Segunda-feira, 20 de abril de 2020 - 07h40
A crise do coronavírus,
por mais que alguns desejem até esticar por razões políticas, não irá durar
para sempre. As pessoas mais pobres, os micros e pequenos empresários mais
atingidos por ela já se manifestam pelas ruas do Brasil contra a quarentena a
ponto de muitos até pedirem a quebra da ordem institucional. É um reflexo do
desespero que, se não for atendido, em breve provocará situações muito mais
complicadas, em especial para aqueles que defendem o isolamento denominado de
horizontal. Na prática, aliás, ele já não existe, pois, mesmo em estados, como
São Paulo, que, deveriam ter apenas 30% das pessoas nas ruas, possuem muito
mais. O problema real será depois que virar a chave da crise? Como iremos
tratar de, no mínimo, mais dois milhões de desempregados? Que empresas,
especialmente entre as micros e pequenas, ainda estarão de portas abertas? Com
certeza também as famílias, que já estavam endividadas e já não tinham
poupanças suficientes para lidar com este tipo de choque, como se comportarão?
Um cálculo, que já fazem os especialistas no mercado de trabalho, é de que
haverá uma sensível redução da mão de obra a ser contratada. Estima-se que, dos
que perderam seus empregos, somente 70 a 80% serão recontratados e não de
imediato. Não se espera- e nisto existe quase um consenso entre os analistas- que o crescimento, a globalização e o comércio
simplesmente voltem ao normal quando houver o controle da epidemia. Em suma, o
mundo não será mais o mesmo. Em primeiro lugar porquê quanto maior o tempo de
paralisação das atividades econômicas mais o país, as empresas e as pessoas
empobrecem e, em segundo lugar, com o aumento das compras por meio do
e-commerce e a utilização do teletrabalho, uma das resultantes inevitáveis
será, certamente, uma diminuição do número e do tamanho das lojas físicas.
Em terceiro lugar, não
há possibilidade de uma recuperação rápida da crise, tanto que o Fundo
Monetário Internacional-FMI prevê a maior depressão econômica desde os anos 30,
porém, naquele tempo as razões e a economia eram completamente diferentes.
Inclusive teve seu início no sistema financeiro. Agora não. É na produção que
se atingiu a economia. E, mesmo na Grande Depressão o desemprego nos EUA subiu somente 3,5%, ao longo de quatro anos, agora,
no Brasil, se estima uma queda imediata de 5%, todavia, que podemos chegar um aumento
do desemprego de 9% em mais quatro semanas de paralisação das atividades.
É um desafio enorme
para um governo, como o brasileiro, que já possui dívida e déficit público
altos. Mas, o governo brasileiro não poderá fugir de ter que criar pacotes de
ajuda, de crédito e de transferir recursos para os mais necessitados. Não
somente no nosso país isto acontece, de fato. Porém, em países em melhor
situação, países com taxas de juros mais baixas do que as taxas de crescimento,
como os Estados Unidos e os mais fortes da Europa, os pacotes se pagam sozinhos. Para países como o nosso
não há opção fora rodar enormes déficits orçamentários no futuro e usar a inflação
para aliviar o peso da dívida. A solução boa seria impulsionar o crescimento,
para diminuir a dívida como proporção do PIB, mas, como vimos antes da crise,
isto é mais fácil falar do que fazer.
Quando chega o fim do ano, por mais difícil que a vida esteja, as esperanças são renovadas. Até quando se pretende negar sempre colocamos uma boa ca
Acordo Mercosul-EU e seus efeitos
Nesta última sexta-feira (6) foi anunciado o acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia. O governo brasileiro comemorou o fato com
Que tempos não são difíceis? Há tempos que não o são? Sei lá. Sei que é difícil viver em qualquer época e, como não vivemos as outras, a nossa sempr
Os prováveis efeitos negativos de uma jornada menor de trabalho
Na imprensa, e entre os adeptos de soluções fáceis para os problemas sociais complexos, ganhou imenso espaço, e a adesão espantosa e, possivelmente,