Quinta-feira, 30 de outubro de 2014 - 17h06
Robson Oliveira
Encrencado
O recém-eleito deputado federal Lindomar Garçon (PMDB) nem conseguiu comemorar direito a vitória nas urnas e foi surpreendido com uma derrota na justiça. O parlamentar foi condenado por improbidade pela Justiça Federal por envolvimento naquele indecoroso caso dos “Sanguessugas” (escândalo em que parlamentares federais colocavam emendas no orçamento dirigidas a uma empresa que vendiam ambulâncias superfaturadas e usadas).
Cassação
A condenação impôs a Garçon à perda das funções públicas. Embora caiba recurso, a situação do parlamentar complica porque ao assumir a Câmara Federal o caso vai ao STF e nessa instância a vida de parlamentares encalacrados não tem sido fácil. E os julgamentos, remetidos para as turmas, têm sido relativamente mais rápidos. Garçon pode perder pela segunda vez consecutiva o mandato em pleno gozo das funções.
Rolo
Para ter uma ideia do rolo em que está Garçon, após a condenação, passadas as eleições, os deputados federais voltaram a se preocupar com seus problemas na Justiça. Ontem uma comitiva de deputados foi ao STF tentar convencer os ministros a devolver a competência penal ao Plenário do Supremo Tribunal Federal e evitar que sejam sumariamente julgados nas turmas. Treze líderes partidários na Câmara dos Deputados se reuniram com o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski para demonstrar preocupação com o fato de, em um colegiado de cinco ministros, três terem o poder de condenar criminalmente um deputado e fazê-lo perder o mandato.
Degola
Ao que tudo indica a comitiva de deputados federais saiu da reunião no STF com a mesma preocupação com que entrou. Portanto, Lindomar Garçon, além de uma dezena de outros parlamentares, está enrolado. O suplente dele pode começar a encomendar a fatiota porque é questão de tempo a degola. Esse caso ainda vai alcançar o deputado Nilton Capixaba (PTB), que, segundo investigações, seria supostamente um dos mentores da sangria no orçamento em favor da empresa de Mato Grosso que fornecia as ambulâncias a prefeitos igualmente encalacrados com os malfeitos.
O corvo
Para piorar a situação de Garçon e Capixaba, Amir Lando é o segundo suplente nesta mesma coligação em que os dois saíram vencedores e, por duas vezes, quando suplente, assumiu ao cargo em situações em que os titulares foram defenestrados por fatos macabros: a primeira com a morte de Olavo Pires e, a segunda, com a prisão de Donadon. Nessa última também era segundo suplente e virou primeiro exatamente depois que Lindomar Garçon perdeu o mandato. Reza a lenda que tê-lo (Lando) no encalço não é nada auspicioso.
Assepsia
A higienização feita pelo eleitor no Poder Legislativo não foi completa embora tenha sido boa. Quem acompanha os bastidores judiciais tem a real dimensão do que espera boa parte da turma barrada nas urnas que usou e abusou no exercício do cargo. A coluna conseguiu acessar inquéritos que dará boas enxaquecas à trupe por um longo tempo.
Impeachment
É quase uma unanimidade que o prefeito de Porto Velho é incapaz de resolver os problemas mais comezinhos do municípios. A exemplo do lixo e dos buracos. Estamos encaminhando para o terceiro ano de mandato sem que Mauro Nazif possa apontar uma única e miserável obra de sua administração. Chegamos também a mais um período de inverno que anuncia ser rigoroso sem que as ações para conter as enchentes nos bairros tenham sido adotadas para minimizar o infortúnio das pessoas que neles residem.
Impeachment II
Os motivos são fartos para que Mauro seja defenestrado no cargo e abundam a cada estação, mas numa democracia onde impera a lei qualquer ação de força necessita seguir as garantias constitucionais. Portanto, o impeachment na marra proposto pelos zelos vereadores somente fortalece um prefeito capenga e incompetente. O erro dos vereadores deu a Nazif uma sobrevida para se mantenha no cargo sem a ameaça de ser afastado imediatamente. Enquanto a edilidade não cumprir com correção suas funções o melhor é deixar que a defenestração seja feita pelo eleitor. Embora não seja fácil aguentar Mauro Nazif por mais dois anos conduzindo o paço municipal. No entanto, impeachment sem seguir a liturgia jurídica é transforma-lo em vítima da própria inoperância. Tudo o que rezava pra acontecer.
Interfaces
Os desafetos do Mauro Nazif quando tiram sarro dele gostam de dizer que administrar não é o forte do prefeito. E ilustram as atividades privadas no ramo da medicina com exemplo de atuação mal sucedida. Todavia, não seria diferente o Mauro em administrar a coisa pública. Verdade ou exagero há uma distância incomensurável entre o Mauro Nazif parlamentar do Mauro Nazif executivo. Caso um pudesse conviver simultaneamente com o outro, o primeiro pediria a cassação do segundo. Uma renúncia seria uma saída digna, diria o ex-deputado Nazif. Mas ambos preferiram o silêncio e resolver a crise nas coxias.
Espalhafato
Ano passado o prefeito da capital fez o maior salseiro na imprensa anunciando que a cidade iria virar um canteiro de obras com a aquisição de uma centenas de máquinas pesadas. O anúncio não passou de mais uma extravagante enganação publicitária. Ou as máquinas não existem ou estão paradas em algum pátio da prefeitura de Porto Velho prontas para serem utilizadas apenas no ano eleitoral. Aliás, método enganoso que surtiu efeito em eleições recentes.
R e p r i s e
Revigorado nas urnas que lhes concederam eleger o maior número de governadores e congressistas, o PMDB não aguardou uma semana de trégua para colocar a faca afiada na garganta do governo e começar a cobrar as faturas futuras. Os sinais emitidos pelos peemedebistas indicam que os petistas e a presidente não terão sossego no segundo mandato. É o toma-la-da-cá em pleno vigor. Com a chancela das urnas. Esse filme é velho, reprisado no tempo, não tem mocinho e com final inexoravelmente conhecido.
Pergunta
Um leitor enviou uma mensagem eletrônica perguntando em nossa opinião o que faltou e qual principal motivo que impôs ao tucano e carismático Expedito Junior a perder pela segunda vez as eleições ao Governo de Rondônia? Resposta da coluna: faltaram os votos suficientes e necessários para vencer o adversário. O resto é conversa mole e fiada de palpiteiro da ponta de esquina que repete as mesmas tolices depois que o resultado é conhecido.
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