Domingo, 6 de maio de 2007 - 12h52
São cada vez maiores, no mundo atual, os sinais de violência contra o outro. E a violência maior, na maioria das vezes, é invisível na medida em que, se uma morte por bala perdida causa comoção e horror ou, como recentemente, na Paraíba, um grupo de bandidos usa mais de cinqüenta pessoas como reféns para estabelecer uma barreira humana, afim de escapar da polícia, nos faz ver como os bandidos chegaram a uma audácia sem limites, o fato repercute, mas resulta das pequenas (e grandes) violências que se cometem no dia à dia.Isto, no entanto não acontece por acaso. È fruto do que a ex-juíza Denise Frossard alegava, numa entrevista a Marília Gabriela, que há a violência maior do uso do Estado contra o cidadão negando ou usurpando os seus direitos.
É preciso, aqui, relembrar que violência, derivado do Latim violentia, quer dizer qualidade do que é violento, ímpeto ofensivo, veemência, tirania, abuso de força e opressão, ou na sua forma jurídica, o constrangimento exercido sobre uma pessoa para a obrigar a fazer ou a deixar de fazer um ato qualquer, coação no seu sentido estrito. Assim entendido quem tem maior possibilidade de coagir? O governo, é claro. E se é um governo que não atende as classes mais esclarecidas, que não trata como iguais os cidadãos comuns, se divide a sociedade em classes e trata certas classes com evidente má vontade, desrespeito e até perseguição, enquanto concede benesses a quem julga necessário dentro de uma concepção própria de poder republicano isto é ou não uma violência? Assim como é ou não uma violência estimular a luta pela terra para que os sem terras arranjem um pedaço de terra para ingloriamente produzir com desvantagens imensas ate que o desânimo os leva sempre a serem expulsos de seus lotes? Ou não é uma violência, por exemplo, negar licenças sistematicamente para os grandes projetos de desenvolvimento da Amazônia? Ou impedir que madeireiros retirem madeira de áreas florestais enquanto se vendem grandes áreas para empresários externos? Ou, simplesmente, adequar a saúde dos pacientes do SUS aos recursos? Ou, dizer que não há filas na Previdência quando só atendem um número determinado por dia?
A violência, portanto é parte integrante de nossa realidade diária. Não é, com certeza, privilégio do governo atual, porém, com seu viés socialista de botequim, exacerbou-a num nível nunca antes visto neste país. Basta verificar o ministro da Previdência, apesar de reconhecer que o déficit no setor é do governo, desejar diminuir a pensão das viúvas.Ou a manutenção da CPMF ou a criação de um super-receita para cobrar mais por um subgoverno. A violência, portanto não se restringe aos assaltos, drogas, transgressões físicas, morais, sociais, etc... mas é um câncer que corrói o nosso tecido social e só desaparecerá na hora que a Justiça crie consciência que não pode ser um poder ancilar do governo e faça valer as leis para quem mais a desobedece. Quando o parlamento acabar com a excrescência das medidas provisórias. Infelizmente sem modificações nas leis, permitindo que processos contra os governo sejam protelados, se deixa a impressão de que o poder e o dinheiro podem tudo, cria a sensação de um vazio de horizontes, de falta de bons exemplos e até de que a família e a sociedade estão colaborando não só para o crescimento da violência, como para sua cristalização. É preciso dar um basta à violência do Estado e que este assuma suas obrigações de respeitar os direitos privados. Começando, por exemplo, a taxar menos os salários e mais os lucros, inclusive dos bancos.
Fonte: silvio.persivo@gmail.com
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