Segunda-feira, 14 de dezembro de 2009 - 15h28
Recebi da Associação dos Pecuaristas de Rondônia-APR/RO o livro de Nelson Ramos Barretto e Paulo Henrique Chaves “Agropecuária-Atividade de Alto Risco” editado pela Editora Artpress. Que a agropecuária é uma atividade de alto risco, para quem é economista como sou, não é nenhuma novidade. Pode-se dizer até como Sherlock Holmes que “È elementar, meu caro Watson”. A questão é que o livro é de grande valia e revelador das dificuldades adicionais que, no Brasil, o agronegócio tem que enfrentar e vencer. Neste sentido é um livro indispensável por revelar muita coisa que permanece oculta sob os conhecidos chavões sociais que são alimentados por um projeto de estatização que, em nome de uma suposta pobreza, na verdade solapa a eficiência econômica e os valores democráticos.
É espantoso o que o livro elenca de leis prejudiciais, de intervenções maléficas do governo que são, sempre, contra os que trabalham por criar riquezas a partir da terra. Principalmente são dissecadas as formas solertes de atentado contra o direito de propriedade, que é uma ameaça constante brandida contra o setor pelo Movimento dos Sem Terras-MST, alimentado por verbas públicas e, muitas vezes, por organizações religiosas que ultrapassam os limites de seu sacerdócio para, em nome de uma melhor distribuição social, fazer política ignorando que, conforme as palavras de Jesus, a função religiosa se destina a modificar a realidade não pela insuflação ao ódio e a luta de classes, mas, pela mensagem do amor.
Como muito bem acentua o livro a questão da reforma agrária, na atual realidade, “é uma incoerência governamental inusitada no planeta” na medida em que, como comprovado pelas próprias pesquisas públicas, os novos assentamentos, quando conseguem produzir, produzem uma quantidade irrisória e sem sustentabilidade econômica, além de ser comprovado que respondem por 20% do desmatamento da Amazônia. Efetivamente os assentamentos rurais, com áreas cada vez menores, que, supostamente, deveriam ser para diminuir os conflitos no campo e proporcionar aumento da produção proporcionando renda aos “sem terras” somente tem servido para criar uma indústria de vendas de lotes e aumentar a tensão no campo. Neste sentido o livro é precioso ao acentuar que “Há no país cerca de 4,5 milhões de propriedades rurais, número equivalente à soma das propriedades rurais dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Argentina juntos” e que, apesar do governo destinar ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, em 2008, R$ 2,5 bilhões, cerca de duas vezes e meia o que destina ao Ministério da Agricultura e Pecuária o que se faz, de fato, é incentivar problemas no campo e a destruição do meio ambiente, pois, apesar de hostilizado por agroreformistas, organizações religiosas e ONGs é o agronegócio quem produz com eficiência. E o agronegócio produz para sustentar seus algozes na medida em que, para as empresas e empreendedores são exigidos índices de produtividade enquanto nada é exigidos dos assentados. Ou seja, é uma aberração que se consolida ainda mais com as exigências feitas por leis esdrúxulas, como a do georeferenciamento, que demonstra a intervenção desastrada, estapafúrdia e ditatorial de um estado que oprime a quem lhe dá o pão e o leite. Recomendo a leitura que é esclarecedora sob todos os pontos de vista.
(*) É Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª e professor da UNIR
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