Segunda-feira, 8 de novembro de 2021 - 15h44
A maior crise
sanitária do Século XXI atinge o mercado valorizando o local e mudando
comportamentos
Uma análise dos impactos da pandemia do coronavírus sobre a economia
brasileira demonstra que seus efeitos foram avassaladores e ainda perduram
mesmo com a melhora da circulação das pessoas e do aumento do consumo derivados
da queda dos níveis de propagação do vírus e da vacinação. Quando examinamos
friamente a questão da pandemia é preciso verificar que a pandemia de Covid-19
tem deixou marcas profundas no mundo inteiro com mais 4,4 milhões de vidas
perdidas. É a maior crise sanitária do século 21 com uma receita para impedir
sua propagação que criou enormes problemas econômicos e de sobrevivência
aumentando o desemprego e a pobreza.
Também, pela forma impositiva das medidas de restrição, ou exigiu dos estados
a injeção de recursos financeiros em escala tão elevada para buscar reduzir os
impactos econômicos e o agravamento das desigualdades sociais. Levantamento do
Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou que, em 2020 os países do G-20
aportaram US$ 25 trilhões nas suas economias por medidas de estímulos fiscais
(US$ 15,23 trilhões) e monetários (US$ 9,32 trilhões). Os déficits fiscais
médios (a diferença entre as receitas orçamentárias dos países e suas receitas
como proporção do PIB, atingiram em 2020 11,7% no caso das economias avançadas,
9,8% nas economias de mercado emergentes e 5,5% para países em desenvolvimento
de baixa renda.
O Brasil, que retomava uma tendência de crescimento, apesar de medidas
econômicas adequadas do governo brasileiro, como as de manutenção de empresas,
empregos e auxílio emergencial, acabou tendo uma queda de 4,1% em relação a
2019. Isto porque, no 2º semestre de 2020, surpreendeu com uma retomada
agregada da economia em “V”, o que suavizou as previsões de queda superior a 9%
no Produto Interno Bruto (PIB) que foram feitas pelas agências internacionais e
pelo mercado. A reversão parcial das expectativas, porém, ainda assim
representou a queda do PIB de R$ 7,7 trilhões, em 2019, para R$ 7,4 trilhões, em
2020, ou seja, R$ 300 bilhões a menos.
Rondônia, como seria de se
esperar, sentiu os impactos da pandemia, a partir de 20 de março do ano
passado, quando se editou o decreto de Calamidade Pública. Estima-se que o PIB
de Rondônia, a soma de todos os bens e serviços que se produz durante o ano,
tenha tido, em 2020, uma queda de 4%, ou seja, um impacto de R$
1.800.000,000,00 (Hum bilhão e oitocentos milhões) que deixaram de girar até o
final do ano. As estimativas é de que, mesmo com a retomada da economia, por
conta dos efeitos ao longo do tempo, estes prejuízos já ultrapassaram os R$ 2,9
bilhões.
O governo estadual e os municipais, na sua
grande maioria, no ano passado, não sentiram tanto pelos recursos que receberam
do Governo Federal e a manutenção dos níveis de consumo. Por exemplo, a
Secretária de Finanças apontou que o faturamento acumulado das empresas
rondonienses contribuintes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) superou em 17,6% o faturamento acumulado no mesmo período do
ano anterior. A SEFIN informou que a arrecadação própria deu um salto, entre
agosto e dezembro de 2020, de R$ 376,4 milhões acima do valor registrado no
exercício de 2019, mesmo considerando a perda de arrecadação de R$ 183,3
milhões na fase inicial da pandemia, de abril a julho. Mas, é preciso verificar
que este dado é ilusório, pois, reflete os efeitos indiretos do auxílio
emergencial para 51% das famílias do estado e que, o consumo se concentrou em
algumas empresas de setores como supermercados, alimentos, bebidas, enfim, gastos
básicos e, especialmente, grandes e médias empresas, mas, 95% das empresas do
Estado são micros e pequenas.
É verdade que graças a isto também o Governo
do Estado e os municípios tomaram medidas visando minimizar os efeitos
econômicos da crise seja pela dilatação do prazo de pagamentos de taxas e
impostos, seja por medidas burocráticas que visaram facilitar a vida das
empresas e, dentro das possibilidades, programas de apoio, inclusive de
crédito.
Entretanto não se pode
negar que os impactos foram muito mais fortes em setores que tiveram suas
atividades quase que completamente restringidas, por serem consideradas como
atividades não essenciais, como as áreas de lazer, de entretenimento, de
turismo, os serviços de uma forma geral. Uma estimativa considerada boa, ainda
que os dados oficiais não reflitam, de fato, o que houve, seja por problemas de
formalização ou falta de informações é a estimativa de que o impacto global
resultou no fechamento de 11,4% das empresas do Estado. É muito comum que
muitas empresas, sem caixa e com problemas de recursos, fecharam sem
preocupações formais. Com a retomada e a melhoria do nível de emprego, mesmo
assim a taxa de desocupação de Rondônia, que é uma das mais baixas do País,
oscilou muito para cima, no ano passado, quando se estima que foram fechadas
cerca de 27 mil vagas, daí o recente crescimento da formalização de novas
empresas, a grande maioria de MEI, microempreendedores individuais, ou seja,
“empreendedorismo forçado”, pessoas que por falta de empregos buscam trabalhar
por conta própria para sobreviver. Mesmo agora, com a reabertura, 83% das
famílias afirmaram que perderam renda e isto se reflete no poder aquisitivo de
Rondônia que se encontra num patamar de 11,4% abaixo da média nacional. Assim,
por exemplo, no Dia das Crianças, a última data de vendas do 2º semestre, as
vendas, num primeiro balanço, foram só 2% maiores do que as de 2019, o que
ainda é insuficiente para repor os prejuízos.
Empreender no Brasil não é fácil. Nunca foi
fácil. E, com a pandemia, em Rondônia, a grande realidade é que as empresas
tentam sobreviver com uma carga elevada de compromissos atrasados, muitas
continuam com dificuldade de ter recursos para as folhas de pagamento e os
compromissos não esperam, de forma que, em geral, a busca de sobrevivência leva
à procura de crédito, o que dadas as condições, estima-se que, com todas as
concessões que se tentou dar, somente alcance 17% delas, justamente as mais
formalizadas e bancarizadas. A intenção
de consumo das famílias vem, gradativamente, subindo nos últimos cinco meses,
porém, ainda é 4,6% abaixo da nacional.
Diante da situação, o Governo de Rondônia,
por meio da Superintendência Estadual de Desenvolvimento Econômico e
Infraestrutura – SEDI, criou o Comitê Socioeconômico de Retomada da Economia,
visando
discutir propostas de incentivo à economia e aos
empresários, com a participação de representantes do Tribunal de Contas da
União – TCU, Empresários, Associações Comerciais e lideranças de diversos
segmentos. Algumas ideias discutidas foram postas em prática, todavia, a ação
do governo, e deve-se dizer dos governos, inclusive a União, é muito lenta
quando se trata de reparar prejuízos a outros setores. Há limitações legais, é
claro, porém, a prioridade dos governos, historicamente, tem sido manter as
contas em dia (o que não é errado, mas, a forma deveria ser pelo estímulo ao
investimento). Não há nenhum estudo estadual sobre o fechamento de empresas,
sobre os prejuízos que tiveram com as medidas de fechamento. Talvez, a melhor
forma de tratar o problema fosse buscar, via uma secretaria estadual, pedir
para empresários que perderam seus negócios ou tiveram prejuízos informar ao
governo para se criar um programa de recuperação para esses empreendedores.
Contudo não é uma tarefa nem fácil, nem rápida. Ainda mais que a sobrevivência
de muitas empresas ainda continua em perigo até porque
a pandemia do novo coronavírus mudou a
maneira como as pessoas vivem, se relacionam e consomem. Não se trata apenas da
transformação imediata, do primeiro momento, mas, a rotina da população foi
alterada de uma forma que vai provocar impactos de longo prazo no comportamento
das pessoas. Com um cenário assim, as empresas e marcas enfrentam o desafio de
entender as mudanças e se reposicionar no mercado, o que exige modernização, digitalização
e novos investimentos.
Entre as prováveis tendências a R/GA Network
Global aponta que mudaram, talvez, de forma permanente alguns comportamentos
como:
1- A reinvenção da casa
O confinamento, por longo tempo nas casas,
implicou na adaptação nos lares da rotina de trabalho e estudo. Neste período,
o público reproduziu experiências externas dentro de suas casas e se acostumou
com serviços delivere, bem como com o
crescimento de plataformas de trabalho digitais e programas de exercício em
casa;
2-Valorização do local
As restrições, com o apoio
da digitalização e do home office, levaram à valorização da produção local, que
deve ganhar força como fator de compra. Durante a crise, as pessoas passaram a
apoiar o comércio e a produção local e isto deve ser mantido no pós-pandemia. Até
mesmo grandes empresas, para não perder mercado, buscaram soluções para apoiar
a cadeia de pequenos e médios empreendedores;
3- O Minimalismo
A pandemia afetou as
famílias de diversas formas, inclusive, a renda. Este fator leva o público a
pesquisar mais os produtos e os preços e a repensar o que realmente é
essencial. Em especial também induz a
mudar comportamentos relacionados a saúde e alimentação, que passam a ser
prioridade, porém, também se reflete na interrupção ou redução de gastos com itens de luxo;
4- Mais digital e menos
contato
O isolamento social
claramente acelerou os processos de digitalização das empresas e levou os consumidores, que não estavam acostumados a
usar serviços digitais, a ver que podiam comprar com conforto e segurança, sem
contato. É um comportamento, como aponta o crescimento no Brasil para 30% do
consumo via e-commerce que tende a perdurar e crescer;
5- Cocriação e cultura maker
Com orçamento apertado e tendo que ficar em
casa, as pessoas estiveram mais dispostas a testar novos hábitos e criar
produtos ou buscar novas soluções. Este movimento deve se acentuar com o surgimento de inovações e possibilidades
criativas para a rotina e o trabalho;
6-Influência dos
especialistas
Por mais que tenham tido o seu comportamento
questionado, o engajamento em perfis de influenciadores aumentou na pandemia.
Um estudo recente da Kantar revelou que o desempenho dosanúncios em conteúdo
deste gênero cresceu 40%. No meio deste dilema, devem se sobressair os
criadores de conteúdo que tragam conhecimento e propósito, bem como os que
sejam reconhecidos por sua excelência nos seus campos de trabalho;
7- Foco no coletivo
A crise estimulou o público a se unir e pensar
coletivamente. As empresas passaram a ser cobradas e a fazer a diferença para
seus funcionários, consumidores e a comunidade. Este foco no coletivo deve se
estender para uma revisão nos modelos de negócio e uso de dados;
8- Experiências especiais
Com a retomada das atividades as pessoas deverão
procurar
Oportunidades de viver experiências fora de casa.
Devem valorizar mais isto, mas, o desejo
de aproveitar a vida não se desligará de cuidados e regras de segurança, nem de
buscar extrair o máximo da experiência. Certamente isto deve estimular
tendências de moda, esportes radicais, shows culturais e tatuagens.
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