Segunda-feira, 6 de abril de 2009 - 17h24
É muito comum que, quando uma notícia não agrade a um político ou a um dirigente sua primeira reação seja desqualificar a imprensa. Uns mais tendentes a ter desejos ditatoriais nem precisam ter tantas noticias assim, pois, vive pensando em meios de cooptar, domesticar ou enquadrar a imprensa por meio seja de leis, seja de regulamentos ou até mesmo mandando, quando o jornalista é estrangeiro, para fora do país.
O engraçado é que se raciocina sempre como se a imprensa fosse capaz de manipular o público ou que os jornais só publicam aquilo que interessa aos agentes econômicos e políticos dominantes (se bem que no Brasil com a fortuna que o governo gasta em propaganda isto não está muito longe da verdade) ou que nada se publica sem que o dono, ou os diretores, tenham aprovado ou que a imprensa é marronzista, ou seja, se guia apenas pelo dinheiro.
Ora, apesar dos últimos resultados eleitorais terem derrubado a tese dos formadores de opinião o que se depreende deste tipo de pensamento é uma tese difícil de defender: o público dos meios de comunicação seriam uma tabula rasa com o qual, por exemplo, a Rede Globo faria o que bem desejasse. Nem parece que nós, humanos, raciocinamos por padrões lógicos, por suposições que consideram os nossos interesses procurando as opções mais prováveis ou exeqüíveis, chegando a conclusões prováveis, que podem nos conduzir à aceitação ou rejeição, simpatia ou antipatia, engajamento ou indiferença. Neste processo, muitas vezes, pesam muito mais as situações, as amizades, os compromissos financeiros, a situação econômica do que qualquer tipo de argumentos ou juízos de valor até mesmo dos nossos ídolos quanto mais de jornalistas ou intelectuais que se ouve ou lê, na maioria das vezes, esporadicamente. Em suma, a informação ganha sentido num contexto onde pesam os valores, a experiência ou o grau de informação. Por mais que meu conhecimento, por exemplo, de economia seja grande, nenhum leitor vai aceitá-lo simplesmente porque sou professor e exponho minhas idéias. Dentro do seu grau de conhecimento, é claro, que vai, em geral com o mínimo de esforço, analisar a mensagem, contextualizar o que pode aproveitar, e, o que não se bate com as informações já disponíveis na memória é simplesmente ignorado.
O que é mais interessante é que, na maioria das vezes, quem defende estas teses absurdas são pessoas que se dizem de esquerda, contrariando o pensamento das massas revolucionárias de Marx e adotando, ingenuamente, a visão das massas passivas, que é um conceito muito do agrado das teses fascistas de Le Bom e de Goebbels que sobreviveram a Hitler e se incorporaram, com alguma maquiagem, ao centro conservador ou liberal e, agora, são consideradas "de esquerda". A questão da informação não passa somente pela qualidade do jornal e do jornalista, mas, principalmente, pela educação do povo. Todos sabem que se há uma verdade é a de que os discursos do poder são unânimes na louvação dos feitos dos governos e governantes e, na sua essência, hipócritas. Todavia, as pessoas dependem, cada vez mais, do fluxo de informação. Hoje muito mais do que em qualquer outra época da História. Sem informação jornalística, o homem não consegue orientar-se bem, mas, o jornalista, como o político, é fruto de seu meio. Não se espera que no milharal nasçam rosas.
Fonte: Sílvio Persivo / www.gentedeopiniao.com.br / www.opiniaotv.com.br
sivio.persivo@gmail.com
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