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Silvio Persivo

A fantástica trajetória de um desbravador da Amazônia


Américo Casara - Gente de Opinião
Américo Casara

Hoje, no Facebook, o Lito Casara colocou um post onde lembra que, neste 20 de março, completa 85 anos da morte de Américo Casara, que aconteceu no já distante 20 de março de 1940. Américo Casara foi um homem notável, e não apenas por ter sido o primeiro dos Casaras, na verdade o patriarca e iniciador da saga da tradicional família em Rondônia, mas, principalmente por sua maravilhosa história de vida. Bastaria para ver o quanto isto é verdade citar que sendo descendente de uma família tradicional italiana com ascendência em Los Angeles, se formou como arquiteto no Instituto Politécnico de Turim, um dos mais importantes da Itália e, depois, foi pós-graduado em Ciências Sociais e Políticas pela Universidade de Oxford, e, pasmem, em 1900, migrou para a lecionar na Universidade Católica de Quito, no Equador. Nesta cidade, depois que um grande incêndio destruiu Quito, foi o seu reconstrutor elaborando o Plano Diretor da cidade. Sua vida na Colômbia já mereceria um romance pelas idas e vindas, porém, fez história também em Iquitos e um aventureiro, uma alma inquieta tinha o sonho de possuir um seringal, de extrair borracha. E atrás deste sonho, mesmo casado e com filhos, se embrenhou pela floresta amazônica em busca de onde se estabelecer em cima de um burro, a pé e de canoa. E na busca pela selva nos lugares mais difíceis acabou aprisionado por um grupo de índios uitotos, viveu entre eles, organizou um dicionário da língua indígena, fez apontamentos sobre seus usos e costumes e transformou a aldeia, de 1200 índios, numa colônia agrícola virando, praticamente, seu chefe e orientador. Nem o tempo que passou, e os percalços desta aventura, o dissuadiram de seu sonho que iria realizar depois de morar em Guajará-mirim, Rondônia, ao formar o seringal Barranco Alto na região do rio Corumbiara. Ou seja, foi um dos primeiros a viver no Sul de Rondônia. Sem deixar de ser um intelectual montou invejável biblioteca, encravada na selva, e foi apaixonado pela música das grandes óperas, e fazia os nativos ouvirem admirados, numa vitrola importada que viajava com ele num saco feito de borracha, onde protegia seus discos de arame das intempéries climáticas. Suas cartas e apontamentos, memórias do seu tempo, falam de tudo um pouco: do comércio nascente e suas crises, em especial dos seringais de borracha com problemas de viabilidade, crédito, problemas fundiários, das viagens e suas dificuldades, que o fizeram lidar com rios, florestas, burros, canoas, índios, personagens de nossa história como o Aluízio Azevedo, que foi seu hóspede, com o fracasso, com o sucesso, com a vida e a morte. Aliás, para nossa sorte, está prestes a ser impresso, e lançado, o livro “A trajetória amazônica do empresário italiano Américo Casara-Tomo I” de Lito Casara (Emanuel Fulton Madeira Casara) e o professor e historiador Dante Ribeiro da Fonseca, que nos dão a oportunidade de conhecer uma bela história que merecia um filme, de tão extraordinária e cinematográfica. A trajetória de Américo Casara parece ser ficção, porém é uma recuperação da história amazônica, onde os seus pioneiros foram verdadeiros heróis para poder construir a realidade em que, hoje, apesar de todos os problemas, vivemos tão bem. Viva Américo Casara, um grande personagem de nossa história.  

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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