Sábado, 26 de setembro de 2009 - 14h58
Silvio Persivo (*)
O nome deste artigo é o título de um livro, se bem que também com o subtítulo “Estradas para o Futuro do Brasil” de Geraldo Luis Lino, Lorenzo Carrasco e Nilder Costa, que me foi presenteado pelo Sebastião Conti sempre atento aos problemas relativos à Rondônia. O tema, além de fascinante, deveria ser prioridade máxima nacional dado que o transporte hidroviário é o mais barato e eficiente para movimentação de grandes cargas a longa distância. Acrescente-se que o Brasil, o dado consta do livro, tem 44.000 km de vias navegáveis das quais se utiliza apenas 8.500 km e a maior parte na Amazônia. É uma prova de nossa ineficiência no setor, pois, os Estados Unidos utilizam regularmente 47.000 km, a União Européia 37.000 km e a China mais de 100.000 km. Existem razões históricas para semelhante descaso, porém, nos encontramos num ponto de inflexão na medida em que este passou a ser um gargalo decisivo para o nosso desenvolvimento.
Em apoio a esta tese, pelo menos, surgiu uma boa novidade quando em entrevista ao jornalista Sérgio B. Mota, do Monitor Mercantil (2/09/2009) o superintendente de Navegação Interior da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Alex Oliva, que, afirmou que novas hidrelétricas somente seriam aprovadas se forem acompanhadas de eclusas, no âmbito da Política Nacional de Recursos Hídricos (de 1997), que estabelece o uso múltiplo dos rios. Segundo ele, a determinação já valerá para as duas usinas do rio Madeira - Jirau e Santo Antônio, ou seja, as eclusas passam a ser uma prioridade e que 2010 será o ano das hidrovias. É preciso que, efetivamente, esta intenção se transforme em realidade, de vez que quando se defende, como tantas vezes tem se defendido a integração sul-americana nos discursos, o que não se destaca como essencial é que ela somente acontecerá com infraestrutura, com a integração física do continente. Só acontecerá com a implantação de um sistema moderno e eficiente de transportes e energia que integre o Centro-Oeste, a Amazônia Ocidental brasileira e a Bolívia por meio do que já se convencionou chamar de “corredores de desenvolvimento”. Para tanto as hidrovias são fundamentais inclusive como a visão premonitória do engenheiro militar Eduardo José de Morais, em 1869, já pregava via a ligação das duas maiores bacias continentais, a do Amazonas e do Prata. Visão retomada com maior abrangência pelo professor baiano Vasco Azevedo Neto, que defendeu o projeto que batizou de “Grande Hidrovia” centrado no eixo Orinoco-Amazonas-Prata. Nós, de Rondônia, da Amazônia, precisamos entender que a hora é esta. Precisamos das hidrovias como meio de transporte assim como não podemos abrir mão de exigir mais ferrovias. No entanto, com o Complexo do Madeira, as eclusas e as hidrovias se tornarão um imperativo amazônico e nacional. Elas serão o caminho inicial e inevitável da integração sul-americana.
(*) È Professor Doutor em Desenvolvimento Sustentável
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