Quinta-feira, 13 de agosto de 2009 - 16h16
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômica (Fipe) elaborou, a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, a pesquisa Produção e Vendas do Mercado Editorial 2008 que demonstra que, ao contrário do que muita gente apregoa, se lê hoje muito mais do que antes. Basta verificar que houve um crescimento de 13,39% de títulos novos colocados no mercado, bem como os livros para o público infantil cresceram 14,02%, as novas obras de literatura juvenil, 41,88% na comparação com 2007, o que demonstra que as editoras estão voltadas para atingir a faixa de público mais jovem. Fato comprovado também pelo aumento da quantidade de exemplares que foram 4,95% a mais de livros infantis e 9,26% a mais de livros juvenis do que em 2007 quando na média geral, a produção de novos exemplares foi 3,17% menor em 2008 do que no ano anterior. Isto se deve, segundo os analistas, a que os jovens e as crianças estão lendo mais do que os adultos. Aliás, isto já havia sido evidenciado pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2007, que acentua que um percentual de 39% dos 95,6 milhões de leitores brasileiros têm entre 5 e 17 anos. Não apenas isto: entre os leitores de até 10 anos de idade, a média foi de 6,9 livros por ano. E au¬¬menta na faixa etária dos 11 aos 13 (8,5 livros por ano) para cair levemente entre os jovens de 14 a 17 anos (6,6). Vale frisar que isto se deve em grande parte a exigência da escola, pois, o incentivo para a formação de jovens leitores é proveniente da escola e da família, com 73% dos leitores com idade entre 5 e 10 anos citando as mães como as grandes incentivadoras do hábito da leitura. E, entre os adultos que cultivam o hábito de ler, um em cada três disse ter lembrança da mãe lendo um livro, e 87% afirmaram que os pais liam para ele.
No mundo da televisão, do videogame e da internet muitos podem pensar que o livro não tenha a importância do passado. Ledo engano. Não há uma boa formação intelectual nem científica sem uma boa leitura. E ler é uma questão de hábito, daí a necessidade imperiosa de que se estimule a leitura. E, para estimular as crianças e os jovens, não é a obrigação o melhor caminho, mas, sim o prazer de ler. Porém, para estimular a leitura são necessárias algumas medidas importantes do poder público que pode facilitar esta tarefa, principalmente, em termos de facilitar o acesso às obras literárias. Afinal livros são, ainda, muito caros no país. Assim a primeira delas surge como a necessidade de construir mais e melhores bibliotecas, equipadas com mobiliário e estantes com altura adequada para tornar mais fácil o acesso dos pequenos leitores. Também aumentar o número de bibliotecas é fundamental na medida em que grande parte de municípios brasileiros que não dispõem de uma biblioteca sequer. Não menos importante é a melhoria da distribuição, ou seja, promover o crescimento do número de livrarias. Segundo as estatísticas existem menos de 4 mil estabelecimentos destinados a atividade quando o ideal, dentro dos padrões mundiais, seria ter, no mínimo, cerca de 10 mil. Sem dúvida, porém, o mais importante é tornar os livros mais acessíveis sem deixar de serem atrativos e interessantes. Os livros brasileiros, justiça seja feita às editoras, possuem acabamentos primorosos, capas cada vez mais bonitas e procuram caprichar no conteúdo, mas, por razões de mercado (as tiragens são pequenas) os preços são o grande obstáculo a um alargamento maior do acesso. O fato é que se faz necessário um esforço muito maior e uma determinação política para que os livros possam se multiplicar e ser a porta de entrada para um mundo melhor onde os sonhos e as fantasias se tornem o início de uma educação melhor que só com muitos leitores poderá existir.
Fonte: Sílvio Persivo
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