Terça-feira, 3 de agosto de 2021 - 16h04
POLÊMICA
Afeito a criar factoides com situações que aparentemente não são
fáceis para comprovação científica ou tecnológica, a exemplo do uso preventivo
da cloroquina no tratamento precoce da Covid, o presidente Jair Bolsonaro agora
insiste que o sistema eletrônico das urnas brasileiras é passível de fraude. E
garante que na eleição passada, em que conseguiu a vitória, houve fraude. Esses
factoides servem de motivação para que os seguidores do presidente ocupem as
ruas, embora cada vez é número menor.
LIVE NA MENTIRA
Uma live feita pelo presidente Jair Bolsonaro, quinta-feira
passada (27), voltou a espinafrar o sistema de votação eletrônica e cobrar o
voto impresso. Na live Bolsonaro havia prometido apresentar as provas das
supostas fraudes na segurança do sistema eleitoral brasileiro. O que se viu, no
entanto, foram ilações vazias, que foram desmentidas imediatamente em tempo
real pelo perfil do Tribunal Superior Eleitoral no Twitter.
PACOBA
Após a aparição do presidente nas mídias sociais com ar
beligerante, aliados preocupados com o desgaste pediram para que ele
(Bolsonaro) parasse com suas denúncias (mentiras), evitando confronto com a
corte superior eleitoral: em vão. Bolsonaro, além de continuar tripudiando
contra o presidente do TSE, manteve todas as denúncias da suposta fraude sem
apresentar um indício mínimo de plausibilidade e ainda passou um pito mandando
que o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, baixasse a crista. Um pito
típico de ditadorzinho de republiqueta pacoba.
SEGURANÇA
No mundo virtual não são raras as constatações de que a segurança
é violada. Aliás, as provas de violação têm gerado bilhões de investimentos na
automação bancária, por exemplo. No caso das urnas eletrônicas, diferente das
máquinas conectadas na rede mundial, as urnas não compõem a rede. Portanto, por
serem logadas individualmente a possibilidade de fraude está afastada, exceto
na manipulação humana de sua programação que é acompanhada por fiscais
partidários, assim como em suas lacrações.
DEVAIRADOS
Nenhum político com o qual este cabeça chata trabalhou em campanha
alegou que perdeu em razão de fraude nas urnas. As campanhas estão
profissionalizadas e os métodos estatísticos para apurar o humor eleitoral são
exatos. Esta gritaria pelo voto impresso é lorota. Papo furado. Coisa de maluco
que procura pelo em ovo para manter acesa esta polarização de jumentos
desvairados.
LOROTA
O candidato faz pesquisa para consumo interno e sabe
antecipadamente se fracassará ou não no dia da eleição. Os que alegam serem
vítimas de supostas fraudes, basta analisar sem paixão, perderam suas eleições
porque não fizeram o dever de casa. É elementar colocar a culpa em algum fator
de difícil comprovação para mascarar os próprios erros. Marcos Rocha, por
exemplo, saiu da condição de azarão do pelotão dos desconhecidos para ser
catapultado a governador e nem por isso o candidato por ele derrotado usou a
lorota de fraude nas urnas para justificar a fragorosa derrota.
ESTRATÉGIA
As urnas podem até ser violadas, mas é lorota de que alguém aqui
perdeu as eleições em razão disso. Quem perde lambe as feridas e escamoteia a
verdade para justificar a derrota. Exceto Bolsonaro, que, mesmo sendo vencedor,
acha que venceu numa eleição fraudada. Será? E os petistas acham mesmo que
foram fraudadas por um golpe judicial. Aliás, esta polarização de versões
alimenta os extremos e anula o centro. Daí a estratégia de aumentar o tom com
dedo em riste contra a democracia.
SUSPENSÃO
Na coluna anterior anunciamos que o Tribunal de Contas do Estado
havia anulado a audiência pública convocada pela prefeitura municipal da
capital para debater a contratação de empresa de recolhimento do lixo do
município. O CREA requereu sim a anulação da audiência devido à falta de
transparência nas discussões, mas até o momento o TCE não decidiu. Erramos ao
antecipar uma decisão que sequer saiu.
ANORMAL
Os críticos desse processo para a contratação da empresa do lixo
na capital alegam que a audiência pública, fundamental na legalidade do
certame, ocorreu num final de tarde de uma sexta-feira com restrições às
pessoas debaterem os temas e os pontos contratuais com mais profundidade. Não é
normal mesmo convocar para debater sobre um tema desta importância para o
município e os munícipes com restrições de tempo para perguntas e num final de
tarde qualquer. É preciso transparência com discussão mais ampliada. De
preferência transmitida pelas mídias sociais devido às restrições impostas pela
pandemia.
VASSALAGEM
O Governo do Estado não deveria transformar a questão do retorno
presencial dos estudantes rondonienses numa questão ideológica. O debate tem
que ser sanitário, com variáveis técnicas e estatísticas de pessoas vacinadas.
Rondônia é um dos estados que menos vacinou e o mundo voltou a ficar de alerta
com a chegada do vírus Delta, classificado como o mais letal de todos os
conhecidos. Os professores da rede estadual e municipal estão sendo vacinados,
o que é muito bom, mas as crianças e os adolescentes não. Voltar às aulas
presenciais sob o pretexto de vassalagem política é condenar à morte nossos
filhos para fazer graça a um pai presidencial que não põe limite aos seus
rebentos. Aulas, sim. Quando todos estiverem seguros para que alunos não virem
estatísticas de óbitos. Estamos ainda numa pandemia, não é uma gripezinha
qualquer, embora tenhamos governador que tripudie da doença por pura
vassalagem.
CIVILIDADE
Encontrei o Secretário de Estado da Saúde, Fernando Máximo,
embarcando do aeroporto da capital federal em direção ao de Porto Velho, sem
aquele indefectível gorro. Educadamente o secretário cumprimentou as pessoas da
fila do embarque (mesmo não me reconhecendo), inclusive eu. Foi uma troca de
cumprimentos civilizada como requer a boa etiqueta. Máximo estava retornando
depois de dias exaustivos perambulando pelos ministérios afins em busca de
recursos e vacinas. Não sei se a viagem foi exitosa, entretanto, nosso primeiro
encontro cara a cara foi fraterno, apesar das críticas ácidas que a coluna faz.
SEQUELAS
Cresce a pressão entre os tucanos para que o prefeito da capital,
Hildon Chaves, seja candidato a candidato a governador. A pressão tende a
aumentar na medida que o calendário eleitoral se aproximar de 2022 e pode
provocar racha entre os partidos que hoje dão sustentação à administração
municipal de Porto Velho porque o grupo trabalha hoje para viabilizar a postulação do
senador Marcos Rogério (DEM). A pressão vai ser grande, de todos os sentidos,
inclusive para que não dispute o pleito estadual. Um racha nesse grupo deixa
sequelas tão profundas que provavelmente afetará as candidaturas. Exemplos é
que não faltam.
AVALIANDO
Em conversa
com este cabeça chata o ex-governador Daniel Pereira revelou que avalia o
cenário estadual para definir o cargo que pretende disputar em 2022. A
princípio está disposto a disputar uma vaga de deputado federal e, dependendo
do cenário, não descarta a senatorial. Enquanto avalia e não decide, está aí um
bom nome para compor uma chapa majoritária na condição de vice. Embora tenha
estofo para almejar a titularidade.
LAÇOS
Depois de anos atritados, acertamos as diferenças por telefone e
programamos um encontro neste final de semana próximo regado a umas geladas.
Daniel cumpriu com dignidade os cargos de deputado, vice-governador e de
governador. Errou na relação comigo, mas agora, após quatro anos de
desentendimentos, reatamos uma relação respeitosa que começou trinta anos atrás
através de lutas que se projetaram ao tempo.
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