Domingo, 4 de novembro de 2007 - 20h22
Um dos sintomas mais terríveis e denunciadores da completa falta de ética que grassa no mundo atual é o da forma como são feitas, manipuladas e divulgadas as estatísticas. É claro que isto piora nos períodos eleitorais, porém, mesmo fora dele, há uma completa falta de transparência do processo de levantamento, produção e divulgação de dados, em especial governamentais, que são manipulados ao bel-prazer dos governantes de plantão. Informações que deveriam ser coletadas e usadas para fins de planejamento acabam maquiadas, ou deturpadas, com o único propósito de fazer propaganda de administrações, administradores e ideologias nem sempre democráticas. Antigamente, no regime militar, a preocupação se restringia a diminuir os índices oficiais de inflação, entre os quais ninguém esquece o famoso expurgo do chuchu da cesta básica. Hoje, sem o menor pudor, se muda a metodologia do Produto Interno Bruto-PIB para inflar o crescimento oficial.
Isto acontece no nível federal que, uma das últimas façanhas cometidas, foi rever, pela terceira vez, o número de homicídios do ano passado e, por incrível que pareça sempre para baixo. Um esforço, aliás, inútil na medida em que por mais que conseguissem baixar chegaram somente ao dissabor de constatar que o Brasil, este oásis de bem-estar e de progresso, teve, em 2006, o dobro do número de mortes do Iraque. Nem quero lembrar, aqui, dos famosos estudos, verdadeiras construções laudatórias do novo ciclo de progresso que experimentamos, que provam que nunca antes este país esteve tão bem e que exaltam a inserção de 6 milhões no mercado formal (com a imensa contribuição de R$ 60,00 do Bolsa-Família) nos fazendo crer que estamos no melhor dos mundos. O problema sério das estatísticas é que não podem esconder o espetáculo diário da corrupção sistêmica do poder público (enquanto aumentam a carga tributária com CPMF), a falta de segurança, de saúde, de educação, o apagão aéreo, que nunca termina, agora o apagão do gás, a crise do leite que foi criada com a incorporação de um elemento antes insuspeito na sua composição (a soda caústica) que os maldosos afirmam que faz parte do plano do governo de acabar com os pobres e, nem vamos falar, da inflação disfarçada ou dos juros altos que são temas constantes dos analistas econômicos.
A questão real é a de que as estatísticas, cada dia mais, perdem a credibilidade. Por exemplo, enquanto se anuncia uma criação recordes de empregos a taxa do desemprego, mesmo a medida pelo governo, teima em não sair dos 9%, a produtividade cai e a massa salarial também, no entanto, se formos crer nos discursos do governo o país nunca esteve melhor. O problema é que, estatisticamente falando, quando se compara o crescimento do país no primeiro governo FHC a taxa média de crescimento foi de 2,6%, no segundo de apenas 2,1% enquanto os quatro primeiro anos de Lula da Silva tiveram uma média de 2,6%. Pode até parecer que está melhorando, mas, se verificarmos que durante o 1º mandato de FHC o mundo cresceu a uma taxa média de 3,7%; no 2º, cresceu 3,6% e durante o governo Lula cresceu 4,9% temos que, na verdade, em relação ao mundo o Brasil está só diminuindo de tamanho, pois no 1º mandato de FHC crescemos 69,5% do crescimento mundial, no 2º descemos para 58,7º e, finalmente, com Lula estamos pior ainda, pois só crescemos 54,4% em relação ao crescimento mundial. Claro que estamos ano vamos crescer muito mais. Houve uma mudança na metodologia do IBGE.
Fonte: silvio.persivo@gmail.com
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