Segunda-feira, 24 de maio de 2021 - 14h33
Os tempos atuais são tempos muito difíceis em
razão de que a verdade e o bom senso estão sendo jogados na lata de lixo sem o
menor escrúpulo. É evidente que há dois bandos de alucinados disputando espaço
na mídia com a única (e incoerente) ambição de tentar convencer os outros de
qualquer forma de sua verdade. São, mais ou menos, como os crentes que insistem
em querer fazer os agnósticos serem salvos pela força de sua insistência, rezas
e discursos repetidos. O grande problema, de todas as coisas deste tipo, é que,
apesar do baixo nível de educação, as pessoas costumam fazer o que lhes dá na
cabeça e seguir os líderes que queiram. Seja alguém preparado, ou não; com
capacidade, ou não, de resolver os problemas; com propensão, ou não, para
estadista; falastrão, ou não. A questão é que, contra os quereres de uma parte
do que se pensa a inteligência nacional, o povo embicou para o outro lado. E
para tentar mudar o rumo da disparada parece que estão usando de tudo que é
possível. Acontece que a manipulação só se torna possível quando tem traços de
realidade. Os exemplos são claros, e não me proponho a participar desta disputa
tresloucada de versões, porém, é indiscutível que a mídia e as pesquisas, por
exemplo, estão muito longe de exercer o seu papel que seria de refletir e
analisar a realidade. A mídia é um caso muito mais complexo por sua composição
multidiferenciada, mas, no seu todo, somente tem tido um papel vergonhoso de
difundir a versão que lhe interessa de todos os fatos. A atenção dada a fatos
irrelevantes, mas, espetaculares, sob o ponto de vista de tentar reforçar seus
interesses, tem nos proporcionado a elevação de personagens de terceira ou
quarta classe ao centro do palco quando nem mereciam estar sob as luzes. São
escolhas que tornam a grande imprensa, principalmente, cada vez mais
irrelevante na medida em que se dissocia da realidade e dos interesses de seus
leitores. Há um enorme negacionismo em quem acusa os outros de negacionista,
pois, insistem, em negar a realidade dos fatos. Basta ver, nos exemplos
recentes de pesquisas de opinião, que se deixou de lado as pesquisas, no
sentido de buscar, efetivamente, a opinião pública para uma versão socialmente
nefasta de escolher amostras seletivamente, de modo que não se procura mais
verificar o que o público pensa, mas, determinar sua opinião. Ou seja, deixaram
de ser pesquisas para serem ferramentas de tentativas de formar a opinião
pública. O filósofo Habermas já dizia que “Não pode haver intelectuais se não
há leitores”. Agora, se pretende fazer eleição sem eleitores e líderes sem
votos contra uma população que deseja comércio aberto, renda, empregos e
liberdade. E, mais do que isto, aprendeu que ao povoar as ruas faz diferença. É
um experimento de manipulação que não tem como dar certo.
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