Sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010 - 12h08
Por mais elogios que Lula faça ao “companheiro” Chávez a grande realidade é que a situação na Venezuela é, cada vez mais preocupante, sob o ponto de vista da democracia e da estabilidade. Embora promova eleições e plebiscitos ninguém duvida que sejam pouco representativos na medida em que, com grupos paramilitares e pressões diversas, o governante venezuelano impôs o que bem quis até aqui. A questão, agora, é que, apesar do poder opressivo que mantém, o presidente Hugo Chávez enfrenta a situação mais crítica, em 11 anos de go¬¬verno. As ruas de Caracas e de muitas cidades, a partir do fechamento de emissoras de televisão, foram tomadas por manifestantes que pedem o fim do regime, frente ao caos econômico, à repressão aos opositores, contra a censura aos meios de comunicação e outras medidas autoritárias que desrespeitam sistematicamente os direitos humanos e a Constituição. Se, internamente, esta é a situação, externamente, além das instituições de imprensa e outras importantes entidades que protestam, o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera colocou uma pá de cal em qualquer tergiversação ao definir de forma clara que “A Venezuela não é uma democracia”. Até Lula, que de bobo não tem nada, emudeceu.
Para tornar mais crítico ainda o ambiente na Venezuela, depois de protestos relâmpagos de estudantes em Caracas, um grupo de antigos aliados de Chávez, liderados pelo ex-ministro das Relações Exteriores Luis Alfonso Dávila e pelo ex-ministro da De¬¬fesa Raúl Isaías Baduel, pe¬¬diu a renúncia de Hugo Chávez, argumentan¬¬do que ele perdeu a legitimidade e assim deveria se afastar e solicitaram que “Para afastar este país de outros males, como os que ocorrem agora, nós formalmente pedimos que você renuncie”, disseram numa nota do grupo que se intitula Polo Constitucional. Os ex-aliados acusam o presidente de exercer um “modo autocrático, totalitário e autocentrado de governar” e consideram que seus ataques verbais aos opositores estão criando no país um clima de “intolerância” e “ressentimento”. A oposição ganha mais força a cada dia mesmo com toda a repressão e há rumores, que Chávez desmente, que existem sérios descontentamentos nas Forças Armadas, o que pode propiciar um golpe de Estado.
No entanto o real, o problemático mesmo são as manifestações sucessivas e crescentes da população que é obrigada a ouvir longos discursos oficiais para explicar a crua realidade do país que tem problemas de abastecimento de energia, de água e, em vários setores econômicos, uma ineficiência que se reflete na falta de produtos que, em outros países, seriam considerados essenciais. È preciso lembrar, por exemplo, que os bens duráveis, como geladeiras, fogões, a linha branca em geral, é importada e somente se pode obter entrando numa longa fila que, face aos problemas de balanço de pagamentos, representa, muitas vezes, anos. A falta de produtos e de abastecimento, as limitações econômicas de um modo geral, inclusive de gêneros de primeira necessidade (nos supermercados o normal são prateleiras vazias), a falta de infraestrutura básica, de saneamento e de saúde, a miséria e a alta criminalidade, que tornaram Ca¬¬racas uma das cidades mais perigosas do mundo, e a corrupção são sintomas da desintegração do governo Chávez. O mercado negro, como nas antigas repúblicas soviéticas, já parece maior do que o formal e a fome assola boa parte da população e os problemas não tem solução visíveis. O fato real é que, por detrás do discurso ideologizado, aparentemente favorável aos mais humildes, usando um socialismo de fachada, existe uma farsa perpetrada por um ditador que governa apenas em proveito seu e de seu grupo. Por tudo isto, a Ve¬¬ne¬¬zuela parece um país à deriva ou pronto para explodir, diante das suas graves dificuldades e Chávez tem lugar garantido entre os governantes que, mal consigam colocar para fora, todos procurarão rapidamente esquecer.
Fonte: Sílvio Persivo
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