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Silvio Persivo

O bode expiatório tá off


O bode expiatório tá off - Gente de Opinião

Neymar perdeu para o Bayern de Munique? Não. Quem perdeu foi o PSG. Futebol é um esporte coletivo. E, apesar de ser um dos melhores jogadores do mundo, se há uma coisa comprovada, nos tempos atuais, é que quem ganha o jogo é a equipe. E, convenhamos, o Bayern ganhou porque mereceu ganhar. Ganhou nos detalhes da equipe que, apesar de ter menos qualidade coletiva, foi a que mais lhe deu trabalho. Um time que, em média, faz quatro gols por partida conseguiu fazer apenas duas jogadas em toda a partida e um gol chorado, mas, perfeito. Vamos buscar culpados pelo gol? Não. Foi efeito da busca constante, do indiscutível predomínio do Bayern que teve 62% de domínio de bola contra 38% do PSG. Domínio de bola não é tudo. É verdade, porém, é preciso ver que, em poucos momentos, o PSG pode jogar e seus destaques foram dois defensores: Thiago Silva e Herrera. A surpresa é que, no Bayern, não foi muito diferente. Seus melhores jogadores em campo, apesar de Colman ter feito o gol decisivo, foram Neuer, que fez uma partida soberba, Kimmich e Thiago Alcântara. Neymar não jogou bem. O mesmo pode se dizer de Mbappé, de Di Maria, de Marquinhos, de Paredes, de Verrati. Também não jogaram bem Lewandowski, Muller e Gnabry. Não que não tivessem se esforçado. Foram leões dentro de campo, mas, foi um jogo truncado, pegado, de pouquíssimas oportunidades reais. O Bayern levou a melhor porque foi melhor. Mas, poderia ter perdido. Neymar, Mbappé, Di Maria e Marquinhos tiveram, todos uma oportunidade, de marcar e, sejamos justos, Neuer esteve impecável, inclusive antes da bola chegar na sua área, se antecipando, antevendo as jogadas. Com outro goleiro, talvez, o Bayern não tivesse chegado lá. Mas, o Bayern foi, nesta Champions, uma máquina. Entrou, em todas as partidas, com gana, com a disposição de vencer, voltado para dominar e ganhar a partida. E a final foi uma final emocionante, disputada até o último minuto. Não há como procurar culpados depois de um grande espetáculo. Há sim, opções. Como técnico, esta é uma opinião minha, jamais deixaria de usar Icardi num jogo como este. Poderia não dar certo, todavia, não se descarta um jogador como ele numa final- é o que penso. Enfim, em todo jogo um time ganha e o outro perde. Venceu, com certeza, o melhor. Embora tenham tecido imensas loas à Neymar nesta temporada, sinceramente, não vejo assim. Ele, procurando jogar mais para o time, saiu de perto da área. E, não sei a emoção ou o desejo exagerado, fizeram com que perdesse a frieza, que sempre demonstrou na hora de fazer gol. Faltaram sim, os gols de Neymar, nas partidas finais. Ele errou muito nas finalizações. E, no futebol moderno, com quase todo jogador sendo um atleta, Neymar, raramente, conseguiria passar por três, quatro, como o time alemão marca quando está sem a bola. Neymar está longe de ser Garrincha, que, se jogasse, hoje teria muito mais dificuldades de fazer o que fez. Mas, façamos justiça, Neymar é o jogador mais caçado do mundo dentro de campo. Toda hora fazem faltas nele. Todos se preocupam com seu posicionamento ou quando pega a bola. E ele não é o super-homem. É um craque que gosta de jogar e vencer sempre- até nas peladas. A derrota para o Bayern mostrou seus limites. E o seu choro, no final, não foi coisa de menino. Foi frustração, o sentimento de perda de um momento que poderia ser maravilhoso. Ao chorar se mostrou apenas humano. E, despido da vaidade, ele, um homem que tem tudo que se possa querer materialmente, chorou, repudiando o capuz de bode expiatório da derrota do PSG. Podem dizer o que quiserem, mas, enfim, Neymar amadureceu. Na derrota mostrou que também sabe perder. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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