Terça-feira, 16 de junho de 2020 - 19h35
LOCKDOWN
Quando decretou o lockdown com
uma outra denominação para não desagradar o presidente da república, o coronel
e governador Marcos Rocha reconheceu publicamente que o sistema de saúde
estadual estava em colapso. O isolamento mais rígido seria a forma mais
adequada para desafogar o sistema. Foi uma decretação atrasada, mas correta.
RETROCESSO
Anteontem, em coletiva, o coronel
Rocha fez um balanço superficial da pandemia em Rondônia e, diferente do rigor
da semana passada, decidiu afrouxar as regras do isolamento com a abertura de
várias atividades comerciais, inclusive, pasmem, o shopping center, embora o
sistema de saúde para atender os casos graves acometidos pelo covid-19 continue
caótico. Na coletiva, como de costume, concede a fala a um representante
patronal, membro de uma comissão supostamente de notáveis que “pensam Rondônia”
- que faz algumas conjecturas de cenários econômicos sem dados concretos. O
curioso é que em relação a dados técnicos com projeções de cenários do covid-19
não há uma fala que sustente o retrocesso do novo decreto.
CENÁRIOS
Um estudo com base científica de
professores e pesquisadores da área saúde da Universidade Federal de Rondônia
(UNIR), com projeções de cenários da pandemia, assinado pelos doutores Ana
Escobar e Tomaz Daniel Menendez, aponta que a flexibilização das medidas de
isolamento pode provocar um aumento exponencial mais devastador de infectados,
visto que o pico da doença na capital ainda não chegou. Pelas projeções dos
pesquisadores, entre os dias 20 e 21, é que esta curva será mais acentuada.
PLANEJAMENTO
A coluna não está em condições de
garantir que o governo estadual não esteja preparado para um surto maior,
contudo, pelas ações até o momento adotadas sob o comando da Secretaria de
Estado da Saúde, é possível deduzir que nossas autoridades sanitárias estaduais
não possuem um planejamento correto para o enfrentamento da pandemia em
Rondônia. O número de óbitos na capital, Guajará-Mirim e São Miguel, entre
outros municípios, comprova que faltou planejamento. Mais de três meses depois
do primeiro caso aqui registrado, agora é que a Sesau inaugura um hospital de
campanha, em Porto Velho. Neste período, acima de trezentos rondonienses
entraram nas estatísticas dos óbitos pelo coronavírus. Entre eles, vários
faleceram em razão da falta de um atendimento adequado.
TEMERIDADE
“Quem não deve não teme”, com este
bordão o secretário Fernando Máximo estufou o peito durante uma coletiva à
imprensa, após as ações policias de combate a supostos malfeitos na aquisição
de equipamentos de combate a pandemia, para anunciar que não tem nada de errado
na aplicação dos recursos para o bom combate ao covid. Mesmo sendo cedo para
fazer desafios, é verdade que esta operação policial não visou diretamente
Máximo, nem seus subordinados, verdade seja dita. O que ninguém sabe é se há
outras investigações em curso, como insinuou o deputado federal coronel
Crisóstomo, ex-aliado do coronel Marcos Rocha. Como "o tempo é o senhor da
razão", aguardemos os próximos capítulos desta nova onda pandêmica.
AJUDA
Em meio a uma tragédia sanitária
que afeta em geral todos os segmentos sociais, em particular as pessoas que
estão na informalidade e mais desassistidas, o anúncio do executivo estadual em
conceder uma ajuda financeira para quem precisa das ações sociais
governamentais merece elogios. Marcos Rocha, mesmo sob outras críticas,
acertou. Como também agiu corretamente em conceder um vale alimentação para
alunos da rede estadual. Utilizando como rubrica orçamentária a merenda
escolar.
INCONSTITUCIONALIDADE
O boquirroto ministro da (má)
educação, Abraham Weintrauber, tentou mais uma vez intervir na autonomia
política e administrativa das universidades públicas. O senado devolveu a
Medida Provisória editada pelo ministério que concedia poderes ao ministro de
nomear reitores pró-tempores sob a justificativa da pandemia. Foi mais uma
tentativa inútil que provocou reação dos mais diversos setores políticos e
acadêmicos do país. Nem na ditadura um ministro da educação foi tão vil contra
as IFES quanto Weintrauber. Também nunca houve alguém no posto tão despreparado
quanto ele.
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