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Gente de Opinião

Silvio Persivo

O trânsito e os políticos



É impressionante a irritação das pessoas com o fato de que as leis não são respeitadas, os políticos se apropriam do que é público e, pior, nem por um momento parecem pensar na coletividade. É, como se observa no momento, o tipo de comportamento indigno que transparece no Senado em relação aos escândalos diários que são relatados pela imprensa. Confesso que até para falar sobre o tema já estou farto, mas, ontem e hoje, andando no trânsito de Porto Velho, que, como se sabe, é um caos diário, não tive como não pensar no Senado. É que tudo que se repreende nos políticos transparece no trânsito. E olhe que minha crítica não se dirige as autoridades, embora elas também mereçam, mas, ao cidadão motorista comum.

É impressionante como se comportam da forma que criticam os políticos. Não há, em geral, no trânsito de nossa capital o menor sintoma de educação, de respeito ao outro e à coletividade. Parece que, ao por as mãos no volante, todos os que criticam tanto os políticos passam a se comportar como se políticos fossem. É incrível o grau de desrespeito, o comportamento reprovável da grande maioria dos motoristas de nossa capital. Parece até que se transformam em brutamontes estressados e sem cérebro quando entram em seus veículos. Como se explica tanta pressa, quando se vai parar logo adiante, ou o completo desrespeito ao direito alheio seja parando em fila dupla ou indo bem devagarzinho procurando vaga onde não existe numa rua completamente engarrafada? Ou o fato de dar sinal e sair ou encostar atrás do carro da frente quando há uma distância regulamentar a ser respeitada? Como aceitar que se dirija à 80 km em ruas centrais? Ou que uma parcela dos motoristas costume se apropriar das ruas como se fossem deles inclusive parando em fila dupla para conversar? Como aceitar que se fure o sinal vermelho ou se estacione em lugares proibidos como garagens alheias ou pontos de ônibus? Muita gente entende que não está fazendo nada demais se comportando assim, mas, não é bem isto. Não há muita diferença entre o comportamento dos nossos motoristas e dos políticos na medida em que o trânsito, assim como o dinheiro público, também é um bem comum, embora se costume esquecer disto e, muitos, privatizem para si um espaço que deve ser compartilhado por todos. Há muitos motoristas que dirigem em Porto Velho como se estivessem no quintal de sua casa e pudessem fazer o que bem entender, daí os inúmeros acidentes. Não há diferença real entre o comportamento dos motoristas ruins e as atitudes dos políticos. No fundo refletem a ausência de cidadania e a necessidade que temos de mudar nossas atitudes. È preciso frisar que o respeito aos bens coletivos, como as ruas, o trânsito e coisas públicas, é uma parte essencial da vida coletiva e que só poderemos, de fato, ter políticos melhores na medida em que houver um maior respeito às leis tanto da parte da população como dos governantes.

Fonte: Sílvio Persivo

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