Sábado, 1 de agosto de 2020 - 11h02
Ora, mesmo antes da
pandemia, dizer que o mundo ia mudar não se tratava de uma profecia muito
original. Com a pandemia, então, a mudança parece mesmo obrigatória,
principalmente, quando se pensa que o uso dos meios digitais e o comércio
eletrônico se expandiram até por necessidade. Uma das necessidades maiores foi
sentida pelo setor educacional, de uma hora para outra, necessariamente
precisado de ter continuidade por meios digitais. E, convenhamos, num país como
o nosso a dificuldade, em especial, provém da ausência de programas escolares
para adaptar os métodos de ensino aos novos tempos e, por questões que passam
pelo custo do acesso de alunos a equipamentos e conexões. De formas diversas houve
sim uma busca de se adaptar à conjuntura e até iniciativas muito originais,
como a da Universidade Federal do Ceará, que criou um programa para
proporcionar formas dos seus alunos a ter acesso a equipamentos, via o crédito.
De qualquer forma o setor educacional foi muito prejudicado com a crise e a
iniciativa privada se queixa de que tem problemas de manutenção de suas
instituições com custos e inadimplência maiores. Isto aqui no Brasil. Imagine
nos Estados Unidos onde se enfrenta uma crise maior, um declínio de matrículas,
altos custos, problemas com adaptação dos currículos e também um lapso entre as
necessidades do mercado e a adoção do ensino à distância. Se isto já se
constituía num coquetel explosivo que colocava em xeque o combalido setor
educacional imagine, então, o que não significou quando, o Google, em 14 de
julho último, lançou novos programas de certificação profissional em análise de
dados, gerenciamento de projetos e design de UX, a serem hospedados no
Coursera, uma plataforma que cobra uma taxa mensal de US$ 49 para se ter
acesso. Bem, de qualquer forma, para nós, parece um preço elevado (nada
comparado com os custos da educação nos EUA), mas, a verdadeira bomba foi o Google anunciar que vai fornecer 100.000
bolsas de estudo e vai conceder mais de US $ 10 milhões em doações a
organizações sem fins lucrativos que se associarem ao desenvolvimento da força de trabalho para
mulheres, veteranas e minorias. Para completar também anunciou que os novos
certificados de carreira profissional, que podem ser concluídos em seis meses,
possibilitam aos americanos oportunidades
de emprego de alto rendimento. Também acenaram aos candidatos a emprego que
tratariam tais certificados, que não exigem experiência prévia em graduação,
como o equivalente a quatro anos de graduação. A iniciativa do Google é um duro
golpe no ensino norte-americano na medida em que os que fazem seus cursos, 80%
dos que concluem a certificação de especialista em suporte de TI, conseguiram
um novo emprego ou ganharam um aumento. Experiência prévia e ensino superior
não são necessários como pré-requisito para os cursos. E, uma vez concluídos,
normalmente em três a seis meses, os participantes podem ter oportunidades de trabalho com a gigante da tecnologia.
Antes, a Microsoft já havia lançado uma iniciativa global para elevar as
habilidades profissionais de 25 milhões de pessoas. As ambições-alvo à luz da
pandemia são semelhantes ao Google no apoio a “programas de recuperação
genuinamente inclusivos para fornecer acesso mais fácil às habilidades digitais
para as pessoas mais afetadas por perdas de empregos, incluindo as com renda
mais baixa, mulheres e minorias. " Impressionante, mas, tudo indica que a
mudança deve começar pela educação.
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