Terça-feira, 10 de abril de 2018 - 14h39
RESENHA POLÍTICA
ROBSON OLIVEIRA
EMPULHAÇÃO – Vai começar a mesma empulhação em relação ao atual governador Daniel Pereira (PSB) que vinha sendo alimentada na imprensa em relação à saída do antecessor para disputar as eleições 2018. Daniel é candidatíssimo ao governo e vinha se movimentando nos bastidores nesse sentido. Conversou com vários dirigentes de partidos. Conheço vários relatos das conversas, tentando atrair força ao seu projeto de reeleição. Ainda é cedo para dizer que terá musculatura para avançar ao segundo turno, visto que não é uma liderança carismática – muito pelo contrário é sisudo e muitas das vezes grosseiro – e nunca foi muito bem nas eleições que disputou.
CANDIDATO - Dependerá do grupo político que Daniel Pereira conseguir reunir em torno desse projeto eleitoral e da habilidade para equacionar os interesses dos grupos antagônicos que atualmente gravitavam em torno do governo que acabou de renunciar. Em condições normais – caso permanecesse como vice-governador – não seria candidato ao executivo estadual e, portanto, a empulhação não teria resistido à data de hoje. Sua viabilidade eleitoral vai depender do desempenho daqui para a frente e dos concorrentes que vão se habilitar nas eleições. Embora com a máquina a possibilidade da pré-candidatura é pule de dez.
SINDICATOS – Pela formação ideológica do novo governador, os sindicatos estão em êxtase com a possibilidade de avançar nas negociações salariais já que Daniel Pereira é oriundo do movimento sindical e dirigiu pelo menos dois dos mais importantes: Sintero e Sindsef. A prova de fogo do governante será atender aos interesses dos servidores da CAERD quanto aos salários atrasados e, ao mesmo tempo, decidir o que fazer com o ato do antecessor Confúcio Moura que no último dia como governador assinou um decreto que dá início ao fim da companhia. Daniel não é (era) adepto da privatização, pelo menos enquanto respondia como dirigente sindical. Vai ser pressionado pelo Sindur a salvar a empresa, o que não é uma tarefa fácil mesmo para quem tem a formação ideológica de centro esquerda.
APOSTA – Muito se comentou nos bastidores políticos sobre a coragem do ex-governador Confúcio Moura em permanecer no MDB, para disputar uma vaga senatorial, sabendo que o senador Valdir Raupp domina a estrutura partidária e também é pré-candidato à mesma vaga. A turma do emedebê ligada ao ex-governador aposta num revés judicial do senador no STF, haja vista que há um processo concluso para ser julgado na primeira Câmara Criminal. O problema é que mesmo que seja pautado em maio até as convenções (julho) os embargos não terão sido julgados a tempo de inabilitar o senador. Os demais inquéritos sequer foram conclusos e ninguém tem previsão de quando serão enviados ao MPF para formularem as denúncias. Já a turma dos militantes do partido ligado ao ‘barba’ confidencia em reservado que não há candidatura nata ao Senado, exceto a do chefe. A melhor aposta a fazer é que as relações entre estes dois grupos vão azedar à medida que se aproximar a convenção. Os adversários agradecem. Quem viver verá!
GUISO – Já há quem cogite, nas hostes do MDB, que seja concedida a Confúcio Moura apenas uma vaga para a Câmara Baixa. Restando tão somente quem se habilite na direção do partido informá-lo da decisão antes que ele (Moura) coloque o bloco na rua visando pré-candidatura para a Câmara Alta. A avaliação é de que o momento não é propício já que o ex-governador desfruta de uma certa popularidade, mas como o tempo é senhor da razão, assim que o novo governador colocar as unhas de fora, será o momento para pôr o guiso no ex-governador.
RETORNO – A indicação de Eurípedes Miranda – ex-deputado federal e ex-candidato ao senado pelo PT – para a Casa Civil foi um acerto do novo mandatário do governo. É uma pessoa experiente, ponderada e avessa ao deslumbramento. O governador necessitará muito da expertise de Miranda para frear o clima belicoso que ele próprio criou com os principais líderes da Assembleia Legislativa. Em particular com o presidente do Legislativo.
PAPAGAIO – Embora seja um político com credenciais para almejar disputar qualquer candidatura depois que administrou Ji-Paraná, o segundo colégio eleitoral estadual, com competência, Jesualdo Pires deveria evitar o excesso de exposição ao lado do governador Daniel Pereira. Em todos os atos ou eventos públicos o ex-prefeito cola no governador feito grude. Em breve vai desbancar Lindomar Garçon da condição de papagaio de pirata. Aí vira folclore o que será uma lástima para quem foi avaliado com um excelente alcaide.
ESPÓLIO – Para quem conhece o mínimo da legislação eleitoral sabe que é dificílimo Lula conseguir levar ao fim e ao cabo a candidatura a presidente da república por estar inelegível. No último discurso, antes de se entregar ao cárcere, ele deu a pista para onde deverá emprestar seu prestígio ao dizer que a partir de agora deixou de ser um simples mortal e passou a ser uma ideia. E a ideia é emprestar o espólio lulista a um petista próximo ao ex-presidente. Haddad pode ser o ungido.
ESPARRELA - O troca troca de partidos que ocorreu até o último dia 7, pela janela casuística aberta pelo Congresso Nacional,muitos parlamentares aproveitaram para migrarem para as legendas menores na tentativa de escaparem da concorrência interna. Ocorre que nestas eleições. os filiados estão espertos e não querem servir de escada para eleger as velhas raposas e o troca troca pode ter sido uma armadilha para quem se achava esperto. Há deputado que se filou numa dessas legendas nanicas, o que afugentou outros interessados, e para alcançar o coeficiente eleitoral vai ser compelido a se coligar com seu ex-partido. Os nanicos não querem repetir a esparrela para atender os interesses dos espertalhões e, portanto, muita gente vai perder a eleição mesmo bem votado.
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