Sexta-feira, 15 de maio de 2009 - 20h39
Silvio Persivo (*)
É engraçado como se consolidam socialmente alguns estereótipos na psique popular. Talvez nenhum deles seja mais emblemático do que, por exemplo, a crença de que nossa sociedade se define por traços que a caracterizam como uma sociedade cordial, pacífica, sem imensos conflitos sociais. È claro que isto não poderia escapar do olhar científico e são muito conhecidas as palavras de Sérgio Buarque de Holanda que, em Raízes do Brasil, escreveu A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. È verdade, mas, é preciso não esquecer que nossos ancestrais com pertinácia fecunda no meio rural e patriarcal foram responsáveis por reduzir cerca de cinco milhões de índios que estavam aqui antes dos colonizadores, divididos em mil etnias, nos parcos 300 mil indígenas de hoje o que dá bem uma dimensão do extermínio que lhanamente cometeram. Ou seja, a rigor sempre houve uma máscara de paz, de cordialidade, porém, o jogo sempre foi duro.
No entanto nos tempos atuais onde as boas maneiras, a polidez e o respeito parecem comportamentos cada vez mais distantes dos padrões brasileiros se alguma vez houve mesmo o tal do homem cordial deve ser uma espécie em extinção ou prestes a desaparecer. Basta ver que até mesmo nas classes menos favorecidas e entre os mais jovens se alastram os números pesados da criminalidade com homicídios, uso de armas e drogas despontando de um lado e, de outro, nos supostos movimentos sociais vemos o MST ocupando estradas, centros de pesquisa, edifícios e órgãos públicos ou os sem-teto nas cidades brasileiras ocupando conjuntos ou prédios abandonados ou em construção, sem contar os protestos nada pacíficos de estudantes contra os aumentos de passagens ou pelo passe livre, os conflitos entre policiais e camelôs em São Paulo ou, aqui em Porto Velho, entre policiais e mototaxistas. Esses movimentos sociais, afora tantos outros, rasgam o véu da cordialidade, verdadeira mascara que esconde, na verdade, a crueldade que sempre presente nas relações da sociedade brasileira.
Aliás, nenhuma crueldade é maior do que a do próprio sistema político que afastou, definitivamente, a elite intelectual e moral do país do seu comando, por meio do clientelismo e do poder econômico, criando uma agenda em que os verdadeiros problemas do país são tratados apenas nos discursos enquanto os poderes oligárquicos se perpetuam mesmo que sob a fachada de um operário e de um partido de esquerda que perdeu completamente a noção de esquerda é lutar pela condição de cidadania e não manter o povo pendente de um auxílio qualquer. Definitivamente quando se perde a batalha da educação e o espelho dos bons modos é porque o homem cordial há muito foi pro brejo.
(*) È professor da Fundação Universidade Federal de Rondônia
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