Terça-feira, 25 de agosto de 2020 - 11h48
Neymar perdeu para o Bayern de
Munique? Não. Quem perdeu foi o PSG. Futebol é um esporte coletivo. E, apesar
de ser um dos melhores jogadores do mundo, se há uma coisa comprovada, nos
tempos atuais, é que quem ganha o jogo é a equipe. E, convenhamos, o Bayern
ganhou porque mereceu ganhar. Ganhou nos detalhes da equipe que, apesar de ter
menos qualidade coletiva, foi a que mais lhe deu trabalho. Um time que, em
média, faz quatro gols por partida conseguiu fazer apenas duas jogadas em toda
a partida e um gol chorado, mas, perfeito. Vamos buscar culpados pelo gol? Não.
Foi efeito da busca constante, do indiscutível predomínio do Bayern que teve
62% de domínio de bola contra 38% do PSG. Domínio de bola não é tudo. É
verdade, porém, é preciso ver que, em poucos momentos, o PSG pode jogar e seus
destaques foram dois defensores: Thiago Silva e Herrera. A surpresa é que, no
Bayern, não foi muito diferente. Seus melhores jogadores em campo, apesar de
Colman ter feito o gol decisivo, foram Neuer, que fez uma partida soberba,
Kimmich e Thiago Alcântara. Neymar não jogou bem. O mesmo pode se dizer de
Mbappé, de Di Maria, de Marquinhos, de Paredes, de Verrati. Também não jogaram
bem Lewandowski, Muller e Gnabry. Não que não tivessem se esforçado. Foram
leões dentro de campo, mas, foi um jogo truncado, pegado, de pouquíssimas
oportunidades reais. O Bayern levou a melhor porque foi melhor. Mas, poderia
ter perdido. Neymar, Mbappé, Di Maria e Marquinhos tiveram, todos uma
oportunidade, de marcar e, sejamos justos, Neuer esteve impecável, inclusive
antes da bola chegar na sua área, se antecipando, antevendo as jogadas. Com
outro goleiro, talvez, o Bayern não tivesse chegado lá. Mas, o Bayern foi,
nesta Champions, uma máquina. Entrou, em todas as partidas, com gana, com a
disposição de vencer, voltado para dominar e ganhar a partida. E a final foi
uma final emocionante, disputada até o último minuto. Não há como procurar culpados
depois de um grande espetáculo. Há sim, opções. Como técnico, esta é uma
opinião minha, jamais deixaria de usar Icardi num jogo como este. Poderia não
dar certo, todavia, não se descarta um jogador como ele numa final- é o que
penso. Enfim, em todo jogo um time ganha e o outro perde. Venceu, com certeza,
o melhor. Embora tenham tecido imensas loas à Neymar nesta temporada,
sinceramente, não vejo assim. Ele, procurando jogar mais para o time, saiu de
perto da área. E, não sei a emoção ou o desejo exagerado, fizeram com que
perdesse a frieza, que sempre demonstrou na hora de fazer gol. Faltaram sim, os
gols de Neymar, nas partidas finais. Ele errou muito nas finalizações. E, no
futebol moderno, com quase todo jogador sendo um atleta, Neymar, raramente,
conseguiria passar por três, quatro, como o time alemão marca quando está sem a
bola. Neymar está longe de ser Garrincha, que, se jogasse, hoje teria muito
mais dificuldades de fazer o que fez. Mas, façamos justiça, Neymar é o jogador
mais caçado do mundo dentro de campo. Toda hora fazem faltas nele. Todos se
preocupam com seu posicionamento ou quando pega a bola. E ele não é o
super-homem. É um craque que gosta de jogar e vencer sempre- até nas peladas. A
derrota para o Bayern mostrou seus limites. E o seu choro, no final, não foi
coisa de menino. Foi frustração, o sentimento de perda de um momento que
poderia ser maravilhoso. Ao chorar se mostrou apenas humano. E, despido da
vaidade, ele, um homem que tem tudo que se possa querer materialmente, chorou,
repudiando o capuz de bode expiatório da derrota do PSG. Podem dizer o que
quiserem, mas, enfim, Neymar amadureceu. Na derrota mostrou que também sabe
perder.
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