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Silvio Persivo

O passado que moldou o presente


O passado que moldou o presente - Gente de Opinião

Dizem que os velhos vivem de lembranças. Bem, na minha cabeça, mesmo sabendo que sou um velho ainda continuo, mais ou menos, novo na medida em que ainda alimento sonhos. De forma que não sou um saudosista nato. Preciso que alguém me motive para voltar ao passado. E isto aconteceu, nos últimos dias, por conta do Lucio Albuquerque, ex-editor do Alto Madeira, que me fez retroceder no tempo ao perguntar sobre a passagem do geografo Milton Santos em Rondônia. É uma das histórias pouco conhecidas sobre o nosso Estado que, ao contrário do que se pensa, não cresceu sem planejamento. E isto se deve, sem dúvida, ao ex-governador Humberto da Silva Guedes e ao Capitão Silvio Gonçalves de Farias. O coronel Guedes, que na sua gestão elaborou o POLONOROESTE, programa que permitiu depois asfaltar a BR-364, com apoio da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste-SUDECO, além de criar uma estrutura administrativa diferente para o Território, criando as secretárias, contratou as primeiras equipes técnicas, e arregimentou a Universidade de  Brasília, além de outros especialistas de vários setores, como, por exemplo, os arquitetos Paulo Zimbres, que criou o primeiro sistema viário de Porto Velho, Paulo Magalhães, Silvio Sawaia, Antonio Carlos Cabral Carpintero e Roberto Monte-Mór, artífices da hierarquização urbana existente na época. São desta época o primeiro plano de Educação, de Saúde, de estradas, e a própria criação do DER, o Sistema Viário de Porto Velho, a abertura de novos municípios (foram criados mais sete municípios pela Lei 6.448, de 11 de outubro de 1977), um projeto de hierarquização urbana do Território e até um grande estudo para habitações adaptadas à região. A principal contribuição de Milton Santos foi ter feito um trabalho, com o apoio de técnicos locais, pensando o futuro,  que gestou os Núcleos Urbanos de Apoio Rural - NUARs, muitos dos quais, como os de Mirante da Serra ou Nova União, transformar-se-iam em futuros municípios. A idéia central foi a de distribuir a ocupação urbana espacialmente e dar apoio aos projetos de colonização para impedir a migração da população rural para os grandes centros. Se Rondônia, hoje, tem a pujança que possui, uma distribuição econômica equilibrada, vem deste trabalho de Guedes e do Capitão Silvio, que teve a notável contribuição de Milton Santos. Antes todos os centros urbanos ficavam na BR-364, inclusive por questão de acesso, Depois os novos municípios surgiram em cima dos locais planejados. Rondônia não é fruto do acaso. Há por trás de seu crescimento todo um trabalho de planejamento que teria continuidade com o Zoneamento Econômico Ecológico, uma ideia de técnicos locais para conter o desmatamento e unir economia e ecologia, que gerou a preservação e a criação de mais de sete dezenas de reservas. Esta, porém é uma outra história que deveria ser contada pelos seus principais autores, pessoas com grandes serviços prestados à Rondônia, como Joel Mauro Magalhães, Maria Emilia Silva e Emanuel Fulton Madeira Casara (Lito Casara). 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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