Terça-feira, 12 de maio de 2015 - 16h44
Robson Oliveira
Intolerância
A crise econômica e política que acomete o Governo Federal tem provocado uma guerra ideológica nas redes sociais que beira a intolerância. A mais nova vítima é o advogado Luiz Edson Fachin, indicado pela presidente Dilma Rousseff para a vaga no Supremo Tribunal Federal aberta com a aposentadoria de Joaquim Barbosa. Criaram inclusive uma campanha ‘Fachin não’ para tentar impedir a aprovação do advogado no Senado Federal. Pessoas que nunca ouviram falar no advogado que, aliás, é reconhecido no mundo jurídico como um profissional qualificado e da melhor qualidade, engrossaram o coro da intolerância de não ao Fachin. A crise faz com que misturem as poucas coisas boas da política com as ruins. Como é o caso.
Fachin sim
Luiz Edson Fachin é uma das melhores indicações feitas nos últimos tempos para a Suprema Corte brasileira. Preenche todos os requisitos objetivos e subjetivos que o cargo exige. Os advogados e a maioria da sociedade estarão seguros com Fachin ministro. O advogado ao atuar num caso concreto defende o direito, o julgamento justo e a causa. Há um equívoco em achar que por defender esses princípios o profissional defenda o crime. A presidente acertou ao indicá-lo: já que este ano tem errado quase todas. O que intriga é a forma tímida com que a OAB tem se posicionado sobre a indicação. Fachin sim!
Superficialidade
Nem o presidente estadual do PT, Padre Ton, nem o prefeito de Cacoal, padre Franco, explicaram imediatamente e publicamente a confusão aprontada pela poderosa assessora da prefeitura de Cacoal, Maria Ivani, acusada pelo MP de se associar a vereadores para praticar malfeitos. Na boca miúda já se comentava da expertise da assessora, mas não havia elementos que comprovassem qualquer sacrilégio. Na nota que divulgou somente ontem(11) o prefeito não comenta as denúncias e aborda a apenas a investigação de forma superficial. Já a direção estadual do partido preferiu silenciar.
Apocalipse
O padre Franco não pode alegar desconhecimento porque parte da crise política do município foi criada pela assessora querida e com repercussões públicas. Ao optar pelo silêncio em relação à auxiliar o prefeito fecha os olhos aos pecados investigados já que as gravações com diálogos estarrecedores entre os envolvidos nessa iniquidade são infernais. O cômico disso tudo é que na campanha de reeleição do vigário petista o slogan adotado era “O bem contra o mal”. Um presságio apocalíptico.
Gênese
Embora o PT atravesse a maior crise desde a fundação, não está na militância partidária a gênese dos desvios morais e ideológicos. Há muito filiado comprometido com os ideais que forjaram a história do partido. O problema está em parte de dirigentes que subvertem as instituições para se perpetuarem no poder como se os meios justificassem os fins. Esses desvios têm inflado o ímpeto dos políticos espertos que se aproveitam da crise para engrossar o pedido de aniquilamento partidário. Mas o principal verdugo da legenda são os próprios mandatários que se utilizam de fórmulas ultrapassadas para justificarem o injustificável. A persistir no erro raso o PT se afogará num profundo mar de lama. Uma pena, pois nenhuma outra agremiação partidária do país possui em sua gênese origens populares quanto o PT. Os petistas sempre foram impiedosos com seus adversários, hoje experimentam do próprio veneno. E assim a história se repete...
Empulhação
Em março, numa audiência pública convocada pela Câmara dos Vereadores da Capital, o superintendente do Dnit garantiu aos presentes (este cabeça chata testemunhou) que as obras dos viadutos de Porto Velho seriam reiniciadas em março e até hoje continuam em ruínas. A desculpa dos incompetentes é apontar as chuvas pelo atraso das obras de construção civil, o que não passa de empulhação.
Proporcionalidade
Apesar de alguns tribunais no país estarem acolhendo a tese de que para configurar o crime da lei seca o condutor do veículo tenha que ser flagrado visivelmente embriagado e incapaz de responder pelos reflexos motores, quem cai nessa blitz responde pela penalidade cominada em lei. O prefeito de Ariquemes, Lourival Amorim, é um exemplo de que a lei pode ser empregada de forma dura, inflexível e desproporcional. Fez o exame do bafômetro e foi constatado 0,35 mililitros por litro de ar expelido. A lei considera ato criminal quando o motorista é flagrado dirigindo com índice alcoólico no sangue superior a 0,34 miligramas por litro de ar expelido. Um mililitro provocou prejuízo ao prefeito e o fez conhecido nacionalmente por dirigir supostamente embriagado. Está aí uma matéria controvertida e que necessita uma rediscussão legislativa para que seja aplicada de forma proporcional.
Enxofre
Em artigo publicado no site Gente de Opinião, o governador Confúcio Moura registra de forma clara e corajosa que o atual modelo de estado se exauriu o que exige um novo pacto federativo. Embora não tenha dito que precisamos de administradores arrojados, criativos e dispostos a resolver os problemas sem colocar como prioridade os interesses políticos midiáticos, o texto do mandatário põe culpa apenas no patrimonialismo do estado brasileiro. Para que haja mudanças os políticos terão que doar uma porção considerável de sangue, suor e lágrimas. Apesar de concordar em tese com a preocupação contida nas linhas escritas pelo governador, percebi no conteúdo apenas um odor de enxofre que exala das entranhas de um estado perdulário e pré-falimentar. Temos que reconhecer que o texto propõe um debate interessante.
Versalles
Como somos apreciadores da boa música, incluindo aí o Rock, ficamos felizes em assistir à apresentação da banca rondoniense Versalles no programa SuperStar da Globo. Foi uma participação primorosa e merecedora do primeiro lugar da noite. A letra autoral cantada também é da melhor qualidade. A banda é um verdadeiro tratado da paz musical.
Memória
Mais uma vez a Justiça Federal interviu para que o que ainda resta do complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré seja preservado. Nossas autoridades são extremamente relapsas com os monumentos históricos e culturais. Não há uma preocupação em resguardar a memória para que as futuras gerações possam ter acesso à própria história. Não fosse o empenho de abnegados e o zelo judicial o complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré teria submergido com as cheias. O prédio do relógio está próximo de ficar em ruínas. Nossos governantes possuem uma atração obtusa por obras inacabadas e, portanto, gostam de ruínas.
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