Terça-feira, 9 de agosto de 2022 - 10h03
PONTA-CABEÇA
Nos últimos dois dias
o que não faltaram entre os dirigentes dos partidos foram reuniões para os
fechamentos das convenções com seus respectivos candidatos. Ainda na
quinta-feira da semana passada, data da convenção do PSD, em Rolim de Moura, o
mundo político estadual ficou ponta-cabeça com a liminar que o ex-governador
Ivo Cassol (PP) conseguiu junto ao STF autorizando o PP a homologar seu nome
como candidato a governador. Embora haja outras implicações judiciais diversas
do mérito da liminar para que o ex-governador possa conseguir o registro da
candidatura, a novidade mudou todo o quadro eleitoral. Independentemente se
vai às eleições sangrando ou não, a liminar de Cassol afetou
outras candidaturas, em particular as de Marcos Rogério (PL) e Marcos Rocha
(União Brasil). E ambos sentiram as baixas entre os apoiadores.
LIMINAR
Mesmo enredado com os
problemas judiciais a serem vencidos para que se mantenha na campanha, a
entrada de Cassol no pleito revelou que possui uma capilaridade eleitoral
razoável e ainda muito viva no inconsciente coletivo de parte da população
rondoniense. Poucos candidatos alcançados pela lei da ficha limpa sobrevivem a
uma convenção e um número ainda mais estreito se jogaria numa candidatura com
um discurso incendiário como fez o ex-governador, mesmo sabendo antecipadamente
que há uma distância incomensurável entre o discurso beligerante e o mundo real.
Não precisa ser gênio para deduzir que o contexto jurídico é seu maior
adversário e que a liminar pode ser derrubada no julgamento do mérito. Além de
outras condenações existentes que o enrascam.
REGOZIJO
Bastaria tais fatos
jurídicos para verificar que Cassol não é um político qualquer, uma vez que
gosta de se regozijar em desafiar o óbvio e, contraditoriamente, convencer uma
parcela expressiva de seguidores de que ele pode tudo. E pode, muito, mas nem
tudo.
ESCÁRNIO
Até que a Justiça
Eleitoral declare definitivamente que Ivo Cassol está apto ou não a
concorrer às eleições, algo que pode ocorrer antes do primeiro turno, ele
vai incendiar a campanha e dar caneladas para todos os lados numa estratégia de
desviar a atenção do eleitor para seu passivo judicial. O goivo adotado,
aliado à beligerância, é um escárnio a Rondônia. É Ivo sendo
definitivamente Cassol. Os adversários vão ter que engolir, visto que
individualmente tem mais votos.
PROJETO
A disputa de um
governo estadual deveria ser a oportunidade para que os eleitores tivessem a
possibilidade de avaliar os programas de governo. Infelizmente não é o que
acontece. Os principais espaços continuam sendo ocupados pelos demagogos,
messiânicos e malfeitores. Mas nada disso ocorre sem a complacência dos mesmos
eleitores que vez por outra cobram dos seus representantes a assepsia na
política que não fazem. Daí o projeto a preponderar é o pessoal.
CONFORMAÇÃO
É perceptível o
quanto sentiu o governador Marcos Rocha, candidato à reeleição pelo
União Brasil, os efeitos devastadores da última operação policial que culminou
com busca e apreensão nas residências de autoridades. Em nota da Sesau, e não
do governo, como se um não fosse a extensão do outro, negou peremptoriamente as
buscas. Houve sim. Ainda bem que a malfadada nota não negou os fatos envolvendo
supostos malfeitos objeto das investigações.
DESDOBRAMENTO
Quem tem acompanhado
minuciosamente atento as operações sobre os fatos que vieram à tona, sobre os
atos supostamente ilegais na aquisição de testes para covid, percebeu que ainda
haverá desdobramentos, e ao que parece, ainda mais barulhentos com reflexos num
eventual núcleo político. Tudo que Marcos Rocha não precisa neste início de
campanha, uma vez que insiste em se apresentar ao rondoniense como um bom
samaritano.
HEURO
Apesar do principal
programa governamental ser o “tchau poeira”, a nuvem cinzenta paira nos céus de
Rondônia. As obras do Hospital Heuro, anunciadas com pompas numa martelada na
avenida paulista, pode vir a ser a maior dor de cabeça do governador. Corre de
boca em boca nos bastidores que o projeto de construção tão elogiado pelos
apressados de plantão pode virar um baita engodo, para não cravar algo mais
grave. É que o suposto investidor de Montes Claros, com um histórico bombástico,
estaria tirando o corpo fora. A coluna aguarda algumas informações
suplementares para dar os nomes aos bois, mas pode adiantar que o Heuro é uma
miragem. E pode virar um dor de cabeça danada para muita autoridade. Tempestade
à vista. “Tchau poeira”.
DER
O órgão mais
operativo do Governo de Rondônia é sem dúvida o Departamento de Estradas e
Rodagens que, em outros governos, sacudiu a política e a justiça. Tudo indica
que vai concluir este ciclo sem maiores turbulências (não é derivação de
tubos), embora na política nada mais surpreende...
EXPECTATIVA
Os meios políticos
aguardam com expectativa a definição do PSD, presidido pelo deputado federal
Expedito Neto, sobre com qual dos candidatos a governo vai se coligar. Neto não
esconde a ninguém que prefere apoiar o candidato Léo Moraes, do Podemos, mas o
martelo ainda não foi batido em razão da indefinição da candidatura ao Senado
de Expedito Junior. Definição que sai nas próximas horas e a coluna aposta que
a resposta é sim. A coligação com Podemos, idem. Portanto, Junior é candidato a
senador e vai compor com a candidatura ao governo de Léo Moraes. Política é,
acima de tudo, a arte de dialogar. Até o último minuto.
NOVIDADE
A novidade entre as candidaturas que
surgiram após as convenções é o nome do advogado Andrey Cavalcanti compondo a
chapa de Expedito Junior na primeira suplência ao Senado. Ex-presidente da
Ordem dos advogados de Rondônia e ex-titular do Conselho Federal, tem origem
numa família pioneira em Rondônia e transita com leveza entre todas as camadas
sociais. Andrey é uma unanimidade e surge estreando como uma boa novidade na
política. Profissional dedicado, competente e atencioso assina o nome em uma
das maiores bancas da advocacia de Rondônia, com extensão na Capital Federal.
Por coincidência, recebe, nesta quinta-feira, homenagem da Câmara dos
Vereadores de Pòrto Velho. Junior fez um gol de placa ao escolher para sua
suplência alguém com as credenciais do Andrey Cavalcanti numa vaga que sempre é
utilizada de forma sorrateira para acomodar familiares sem que o eleitor
perceba a manobra.
REPERCUSSÃO
Causou uma certa
comoção entre os amigos e correligionários o vídeo do ex-deputado federal
Carlos Magno que, pelas versões avexadas, teria sido barrado da pretensão em
ser homologado candidato a deputado estadual por Léo Moraes. Não passa de uma
leviandade tal versão, uma vez que Carlão – pessoa extremamente querida por
todos – havia sido alertado de que a vaga dependeria de um entendimento entre
os demais concorrentes, o que terminou não acontecendo.
IMPOSIÇÃO
Com a falta de
entendimento entre os pré-candidatos do Podemos, passaram a pressionar Léo
Moraes para que impusesse aos seus correligionários de goela abaixo a vaga ao
Carlão. Pior é que a exigência de uma imposição de cima para baixo é feita
pelas mesmas pessoas que falam em democracia. Será democrático impor uma
vontade individual sobre os interesses de um coletivo? Os partidos possuem
instâncias próprias e destroçar a ordem natural do apalavrado, como foi o caso
concreto, incluído Carlão, é falsear a verdade.
CARLÃO, O
CRISTÃO
É verdade que Carlos
Magno é vítima de um sistema eleitoral perverso e que ele livremente topou
participar. Parece uma incongruência, mas antes de filiar no Podemos,
bateu às portas de outras legendas que as mantiveram
fechadas mesmo sendo um virtual campeão de votos. Os partidos precisam
desse bicho (votos) para sobreviver às eleições. Ocorre que Carlão,
para alguns concorrentes, tem capilaridade acima do normal, e para a maioria
das nominatas, é contraditoriamente ruim. A estrutura do sistema da federação
derrubou a força eleitoral do queridíssimo Carlão. Não foi a primeira vítima e
nem será a última, apesar da comoção. O que não é justo é culpar quem de fato
não tem a culpa. Como ele próprio se diz cristão, basta falar o que com ele foi
palavreado: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. O resto é
lorota. E fé cega, com faca amolada.
VICE
Para contornar a
situação incômoda e para valorizar a capilaridade eleitoral de Carlos Magno, o
Podemos propôs que componha a chapa majoritária na condição de vice-governador,
o que ele teria inicialmente rejeitado e reafirmado a vontade de disputar uma
vaga na Assembleia Legislativa. A possibilidade não vinga porque os candidatos
homologados na nominata desistem em bloco caso ele seja imposto em ato de força
da direção partidária. Eis aí, portanto, o dilema.
FUJÕES
Nesta quinta-feira,
às 11 horas, a Rede Bandeirantes local promove o primeiro debate entre os
candidatos ao Governo de Rondônia. Léo Moraes (Podemos), Daniel Pereira (Frente
esquerda), Pimenta de Rondônia (Psol) e Marcos Rogério (PL) garantiram a
presença no evento. O governador Marcos Rocha (União Brasil) e Ivo Cassol (PP),
avisaram, por intermédio das assessorias, que não vão ao debate. Fugir de
debater as propostas a serem executadas na hipótese de vitória não é um bom
começo e não há justificativa plausível para a fuga.
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