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Silvio Persivo

Libertadores: a vitória do futebol arte


Libertadores: a vitória do futebol arte - Gente de Opinião

Não poderia deixar de comentar a vitória do Fluminense na Libertadores. Só deixei passar mais as emoções ainda que, para os argentinos, a dor ainda seja muito recente. O problema real são as paixões. De fato, neste ponto, concordo plenamente com Fernando Diniz, exceto quando há um desnível muito elevado de qualidade, ser campeão é uma questão de detalhe, de momento, de acaso mesmo. Então, mesmo que o Fluminense tenha sido campeão, é preciso dizer que o Boca Juniors fez um excelente campeonato, se formos analisar sob o ponto de vista de superação, fez mais até que o próprio Fluminense. A questão é que os apaixonados não valorizam os que chegam, e, aqui, vamos aumentar o espaço, os quatro semifinalistas, vistos sob o ponto de vista de uma análise fria, já são vencedores. E, ainda em relação ao Boca, a grande verdade é que foi um time muito difícil de ser batido, que foi extremamente forte sob o ponto de vista defensivo. É claro que, quando se exagera de um lado o outro fica debilitado. E mesmo tendo no ataque jogadores da categoria de Merentiel, de Benedetto e de Cavani, que não fizeram muitos gols, é preciso dizer, em favor deles, que as bolas não chegavam e, assim, não há como fazer gol. E, se por um lado, muitos dizem que passou se arrastando é esquecer o mérito, em primeiro lugar, de Sergio Romero, que pega demais, e depois dos que fizeram os gols de pênaltis necessários para que avançasse. O Fluminense chegou melhor, Chegou. Foi melhor na final. Foi. Mas, poderia não ter sido. É verdade também que, pelo menos, nos últimos dois jogos, o Boca foi favorecido pela arbitragem que deixou truncarem as partidas. Infelizmente os árbitros, e suas escalações, estão sujeitas as decisões humanas e, até onde se vê, coisas assim acontecem. Porém vale exaltar que foi um jogo digno de final. Teve de tudo. O Fluminense fez um primeiro tempo predominante, mas futebol é gol. Só fez um. Um gol de Cano, numa jogada ensaiada, perfeita. Porém o placar não expressava o domínio que o time teve e, no segundo tempo, o Boca Juniors começou se impondo e se impôs. Mesmo sem ter grandes oportunidades também. O gol de empate veio de uma jogada individual de Advíncula. Aqui vale lembrar que a LDU venceu o Fortaleza graças a uma jogada individual de Azulgaray, ou seja, ambos demonstraram que o talento pesa. Inclusive no caso da LDU do goleiro. Não importa. No futebol o que vale é o gol. E daí em diante, o jogo teve uma ligeira superioridade para o time argentino. O Fluminense, no entanto, tem um estilo muito próprio e, mesmo sem a bola, teve no final do jogo a ocasião de fechar a partida que foi perdida num chute muito ruim. Veio a prorrogação e nela o gol de John Kennedy. Um gol também de uma bela jogada, tudo se encaixando à perfeição. Na comemoração Kennedy foi expulso. É um absurdo o que o juiz fez. Muitos juízes fazem a mesma coisa. É uma coisa sem noção expulsar um jogador por comemorar o gol. O gol, afinal é o maior momento do futebol, sua razão de ser. Complicou. Fabra tratou de descomplicar. No fim, deu Fluminense com méritos. E, devemos dizer que, claramente, foi uma vitória da arte sobre a tática. Do talento sobre os esquemas. Podem dizer o que quiserem que Diniz tem razão: futebol sempre será mais arte, mais técnica do que esquemas e força física. 

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