme artigo da professora Gabriella Medeiros, considerava-se que o
empregado acometido pela Covid-19 não portava doença ocupacional, exceto se ele
comprovasse que adquiriu em razão da atividade laboral. Agora, como o novo
entendimento, o encargo probatório não é mais do empregado.
ÔNUS
A modificação de interpretação dispõe pelo ônus probatório invertido ao
empregador, e se considera que o empregado infectado porta doença ocupacional.
Caberá ao empregador provar que a contaminação não fora contraída no ambiente
do trabalho. Pressionar as autoridades políticas é algo muito fácil,
particularmente em momento de dificuldades e histeria para todos, queremos ver
daqui em diante o comportamento dos empresários com eventuais pressões dos
sindicatos dos trabalhadores na defesa da saúde dos filiados.
TALIÃO
É marca do governador Marcos Rocha em suas perorações citar a palavra de
Deus. Usa e abusa das exaltações éticas religiosas, mas quando contrariado em
seu trono governamental, reage duro com a mesma língua dos provérbios para
atacar os desafetos. Ao que parece a lei sagrada com melhor sonoridade para o
governador é a de Talião.
LÍNGUA DE FOGO
Primeiro, Rocha atacou o ex-aliado de campanha, deputado federal Coronel
Crisóstomo, depois o deputado federal Léo Moraes, e, em seguida, o prefeito
Hildon Chaves. Agora foi a vez de abrir o verbo contra o senador Marcos
Rogério. Como diria o apóstolo Tiago: “a língua é um pequeno órgão do corpo,
mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado
por uma simples fagulha. Assim também, a língua é fogo; é um mundo de
iniquidade”. Portanto, não basta citar a palavra sagrada quando na verdade o
íntimo é belicoso.
MENTIRA
A coluna tem sido crítica em relação ao atual mandato do senador Marcos
Rogério, principalmente em razão da falta de mais empenho com pautas dos
interesses rondonienses, a exemplo da transposição, das posições políticas
adotadas em votações de temas controversos, enfim, de um mandato senatorial
pouco operoso. Contudo, a troca de farpas entre ele e o governador, sejamos
corretos, o senador comprovou que Marcos Rocha mentiu ao afirmar que ele,
Marcos Rogério, não teria destinado nenhuma emenda para o combate à
Covid.
INERTES
Os recursos federais de bancada, da lavra do senador, não foram alocados
para o estado porque o secretário de saúde e o chefe da Casa Civil, instados a
se posicionar quanto aos recursos oferecidos, optaram em ficar inertes. O que
obrigou o senador Marcos Rogério a destiná-los para os municípios. Aliás, não
há um membro da atual bancada federal que lance uma única palavra elogiosa ao
governador e a inércia que assola as inações dos seus auxiliares. Nem por reza
forte este governo decola.
CANADÁ
Uma curiosidade tem tomado conta das rodas (virtuais) políticas da
capital, conforme a boca miúda. Embora estejamos a léguas de distância do
território canadense, uma bela fazenda com tais digitais fora comercializada
com preços acima dos padrões usuais. Em razão dos gastos perdulários, é que
despertou tanta curiosidade em tempos de crise. Há quem diga que o Canadá é
ali, bem perto de um rio em que as garças voam livres dos olhos curiosos.
Intrigante!
REGISTRO
A coluna abre parênteses para se solidarizar com o ex-governador Daniel
Pereira pela passagem do genitor para o andar de cima. As desavenças entre este
cabeça chata e o ex-governador não afetam os sentimentos humanos e
civilizatórios que devem permear o respeito entre as pessoas. Portanto, fazemos
o registro da passagem de um cidadão que tanto dignificou com bons exemplos os
seus familiares.
PONTE
Depois de dezesseis anos e muito empenho político concluíram a ponte
sobre o reservatório da Usina de Samuel, no Rio Jamari, em Itapuã do Oeste. Uma
obra conclusa a passos de tartaruga, mas resgata uma demanda enorme com a
população daquele município que utilizava de uma balsa para cruzar o rio. Na
ocasião da inauguração, o esforço do casal Raupp para alocação dos recursos foi
lembrado por autoridades. Podem falar o que quiserem de ambos, menos dizer que
não foram operosos com as demandas municipais, apesar do final político
conturbado.
INCOERÊNCIA
Não se justificam os memes nas redes sociais com alusão a morte do
presidente Jair Bolsonaro, embora ele mesmo tenha desejado a morte de uma
ex-presidente. Nem as sandices da família Bolsonaro (que são enormes) e a
irresponsabilidade com que trata a pandemia do coronavírus justificam torcer
para que ele sucumba à doença. É uma incoerência chamar o presidente de
fascistode quando a mesma pessoa que critica faz apologia a sua morte. Vivemos
uma crise civilizatória com manifestações cada vez mais agressivas de
intolerância. Bolsonaro é responsável em boa parte por todas estas crises, mas
nem assim, e apesar dele, devemos torcer pelo seu infortúnio. Teremos em breve
as urnas para abreviarmos sua vida política. Isto na hipótese de ele sobreviver
politicamente no cargo até as próximas eleições presidenciais. O que a coluna dúvida
muito! Vida longa ao Jair, é o que deseja a coluna.
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