Segunda-feira, 7 de dezembro de 2009 - 19h13
Silvio Persivo (*)
O Brasil, todos sabem, é um país continental que possui 5.507 municípios. Só isto já demonstra a importância dos transportes, mas, quando se pensa em transporte no país ainda se pensa, essencialmente, em estradas embora todos saibam que as hidrovias e as ferrovias deveriam ter tido mais atenção e investimentos. O fato inconteste é que sem transporte o Brasil foi, no passado, um país desarticulado, um imenso arquipélago com ilhas isoladas, vivendo em função dos seus limites territoriais. Somente com a construção de Brasília e com a visão grandiosa de JK de abrir estradas, com todos os erros dela decorrentes e perpetuados, uniu os 8.5 milhões de quilômetros quadrados de nosso território por uma malha rodoviária em condições ruins e em detrimento da rede ferroviária e da navegação de cabotagem, todavia, consolidou de fato um país.
Até hoje falta uma política de transporte eficiente em nosso país o que causa graves prejuízos à nossa economia. Recentemente um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID, por exemplo, demonstrou que esta é uma grave falha que implica no fraco desenvolvimento dos paises latino-americanos de uma forma geral. O que pouca gente não sabe é que existem poucos países continentais como o nosso. Contam-se nos dedos, pois, há apenas do nosso tamanho os Estados Unidos, Canadá, Austrália, China e Rússia. E, em países assim, tudo é longe e a única ferramenta eficiente para a sua sustentação econômica, integração e desenvolvimento são as asas de seus aviões. O conceito que fazemos de transporte aéreo é que os aviões servem somente para transportar executivos e turistas ricos em suas viagens de negócios ou férias, mas, não é verdade. Efetivamente a maior parcela de eficiência e rapidez dos serviços que recebemos é proveniente da eficiência dos nossos aviões. Nem precisamos lembrar dos casos extremos de resgate aeromédico, transporte de órgãos para transplantes, todavia, há muitos outros como os correios, compensação bancária, compensação de vale refeição e cartões de crédito, jornais e revistas para regiões remotas, encomendas urgentes, peças de reposição, deslocamentos urgentes, viagens a negócios, turismo, pulverização das lavouras, enfim, são inúmeros os casos em que se depende da eficiência dos nossos aviões. E o Brasil possui a segunda maior frota de aviação geral do mundo, a segunda maior frota de helicópteros, aviões agrícolas, aeronaves executivas e a segunda maior infraestrutura aeroportuária do planeta. Se tudo isto parar durante duas semanas imagine o caos que não teríamos. Aliás, já tivemos com o apagão aéreo um aperitivo disto. Porém, quem mais sentiria seriam os executivos. Já pensou um executivo se deslocando num carro ou ônibus de Porto Alegre à Porto Velho para uma reunião de negócios? Lembro sobre a importância do transporte aéreo para cobrar a internacionalização do Aeroporto Jorge Teixeira que só existe de internacional o nome. Qual a razão para tão pouco empenho em internacionalizar nosso aeroporto quanto ele é essencial para a integração latino-americana? Este mês mesmo tivemos a visita de uma comitiva de peruanos que teve de ir até São Paulo para vir à Porto Velho. O mesmo acontece com chilenos e bolivianos. È incrível que o aeroporto internacional de São Luiz viva às moscas, sem turistas e nós, aqui, com uma grande demanda não podemos ter voos internacionais por falta de alfândega. È preciso que nossas lideranças políticas despertem e se mobilizem pelo transporte aéreo que, no nosso caso, exige, impõe uma rápida internacionalização efetiva do aeroporto do Belmont. A integração, a Saída do Pacífico se fará pelas estradas, porém, os executivos para fazer negócios precisam do transporte aéreo, daí, ser imprescindível nosso aeroporto ser internacional diminuindo as distâncias e criando a rapidez e a proximidade indispensável para que nossas relações com os vizinhos se concretizem e se fortaleçam. Internacionalização já!
(*) É Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª e professor da UNIR
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