Terça-feira, 20 de outubro de 2020 - 16h08
É verdade que, desde Keynes, os progressos na economia tem sido feitos, fundamentalmente, por agregação. São, de fato, por assim dizer, incrementais, sem tocar nos grandes fundamentos do estado da arte. No entanto, não se pode deixar também de acentuar que alguns novos desenvolvimentos são muito interessantes. Não tanto sob o aspecto econométrico, que tem sido acentuado mais pelo desenvolvimento da inteligência artificial, porém, do que denominamos de economia comportamental, a união, quase heterodoxa da psicologia e da economia que se consolidou, de forma inesperada, com, em 2002, o Prêmio Nobel de Economia para o psicólogo Daniel Kahneman, que, por sua obra, e determinação, fez mais do qualquer outro para criar o campo da economia comportamental. Mas, o que é economia comportamental? Uma definição possível é a de que seja o campo da economia que usa a psicologia com a finalidade de entender o comportamento e os processos de decisão de consumo dos agentes econômicos.
Para melhor esclarecer é preciso dizer que o comportamento é a forma como as pessoas reagem aos estímulos internos ou externos. Todas as decisões que tomamos, inclusive as econômicas, estão sujeitas à influência de fatores emocionais, culturais, cognitivos e psicológicos. Na economia tradicional o comportamento dos agentes econômicos, como empresas, profissionais da área e o governo, possui o pressuposto da racionalidade, enquanto que a economia comportamental cria um contraponto à isto, sugerindo, ao acrescentar alguns fatores cognitivos e emocionais na tomada de decisões econômicas, que elas não são tão racionais como se pensa. Embora, verdade seja dita, esta vertente econômica se baseie no modelo tradicional "neoclássico", ao introduzir à psicologia se demonstra que, por exemplo, se trata de forma diferente a possibilidade de uma perda da possibilidade de um ganho ou que a forma como se oferta um produto pode influir no seu consumo. Nem todos concordam com isto, pois, por exemplo, Nick Chater, psicólogo da Warwick Business School , é um crítico da abordagem da economia comportamental por entender que "O cérebro é a coisa mais racional do universo", embora complemente que "mas a maneira como resolve problemas é ad hoc e muito local." Ou seja, na sua visão formular leis gerais do comportamento humano pode não ser um caminho muito bom. O que não impede que a Economia comportamental seja uma das ideias mais quentes, inclusive em políticas públicas. Até o governo britânico usa a disciplina para melhorar suas políticas públicas e mesmo a Casa Branca criou sua própria equipe de insights comportamentais. De qualquer forma compreender a psique do consumidor e a irracionalidade da tomada de decisão humana parece ter um caminho promissor. E muitos governos, organizações e empresas estão utilizando seus princípios para criar produtos ou serviços vencedores, inclusive também como meio para testar no mercado novas soluções.
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