Sábado, 19 de dezembro de 2009 - 13h54
Silvio Persivo (*)
A recente pesquisa feita pelo Instituto Vox Populi, para a revista IstoÉ, mostra que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), continua cada vez mais firme na liderança da corrida presidencial, com 39% das intenções de voto. Depois surgem empatados tecnicamente, em segundo lugar, Dilma Rousseff (PT), com 18%, e Ciro Gomes (PSB), com 17%. A pequisa ganha mais relevância por dois fatos recentes. O primeiro é que se trata da primeira pesquisa feita depois do programa partidário do PT, exibido no dia 10 último, em rede nacional centrado nas figuras de Dilma e de Lula da Silva. Assim o que os dados dizem é que, mesmo com a imensa exposição e com a ida de Lula e Dilma tentando transformar Copenhague em palco eleitoral, o desempenho da petista, tecnicamente, não variou em relação a outro levantamento do Vox Populi, feito dias antes de o PT ocupar o horário nobre da televisão por 10 minutos, e avançou apenas um ponto percentual, ou seja, dentro da margem de erro, em relação à pesquisa do Ibope. Em outras palavras, Dilma não decola e, para piorar, os especialistas, com bases nos dados da pesquisa, afirmam que com 41% de rejeição sua possibilidade de crescimento não é muito grande, em outras palavras, Lula transfere votos sim, mas, em grande parte já transferiu quase tudo que podia por Dilma ser uma completa desconhecida que ele vem tentando com enorme esforço transformar em uma figura pública.
O segundo fato relevante é, sem dúvida, a desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que, com enorme bom senso e desprendimento pessoal, compreendeu que a hora é de Serra abrindo caminho para a passagem de quem apresenta, como na eleição anterior, o maior cacife eleitoral. É um gesto que, de um lado, fortalece a candidatura de Serra, mas, por outro não deixa de também dar maior dimensão à própria figura do governador mineiro que poderia tentar fazer o que Alckmin fez e acabou sendo um desastre para seu partido. Sendo um político novo e com amplo trânsito com o governador paulista a saída de Aécio é um passo estratégico para fortalecer sua imagem pública e, eleito, como será, senador numa futura administração tucana terá um imenso espaço para consolidar-se com uma opção presidencial no futuro.
Tudo parece indicar que a hora é mesmo de Serra. Afinal os dois mandatos de Fernando Henrique e de Lula foram conseguidos graças a manter patamares de intenções de votos semelhantes aos ostentados por Serra e, para melhorar sua situação, depois dos problemas em que Temer esteve envolvido a sugestão de Lula de três nomes para vice azedou as relações PT/PMDB. O que deve ficar pior na medida em que as eleições nos diretórios estaduais de ambos os partidos escancarou-se o racha nos interesses estaduais mostrando que a repetição da aliança com o PMDB nos Estados está cada vez mais complicada. Em conversa com auxiliares nos últimos dias, o presidente Lula da Silva admitiu que, em pelo menos cinco Estados importantes, seu candidato terá que subir em dois palanques (Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pará), mas, há problemas em outros estados que nem se pensava como São Paulo, Ceará, Paraná e Goiás com sérios problemas de soldar uma união em torno de Dilma. Há mesmo no PT quem considere que seria bem melhor trocar de candidato.
(*) È professor de Economia Internacional da Fundação Universidade de Rondônia-UNIR
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