Domingo, 27 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

O Peso Decisivo da Máquina Pública



A mudança é o que deve caracterizar o estado democrático. O verdadeiro democrata é aquele que, mesmo estando no poder, procura realizar a vontade do seu povo e não se eternizar no trono. Compartilho da opinião de que se não há mudança não há é mesmo política. Há a imposição de um pensamento único, de um poder único que, em geral, ignora os desejos da comunidade seja de que haja uma saúde melhor, um transporte público e uma coleta de lixo de qualidade ou, simplesmente, que não mudem o nome ou a mão de uma rua sem que a vontade da comunidade seja ouvida. Assim, por definição, entendo como o filósofo francês Comte-Sponville que a "a política é como o mar; não pára de recomeçar". Por tal razão entendo que a reeleição (que poderia até ser um instituto útil) nas condições atuais é a anti-política, uma opção que, se não for mudada, tende cada vez mais a impedir a mudança.

E quem comprova isto é a história. Basta ver que, desde que aprovada a emenda da reeleição em 1997, que permitiu que chefes dos executivos federal, estadual e municipal pudessem concorrer a um segundo mandato consecutivo, os índices de recondução somente têm aumentado. Se, nas primeiras eleições (em 2000 e 2004), mais da metade dos candidatos que concorreram à reeleição obtiveram êxito quando consideramos a última, sem contar com as disputas do 2º, os índice de prefeitos reeleitos alcançou 70%! E, como se observa, o Estado do Ceará é um exemplo, recordista da recondução de prefeitos com 75% reeleitos, quanto mais pobre mais fácil a manipulação do eleitorado. Será que a administração dos prefeitos é tão boa que de cada dez prefeitos 7 tenha sido reeleitos? Claro que não. A máquina pública neste contexto é uma arma poderosa, principalmente, depois que inventaram o clientelismo oficial dos bolsa famílias. Afora que, nunca antes neste país, existiram tantos cargos comissionados que, como se sabe não querem perder a boquinha, logo foram os primeiros a serem flagrados balançando bandeirinhas nos pit-stops, com gosto ou sem gosto. Sem contar que a intensa propaganda paga que anunciavam os maiores programas do mundo que, se analisados, seria possível verificar possuem resultados medíocres ou um pouco pior.

A grande realidade é que o eleitor ao reconduzir um prefeito, um governador ou um presidente não possuem os mínimos dados para avaliar o seu desempenho. Não se lembram quais foram as promessas do passado nem avaliam o que melhorou ou o piorou. Se há, ou não, melhorias efetivas na saúde na segurança ou na educação.Se o fizessem veriam que os altos índices de reeleição não estão associandos a boas gestões e sim a muito mais dinheiro, mais propaganda e mais clientelismo. Embora esperando que não aconteça é possível que, com a crise mundial, os prefeitos recém-eleitos tenham com comprovar uma maior capacidade para gerir os bens públicos num período de maiores dificuldades e menos recursos. Será uma prova de fogo. Por ora, o segundo turno está aí comprovando com a eleição de Kassab, Paes e Márcio, o que pesou mesmo foi a máquina pública.

Fonte: Sílvio Persivo
silvio.persivo@gmail.com

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 27 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A espetacularização nos gramados

A espetacularização nos gramados

O ex-técnico do Grêmio, Gustavo Quinteros, se queixando, com toda razão, que "Se equivocaram no Grêmio em me tirar tão cedo. No Chile e na Argentina

O que o consumidor quer

O que o consumidor quer

Hoje em dia, com a sensação existente de que a inflação está corroendo o poder aquisitivo do brasileiro, há pesquisas que demonstram 48% dos consumi

Uma iniciativa louvável em prol da aviação na Amazônia

Uma iniciativa louvável em prol da aviação na Amazônia

Um dos grandes problemas da Amazônia, sem dúvida, provém das dificuldades de transporte interno, de vez que, por exemplo, entre Porto Velho e Arique

O transporte aéreo precisa mudar de modelo

O transporte aéreo precisa mudar de modelo

A GOL Linhas Aéreas divulgou que teve um prejuízo de R$ 6,07 bilhões em 2024, quase 5 vezes maior que em 2023, fruto da desvalorização cambial, do a

Gente de Opinião Domingo, 27 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)