Terça-feira, 17 de outubro de 2017 - 16h07
RESENHA POLÍTICA
ROBSON OLIVEIRA
ESPERTEZA – O país assiste atônito a um Congresso Nacional derreter no fogaréu das denúncias de malfeitos envolvendo os seus principais líderes. A esperteza anterior dos congressistas tem se transformado em ações dissimuladas que agridem a inteligência brasileira. A pauta senatorial da semana é exclusiva na tentativa de safar a cara do senador Aécio Neves, neto do astuto ex-senador Tancredo Neves. Uma frase dita pelo ex-senador mineiro, de saudosa memória, cai como luva sobre o neto: “A esperteza, quando muita, come o dono”.
FANTASMA - Aécio Neves é um morto-vivo da política nacional, enquanto Tancredo Neves, embora morto, viverá sempre na memória da boa política brasileira. O neto esqueceu de uma frase de cabeceira do avô que “na política é difícil distinguir os homens capazes, dos capazes de tudo”. Aécio tem comprovado que nossos congressistas são capazes de tudo para se safarem.
DESGASTE – Os senadores rondonienses que votarem a favor dos interesses menores do colega mineiro vão sofrer desgaste nas suas imagens (não andam boas nas fotos) incalculável. Mas, podem ficar certos, porque em 2018 vão ser cobrados, quando o tema da lei e ordem entrar na pauta eleitoral. Apostar na amnésia coletiva é jogar com a sorte, especialmente em tempos de mídias sociais ditando as regras das campanhas eleitorais.
IRRITAÇÃO – O senador Ivo K-SOL (PP) tem revelado aos colegas parlamentares que é candidatíssimo ao Governo de Rondônia. Nessas conversas, tem manifestado irritação com esta coluna por registrar em mais de uma vez que dificilmente o senador consegue o registro junto ao Tribunal Regional Eleitoral por constar no rol dos políticos judicialmente enquadrados na lei da ficha suja.
SANGRAMENTO – A irritação do senador pepista neste momento é descabida uma vez que caberá ao TRE definir a situação, e não à coluna. Ele (senador) alega que, mesmo sendo derrotado na corte eleitoral rondoniense, disputará o pleito com uma liminar e critica que a coluna não explica tal possibilidade. Por este ângulo o senador tem alguma razão, mas cada coisa a seu tempo. Este não é o momento de avaliar eventuais sangramento eleitorais. Cada coisa a seu tempo...
AMBIÇÃO – O vice-governador Daniel Pereira (PSB) começa a se movimentar nos bastidores na tentativa de se viabilizar como candidato a candidato a governador. Para que consiga êxito na empreitada pressiona o governador Confúcio Moura à renúncia ao cargo para ser candidato ao Senado, conspira contra as objeções partidárias de Valdir Raupp em ceder uma vaga a Moura e tenta se desvencilhar do compromisso assumido em apoiar Acir Gurgacz. Uma equação difícil de fechar para que a ambição do vice de vir a ser titular seja realidade.
BALÃO – Estamos praticamente a nove meses das eleições e é um período de muita conjectura sobre os cenários das eleições estaduais. Nomes que aparecem por aí, em particular nas mídias sociais, como prováveis candidatos, não passam de balão de ensaio. Na hora das definições a maioria comentada atualmente cai no esquecimento.
RETROCESSO – O governo Michel Temer faz qualquer negócio com os deputados federais para manter o mandato, após o MPF propor a segunda ação contra o presidente, o que pode acarretar no afastamento pela Câmara Federal. Por imposição da bancada ruralista, e para manter o mandato, o presidente editou uma portaria livrando os ruralistas flagrados com a prática análoga ao trabalho escravo de sanções imediatas. A portaria é um retrocesso ao que anteriormente vigia.
CRISE – A suposta crise entre o presidente da república Michel Temer e o presidente da Câmara Federal Rodrigo Maia, segundo o que avaliam observadores políticos brasilienses, é artificial. Na hora de colocar em votação a denúncia contra o presidente, Maia vai salvar Temer. Os “desentendimentos” entre ambos nas últimas 72 horas foram combinados para que Maia não sofra maiores desgastes, já que o deputado é provável candidato ao Governo do Rio de Janeiro. Crise de verdade somente a falta de vergonha!
TUMBA – Desde que Jair Bolsonaro abriu a tumba da intolerância e o discurso moralista que não aguenta um cotejo com a realidade, uma multidão de “belzebu” retornou à vida para assombrar quem ousa defender o que resta de liberdade de expressão (incluíndo aí artística). Quem conhece a história e sabe distinguir arte de ignorância não tem medo de enfrentar os “tenentes” dos exércitos infernais e desmascarar seu general maior que almeja transformar o Palácio do Planalto em inferno. Vade retro satanás!
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