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Silvio Persivo

Os brasileiros estão mais desiguais



O Ipea divulga, e seu presidente Márcio Pochmann, ocuparam significativos espaços na mídia para divulgar que, com o auxílio da Bolsa-Família e do aumento real para o salário mínimo, o abismo entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil diminuiu afirmando que, em 2004, os 10% do topo da pirâmide ganhavam 27,4 vezes mais do que os 10% da base. No ano passado, a diferença caiu para 23,5 vezes. A mudança é revelada por estudo feito nas seis principais regiões metropolitanas.

Segundo a mesma pesquisa a parcela dos trabalhadores brasileiros que recebe rendimentos mais altos no país teve aumento de 4,9% em seus salários nos últimos cinco anos, enquanto nos de menor renda houve elevação de 22%. Pochmann ressalva que mesmo que o Brasil tenha ainda precisa trilhar de vários anos para se tornar mais justo, se tudo correr bem. A desigualdade medida por um indicador chamado Índice de Gini, que varia de 0 a 1 - quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade, alcançou no primeiro trimestre deste ano, o indicador ficou em 0,505 contra os 0,540 que eram em 2002. Também destacou que países com índice acima de 0,45 ainda são muito desiguais e têm "uma distribuição de renda selvagem e primitiva". Este coeficiente só deverá ser atingido no Brasil em 2016, projeta, mantido um cenário de inflação baixa e estabilidade na atual taxa de crescimento.

Bem o que parece uma boa notícia se revela pouco alentador quando ele mesmo observa que a renda obtida por meio de salários responde, proporcionalmente, por pouco do rendimento total: 39,8% - parcela que se manteve praticamente estável entre 2002 e 2007, ou seja, a grande massa que vive de salários, de fato, não melhorou nada. Melhorou quem vive de transferências públicas e, aqui o xis da questão, Pochmann, mostra que outros indicadores de renda - como lucros das empresas e juros, por exemplo - cresceram muito mais neste período. Em suma, como quem vive de capital não ganha salário o que o estudo demonstra mesmo é que, apesar de melhor distribuída, a renda oriunda dos salários, note bem apenas dos salários não aumenta sua participação na economia do país. Na verdade diminuiu, pois, em 2002, os salários representavam 39,8% do Produto Interno Bruto-PIB e, em 2005, último dado disponível , o percentual recuou para 39,1%- o governo dos trabalhadores é o carrasco do trabalhador. Isto fica mais evidente quando comparado com meados dos anos 1990 quando os salários eram 48,8% do PIB. O próprio Pochmann reconheceu ao dizer que "A massa de rendimentos da população trabalhadora não está crescendo na mesma velocidade que outras rendas, como os juros (das aplicações financeiras), os lucros das empresas, a propriedade da terra" e, sincero, disse também que “Nos países desenvolvidos, a participação dos salários na economia gira em torno de dois terços do PIB”. È verdade tanto quanto que, se computadas as outras rendas, ao contrário do que se afirma quando se olha somente para os salários o Brasil está mais e não menos desigual. Podem dizer que os programas de transferência de renda do governo federal beneficiam os 20% mais pobres, daí que há menos pobreza absoluta, que é verdade, mas menos desigual o país, certamente, não está, se computadas todas as rendas.  Agora estatística se utiliza da forma que se quer.

Fonte: Sílvio Persivo

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