Segunda-feira, 5 de janeiro de 2009 - 19h29
Foi feito, em Brasília, com escritores e colunistas do Congresso em Foco, Marcelo Mirisola e Márcia Denser, uma discussão, no último dia 19 de dezembro, um debate mediado pelo jornalista e professor Sérgio Sá, sobre os rumos da literatura contemporânea, no Espaço Brasil Telecom, em Brasília. Destaco algumas das afirmações controvertidas que saíram do debate 1) O escritor José Saramago, Clarice Lispector e Virginia Woolf são chatos; 2) Personalidades como José Carlos de Oliveira, Paulo Mendes Campos e Nelson Rodrigues provavelmente não teriam espaço nos principais jornais do país, que fecharam suas portas aos escritores brasileiros; 3) A falta de originalidade e de grandes talentos marca a produção literária atual; 4) O escritor brasileiro é um pangaré, que vive das migalhas garantidas por seus contatos; 5) Os mais inventivos autores nacionais contemporâneos são ignorados pela academia; e 6) Escritores não lêem uns aos outros e não há nada interessante na literatura contemporânea.
É interessante que não consigam ver nada de interessante. No fundo confirmam que, no mundo atual, chegamos ao ponto que o conforto e o excesso fazem com que as pessoas se confinem no seu mundo e só tratem do que lhes interessa. De certa forma é isto que acontece tanto com a academia, como com o jornalismo ou mesmo com os escritores. È a razão também pela qual quem tem opiniões sólidas não é bem aceito. De fato não é fato que não exista originalidade nem personalidades nem escritos interessantes. Há demais. Há como nunca houve antes neste país, para usar uma frase de um leitor eventual, mas, a grande realidade é que tanto a academia como a literatura se perderam nos seus próprios nichos. Não interessam a ninguém. E quando interessam, como é o caso de Paulo Coelho, é mal visto, apesar de todo o bem que faz à literatura. E, não sei, como alguém pode se dizer intelectual e não reconhecer que Paulo Coelho é interessante por mais que não possa permanecer nem ser considerado um gênio da literatura. Mas, se não é um Pelé é um Ronaldo, o Fenômeno.
Claro que o escritor brasileiro vive de migalhas. Só há uma profissão quando se consegue viver dela. E para ser escritor é preciso ser editado, é preciso ser distribuído e divulgado. Os jornais no passado iam buscar os escritores para melhorar sua qualidade e atrair publico. Os escritores, hoje, somente aparecem no lançamento dos livros e se forem objetos da mídia. É mais fácil um Big Brother qualquer chamar a atenção para um livro seu do que um bom escritor. A questão real é a de que até os próprios escritores, mesmo os melhores, vivem de outras profissões. Ser escritor no Brasil é ser mendigo de benesses e produto de espanto. Quando alguém apresenta alguém que escreve e diz este é fulano de tal, escritor, invariavelmente se responde:-Ah! É? Qual livro? Depois da resposta certamente terá que explicar ou dar seu livro, pois, não terá, com certeza, sido lido.
Fonte: Sílvio Persivo / www.gentedeopiniao.com
silvio.persivo@gmail.com
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