Quarta-feira, 29 de abril de 2020 - 18h50
O
enfrentamento do novo coronavírus exige mudanças estruturais nas políticas
públicas e coloca prefeituras e governos na linha de frente do atendimento das
demandas mais urgentes da população
Nenhuma
das últimas crises econômicas ou políticas pelo qual o Brasil passou pode ser
comparada com a atual. É, de longe, a pior tanto que provocou mudanças
substanciais. Uma delas é o aumento da responsabilidade das prefeituras e dos
governos estaduais para prover os seus cidadãos as necessidades mais urgentes
diminuindo a dependência da federação. O momento atual evidencia muitos
problemas estruturais que o País sempre teve, mas, coloca em xeque,
principalmente, o pacto federativo, levando
a que se dê mais autonomia e mais dinheiro federal para os estados e
municípios, favorecendo que os gestores públicos tenham um pensamento mais empresarial.
Com a disseminação do vírus processa-se também uma necessidade cada vez maior
de atuação local.
Um
sintoma disto foi que, no último dia 23 de março, o presidente Jair Bolsonaro
disse, durante videoconferência com governadores da região Norte, que a
proposta de um novo pacto federativo incluirá uma cláusula de calamidade
pública. “O Governo Federal propõe a estados e municípios, a inclusão de uma
cláusula de calamidade pública, onde recursos extras poderão ser utilizados
para atender as necessidades locais por ocasião do enfrentamento de uma
situação adversa”, comentou depois o presidente nas redes sociais.Ainda segundo
o presidente seria feito o envio das PEC nºs 186, 187 e 188 e PLP 149 relativas
ao pacto federativo e à autonomia dos estados e municípios para gestão e
aplicação de maior quantidade de recursos nas áreas sensíveis de cada região,
tais como; saúde, segurança e educação.
CRISE E ENDIVIDAMENTO
É
fato que os estados e municípios possuem um histórico de endividamento muito
grande e agora foram pegos de surpresa com a nova crise. Com isto se cobra,
cada vez mais, a presença do governo
federal na ajuda aos governos estaduais e municipais. No último dia 14 de
abril, a equipe econômica do governo federal propôs medidas de ajuda aos
estados e municípios, de R$ 77,4 bilhões. Deste valor, R$40 bilhões seriam
transferidos aos estados e municípios (serão R$ 21 bilhões para os municípios e
R$ 19 bilhões para os estados) distribuídos em investimentos na saúde,
assistência social, alimentação nas escolas, além de investimentos livres nas
áreas de maior necessidade para o combate da pandemia. Além disto, a equipe
econômica propôs a suspensão de R$ 22,6 bilhões em dívidas com a União, sendo a
maior parte dos estados (R$ 20,6 bilhões), e a suspensão de dívidas dos estados
e municípios com a Caixa e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), de R$ 14,8 bilhões (R$ 10,6 bilhões dos estados e R$ 4,2
bilhões dos municípios).É um dinheiro que ajudará a transpor a crise e combater
ao coronavírus evitando a burocracia da Lei nº8.666/93 (lei que regulamenta as
licitações e contratações públicas) e que, sem dúvida, acelerou o processo de
maior protagonismo dos estados e municípios. Mesmo que à força estão se criando
novos modelos, novos formatos de ação que mudam as condições políticas no médio
e longo prazo. Os governadores e
prefeitos foram obrigados a tomar, inclusive, com os ônus de medidas amargas e
impopulares como o fechamento do comércio por exemplo. Isto demonstra uma
maturidade gerencial que não havia antes.
MUDANÇAS, ATRITOS E NOVOS
PROCESSOS
Também
as mudanças não se processam sem atritos, pois, Bolsonaro critica, abertamente,
alguns estados e prefeitos por, no entender dele, precipitadamente terem
paralisado as atividades econômicas. E, com razão, reclama que criam grandes
problemas em relação à arrecadação e desejam que o governo federal abra suas
burras para sanar os problemas deles. Mas, mesmo entre os governos e os
municípios existem atritos sobre a gestão da crise na medida em que ninguém
quer arcar com os ônus acarretados pela necessidade de atender os elevados
custos do combate à pandemia. E é muito difícil, para qualquer dos níveis
governamentais, dar respostas rápidas ou ser capaz de conter os seus efeitos.
Contudo, se o problema obriga a uma maior proximidade dos governos estaduais e dos
governos estaduais com a federação, isto não resolve os problemas políticos na
medida em que as pressões do setor privado são completamente diferentes nos
três escalões e os prefeitos ficam muito mais sujeitos às pressões locais. De
qualquer modo será preciso lidar com a
iniciativa privada e ter mais flexibilidade às suas demandas, o que tem sido
dificultado pela justiça e os ministérios públicos. Na prática essas instâncias
tem tido também um protagonismo além do normal intervindo nas decisões dos dirigentes
e dificultando o enfrentamento da crise, a partir de seus critérios e sem levar
em conta que a responsabilidade pública é dos que foram eleitos pelo voto
popular. E isto dificulta porque, para sair da crise, serão indispensáveis parcerias
público-privadas, concessões e a criação de modelos de participação da
iniciativa privada no pós crise. Também
será indispensável a solução dos
problemas de infraestrutura, o que requer melhorar o ambiente de negócios e
atrair investimentos estrangeiros, o que não se faz sem uma regulamentação
jurídica que dê credibilidade aos investidores internacionais. Também será
preciso que os estados e municípios tenham um planejamento pautado em outros nos
negócios e na economia. E o mais difícil é que também os negócios deverão ser
repensados. As formas antigas, o modelo de negócios, mudou com a crise do
coronavírus e, muito provavelmente, as empresas irão mudar sua forma de
atuação, o que implica numa retomada dos negócios onde haverá mais preocupação
com a modernização, o que deve implicar em menor uso da mão de obra, ou seja,
os níveis de emprego dificilmente retornaram às bases antigas.
Fonte:
Usina de Ideias.
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